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Lá Fora

Os lançamentos nos EUA

05.12.2005, às 00H00.

ALL-STAR SUPERMAN 1

Vai dizer que você não sabia que é sensacional?

Só com base nas páginas de preview nas quais Grant Morrison e Frank Quitely contam a origem do Super-Homem em quatro quadros e OITO palavras, já dava pra saber que All-Star Superman seria fantástica. Mesmo com os dois autores bastante recatados - não é a explosão de criatividade de We3, a última colaboração da dupla -, ainda tem mais idéias legais por página que a soma de todos outros gibis do azulão neste mês. Neste ano, provavelmente.

Por coincidência (ou não), a série foi lançada poucos dias antes do teaser de Superman - O retorno. Que cria alguma expectativa, mas é feito para quem só conhece o básico do personagem. Se você é fã dos quadrinhos do homem-de-aço, seu filme está em All-Star Superman. É o que a gente merece.

RODADA DE CANCELAMENTOS

The Intimates, de Joe Casey e Giuseppe Camuncoli, morreu na edição 12. Como já é sua marca registrada, Casey usa a última edição (já fez isso em Deathlok e Wildcats) para contar uma história ainda mais viajante que a das edições passadas. Afinal, não tem ninguém lendo, não é mesmo? De qualquer jeito, não é uma grande perda.

Breach, do ex-chefão da Marvel Bob Harras e do excelente ilustrador Marcos Martin, durou uma edição a menos que Intimates. Fica a lembrança pelo que acabei de dizer: Martin, que lembra o estilo europeu de desenho (mas com narrativa americana), era o destaque. Mas sempre me dava uma coceira sentir que o personagem era uma cópia do Capitão Átomo.

Ao chegar na décima-quinta e última edição, talvez eu tenha entendido o que diabos estava acontecendo com Tim Hunter em The Books of Magick: Life During Wartime. Das duas uma: ou a história era realmente complicada ou eu perdi a vontade de entender lá na primeira edição. Acho que vou de opção B.

TRÊS MINISSÉRIES INÚTEIS E DUAS LEGAIS

Daredevil vs. Punisher é o primeiro trabalho de David Lapham - do genial indie Balas Perdidas - para a Marvel. Lapham anda meio pobre, fazendo frilas também para DC e Top Cow, nenhum muito bom. A coisa se repete aqui - agora com ele tanto no roteiro quanto nos desenhos. Esperava-se que um cara que já foi comparado a Frank Miller conseguisse uma ótima história com Demolidor e Justiceiro. Que nada. É um filme policial dos anos 80, daqueles do Supercine. Mesmo as histórias ruins do Garth Ennis no título atual do Justiceiro batem a mini de Lapham.

Son of Vulcan é sobre um novo herói adolescente criado para juntar-se aos Novos Titãs (mmm, não sei se devia ter contado isso). Sabe história de super-herói adolescente? Um dia é escolhido acidentalmente para ganhar poderes, perde o mentor, reluta em ser herói, tem seu batismo de fogo? Você leu uma, você leu todas. Scott Beatty e Keron Grant não fizeram nada de novo.

Weapon X: Days of Future Now talvez até desperte algum interesse pela mistureba que faz de Dias de um Futuro Esquecido e personagens que Grant Morrison soltou pelo universo mutante. Mas não foge da mediocridade. Só uma desculpa de Frank Tieri (com Bart Sears e Andy Smith) pra fechar (espera-se que para sempre) sua antiga série Arma X.

Do mundinho indie, Banana Sunday é só mais um dos pontos altos que a Oni alcança de vez em quando. Não faz revoluções nos quadrinhos, mas são bons passatempos. É uma história bem bobinha sobre uma garota que é babá de três macacos de outro planeta, cada um com sua característica própria (o superinteligente, o namorador e o destruidor). Root Nibot e Colleen Coover, novatos, deviam ensinar para a Marvel como se faz um título de adolescentes sem soar idiota.

Por fim, Hero Squared, a minissérie que dá continuidade ao especial lançado ano passado, traz o super-herói criado por Keith Giffen e J.M. DeMatteis (desenhos de Joe Abrahams). Capitão Valor, herói de outra dimensão, cai na nossa e descobre que sua contraparte é um sujeito que quer ser diretor de cinema mas não sai da frente do videogame. Como na Liga da Justiça da dupla de escritores, o que interessa é o recheio de diálogos nonsense. É tanto balão que você cansaria de ler - se os caras não soubessem fazer comédia como ninguém. E como sabem.

DMZ e LOCAL

Ano passado, me derreti para Demo, série indie de Brian Wood e Becky Cloonan. Wood acaba de lançar duas novas minisséries: DMZ, pela DC/Vertigo, e Local, pela Oni Press.

DMZ lembra muito Channel Zero, primeiro trabalho do escritor. Ele até ilustra algumas páginas, como fez no seu debute, mas deixa o resto para o italiano Riccardo Burchielli. Trata de um futuro próximo, quando Nova York entrou em guerra civil, e um jornalista perde-se na zona desmilitarizada. Como acho Channel Zero bem chatinha, não levei muita fé nesta nova...

Local, por sua vez, é a continuação de Demo. Só a primeira edição - que lembra bastante o filme Corra, Lola, Corra - já deu vontade de reler infinitas vezes. Como fiz com vários números de Demo. A mini, de 12 edições, promete. Pode ter certeza que vai aparecer de novo na coluna.

E aí? Quem é o verdadeiro Brian Wood? O que escreve manifestos anti-guerra em DMZ ou o dos contos pop de Local? Eu dispensaria o primeiro.

TPBs

Vamos agitar um pouco a Lá Fora. É hora de você investir em algumas boas leituras que estão saindo nos EUA (não está vendo o dólar caindo?). O jeito mais barato é caçar os trade paperbacks ou, para os amigos, TPBs, coletâneas que reúnem minisséries ou arcos de história de alguma série. Vou tentar juntar aqui todo mês os destaques que estão chegando às livrarias.

Os melhores TPBs de novembro:

Chosen (Dark Horse): Mark Millar e Peter Gross fazem uma brincadeira controversa com a volta de Jesus Cristo. Como já disse aqui na coluna, o final não é lá essas coisas. Mas o resto da mini compensa.

Astonishing X-Men vol. 2: Dangerous (Marvel): se você ainda não viu o volume 1, saia atrás dele agora! Joss Whedon e John Cassaday, nas edições 7 a 12 da nova serie mutante, continuam trazendo a tão desejada criatividade de volta aos X-Men.

Ocean (DC/Wildstorm): ficção científica e aventura de qualidade na história de Warren Ellis e Chris Sprouse sobre uma equipe de cientistas que descobre uma raça alienígena adormecida e tem que impedir a Microsof... ops... uma mega-corporação de causar uma catástrofe.

I Can’t Believe It’s Not The Justice League (DC): provavelmente a última vez que você vai ver a Liga da Justiça de Keith Giffen e J.M. DeMatteis (que acabei de elogiar ali em cima). E com as mil expressões faciais de Kevin Maguire, é claro. Junta JLA Classified 4 a 9.

Smax (DC/Wildstorm): Alan Moore fazendo comédia! Com desenhos de Zander Cannon, Smax conta a origem do policial gigante e azul de Top Ten em uma paródia escrachada de Senhor dos Anéis e todos seus RPGs prediletos. E, putz, é Alan Moore!

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