Reprodução

Música

Artigo

Iron Maiden incendeia Rock in Rio com show teatral e repertório de clássicos

Banda se apresentou no Palco Mundo no primeiro dia do festival

03.09.2022, às 09H09.
Atualizada em 03.09.2022, ÀS 09H26

Quem vê o mar de camisas pretas se aproximando do Palco Mundo perto do horário do show fica com a impressão de que o Iron Maiden, em sua quinta participação no Rock in Rio, entra em campo com o jogo ganho e a plateia dominada. Até pode ser - Bruce Dickinson e companhia sabem que podem contar com a recepção sempre calorosa dos fãs do Dia do Metal. Mas nem por isso a apresentação dos britânicos é menos eletrizante: parece que a combinação de competência e carisma da banda se fortalece ainda mais com a energia do público. Que o digam Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Janick Gers (guitarra), Adrian Smith (guitarra) e Nicko McBrain (bateria), que tocam diante de milhares de pessoas como se estivessem se divertindo em um ensaio de garagem.

O espetáculo quase teatral que a banda apresentou nesta sexta-feira (2) no Palco Mundo lembra muito o que passou pelo mesmo festival em 2019. Afinal, trata-se da mesma turnê, Legacy of the Beast, retomada após um hiato durante a pandemia e repaginada com a entrada de músicas do álbum mais recente do grupo, Senjutsu, lançado em 2021.

E é com a faixa-título que a Donzela de Ferro dá início ao seu musical particular, com direito a referências visuais ao Japão no cenário e no figurino do integrante não oficial da banda, o mascote Eddie. Figura sempre esperada nos shows, ele surge já de cara com traje de samurai e de espada em punho, para (apenas o primeiro) delírio do público. Ainda nesse clima, o sexteto executa "Stratego" e "The Writing on the Wall", essa última capaz de provocar o primeiro coro da apresentação.

A partir daí, o Iron passeia por sucessos de diferentes fases dos seus 47 anos de carreira, sabendo exatamente o efeito que cada número causa no público. O uso dramático das luzes e dos recursos visuais ajudam Dickinson, dono de uma voz afiada, um fôlego surpreendente e uma impressionante expressão cênica, a contar as histórias de "Revelations" e "Blood Brothers" numa sugerida catedral. No intervalo entre as canções, surge o primeiro "boa noite" em português, a saudação "aos amigos do Brasil" e à "família Maiden de todo o mundo".

A dedicação para entreter os fãs continua, com trocas de roupa e mudanças de cenário, que ganha tons de vermelho e um ar mais macabro. Em "Sign of the Cross", o vocalista veste capa; em "Flight of Icarus", desfila com um lança-chamas a tiracolo ao lado de um Ícaro gigante; e em "Fear of the Dark" encarna um sombrio Fantasma da Ópera carregando uma lanterna.

É nesse ponto que o show atinge o nível de uma catarse coletiva. O fogo, elemento tão presente em cena durante a apresentação, parece bem escolhido para representar a reação do público no bloco final, com "Hallowed Be Thy Name", "The Number of the Beast" e "Iron Maiden". A essa altura, ninguém precisava de uma aparição da bandeira brasileira no palco para se render aos ídolos, mas ela veio, já no bis, em "The Trooper".

Antes da despedida, ainda teve "The Clansman", "Run to the Hills" e "Aces High", mantendo o alto nível até o fim, tanto da intensidade musical quanto das alegorias que surgiam a cada música e eram comemoradas pelos fãs, mesmo não sendo mais surpresa. Quem já tinha visto o show de 2019 não saiu reclamando e é bem provável que queira mais. E, se depender de Dickinson, isso já é certo. "Voltem para casa em segurança. Queremos vê-los vivos e bem no próximo ano", brincou o vocalista.

Setlist

Senjutsu
Stratego
The Writing on the Wall
Revelations
Blood Brothers
Sign of the Cross
Flight of Icarus
Fear of the Dark
Hallowed Be Thy Name
The Number of the Beast
Iron Maiden

Bis:
The Trooper
The Clansman
Run to the Hills
Aces High