Gilberto Gil, um dos maiores nomes da história da cultura brasileira, participou do segundo dia do Rio2C 2023 e falou sobre sua extensa carreira que abrange música, audiovisual e o comando do Ministério da Cultura. Entre uma fala e outra, o artista analisou a cultura nos últimos anos, que segundo ele foi negligenciada, e o futuro da pasta nas mãos da atual ministra Margareth Menezes.
"O Governo tem que melhorar a escuta aos setores da ativação cultural. Estados e prefeituras precisam aprimorar um diálogo permanente com os fazedores de cultura, com o povo. Tem que haver escuta", diz Gil sobre os passos que o país precisa fazer em relação à cultura. “No caso específico das leis de incentivo, a Rouanet talvez seja a mais emblemática e polêmica e sempre está sujeita ao escrutínio. É com a escuta que os governos saberão como conduzir essas leis.”
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Em seguida, ele tocou no tópico de regulamentação das plataformas digitais na área da cultura: "A regulamentação do streaming se tornou muito complexa na última década [pela forma como eles cresceram]. Aprofundar o sistema regulatório é bem-vindo. A sociedade precisa ter regras claras do que é saudável ou não. Essa é a força do capitalismo moderno, um capitalismo regulado".
Mais cedo, o secretário executivo do MinC, Marcio Tavares, participou da Rio2C e falou um pouco sobre como a pasta vai conduzir a discussão sobre regulamentação do VOD (video on demand) no congresso. Segundo o secretário, “o objetivo é ter as plataformas prosperando, mas junto delas, a nossa janela de exibição e o nosso volume de produção".
"Tenho expectativas muito boas", sobre Margareth no Minc
"Ela vai ter que lutar contra uma dificuldade muito grande, que é a polarização", disse o ex-ministro sobre a atual responsável pelo ministério, Margareth Menezes. "Isso não termina com a eleição. Pelo contrário, ela se intensifica agora, com os adversários do governo, os partidários da oposição cada vez mais entricheirados", analisou.
Para o cantor, sua experiência no ministério foi bem diferente do que deve ser a de Margareth devido ao contexto político do país após a gestão de Jair Bolsonaro.
"Ela vai ter mais dificuldade com o Congresso com uma cota de opositores muito maior que na minha época. A oposição na Câmara dos Deputados, por exemplo, é muito mais significativa hoje em dia. Ao mesmo tempo, ela está preparada", garante.
Num encontro recente com a atual ministra, Gil lhe deu um conselho: prestar atenção à formação dos fóruns de cultura na Câmara e no Senado.
"Na nossa época, formamos bancadas expressivas, que englobavam mais de 300 deputados e mais de 30, 40 senadores. Ela tem que manter esse relacionamento próximo com o Congresso pra garantir a ida e a vinda das ideias do ministério pra lá. No caso dos governos regionais, é mais fácil, porque eles já estão munidos de instituições culturais, secretarias etc. Já têm uma aderência institucional natural com o governo central", disse.
Além da interlocução direta com a Presidência da República, o cantor também recomenda um diálogo permanente com os ministérios chave do governo, como Planejamento, Fazenda e Casa Civil. Tarefa que não deve ser difícil, segundo ele.
"Margareth gosta de trabalhar. Ela tem uma vivência mínima de vida cultural institucionalizada na Bahia, com projetos em parceria com o governos que ela já fazia. E ela é muito atenta. Tenho expectativas muito boas em relação ao desempenho dela", concluiu.
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