A programação do domingo do Rock in Rio lembrou a de uma rádio de pop rock que privilegia os hits acima de tudo. Ivete Sangalo deu a largada no palco Mundo tocando bateria e fazendo cosplay de Ziggy Stardust, persona (e música) criada por David Bowie, em 1972. Um medley de funks cariocas entrou no setlist e, de novo, levou a galera ao êxtase. Não à toa, a cantora baiana é recordista em participações no RiR, já foi escalada 16 vezes. Ela entende o caráter midiático e a pluralidade do evento como ninguém.
Fã declarado de Ivete, Dave Matthews também sabe que para agradar é preciso tocar o que o povo quer ouvir e, como de costume, atacou com covers infalíveis de Peter Gabriel, AC/DC e Prince. O relógio já passava das 22h30 quando ele e sua Band entraram no palco e boa parte do público permaneceu sentado. Afinal, era o terceiro dia de festival e, depois de dois dias bastante molhados, finalmente o chão estava seco. A galera se jogou literalmente sobre cangas para esperar a principal atração, Bon Jovi.
Mattias Maxx/Rerodução
Sem o perrengue causado pela chuva nas noites anteriores, a maioria do público permaneceu até o final. Famílias uniformizadas com camisetas do ídolo e roqueiros mais velhos estavam por todas as partes da Cidade do Rock. Bon Jovi não decepcionou quem esperou por ele e mandou hit atrás de hit: "Born to Be My Baby", "Bad Name", "Keep the Faith" e "Bed of Roses", para citar quatro.
Mais cedo, Elza Soares protagonizou o show mais contundente do dia. Ela dividiu o palco com Kell Smith, Jéssica Ellen e As Bahias e a Cozinha Mineira e causou ao pedir para o povo "ir para a rua pelos seus direitos" e a aprender a votar. Foi uma transgressão, já que os artistas são orientados a evitar discursos políticos e, nos dias anteriores, Tico Santa Cruz e Alok tentaram debelar sutilmente o coro dos descontentes com o presidente Bolsonaro.
Contemplação e videogame
Quem buscou um pouco de contemplação e tranquilidade depois de tantas atrações, encontrou o recanto perfeito na videoinstalação "Nave", que ocupa o Velódromo Olímpico. São 15 minutos de espetáculo, que explora temas da natureza e efeitos gráficos abstratos. As imagens são projetadas sobre a pista de formato singular, usada para corrida de bicicletas, e o centro dela, transformado em uma espécie de terreno lunar, com direito a cavidades e imensas "pedras". Uma dica: a melhor vista é a das arquibancadas.
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Ao lado da "Nave" está em cartaz uma peça do grupo argentino Fuerza Bruta, no qual circenses fazem coreografias suspensos por cabos, tendo como referências músicas eternizadas em edições passadas do Rock in Rio.
Na mesma vizinhança, a Game Play Arena apresenta um pout-pourri de sucessos da Game XP, como o palquinho do Let's Dance, um fliperama com várias máquinas de pinball antigas para jogar à vontade e o Pac Man Experience, uma brincadeira para crianças que faz sucesso mesmo entre os adultos. E há ainda lockers para carregar o celular gratuitamente.
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