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Séries e TV

Crítica

Brooklyn Nine-Nine - 7ª temporada

Temporada acerta no humor e fala sobre a importância de aceitar as mudanças da vida

27.04.2020, às 17H56.

Em um dos episódios da 7ª temporada de Brooklyn Nine-Nine, o protagonista Jake Peralta (Andy Samberg) fica preocupado em estar amadurecendo demais. Jake teme se tornar alguém responsável e totalmente sem graça, ao invés do policial divertido que sempre foi. Essa busca por identidade é um tema constante na temporada, que mantém os bons níveis de humor e foca especialmente na relação entre Jake e Amy (Melissa Fumero).

O casal é o ponto central do ano, especialmente pelas tentativas de Amy em ficar grávida. Isso traz vários temas à tona, como as dificuldades entre o casal, que tem hora certa para fazer sexo, garantindo o período mais fértil, e a difícil relação de Jake com seu pai. No começo, o personagem de Samberg não queria ter filhos exatamente pela figura paterna ausente que teve durante a vida.

Escolher ter um filho com Amy é uma grande prova de amor à ela, mas também um desafio extremo para o personagem. Para ser um bom pai, Jake precisa confrontar seu passado e não se deixar definir por ele. Brooklyn Nine-Nine faz isso com seu humor único, em um episódio que reúne absurdos para dizer que nem sempre é possível mudar a dinâmica de uma família que já existe, mas sempre há caminho novo na família que está começando. O passado de Jake jamais vai mudar, mas ele pode (e vai) dar um futuro diferente para seu filho.

Outro que sente mudanças na pele durante a temporada é Raymond Holt (Andre Braugher), que perdeu o posto de Capitão e foi rebaixado. Nos primeiros episódios, ele precisa obedecer ordens de Peralta pelo bem de uma operação e a inversão de papéis soa estranha para ambos. Holt se sente cansado de ter a mesma ronda todos os dias e precisa encarar um novo momento de sua carreira. E quando a questão do trabalho é resolvida, em um episódio divertidíssimo focado em sua rival Madeline (Kyra Sedgwick), Holt precisa dar tudo de si em uma questão de família.

Dentro dessa trama, Brooklyn Nine-Nine entrega o que pode ser considerada sua melhor cena de ação até hoje, com Holt entrando em confronto direto com alguém que colocou seus amigos e entes queridos em perigo. O trecho é dolorosamente real, com uma trilha-sonora diferente, e faz o público temer de fato pela segurança do Capitão. No entanto, a música da Nine-Nine volta ao final, trazendo de volta o sentimento de que tudo vai ficar bem.

Ao redor destes dois grandes núcleos, a série dá espaço para outros personagens, como Hitchcock (Dirk Blocker), que faz uma festa de divórcio e, ao lado de Scully (Joel McKinnon Miller), protagoniza um belo momento para Amy ao final da temporada; Boyle (Joe Lo Truglio), que tem reações hilárias com a paternidade de Jake e ainda faz seu momento “Rei do Show”; Rosa (Stephanie Beatriz), que entrega uma das melhores disputas de Halloween e Terry (Terry Crews), que já no começo da temporada emociona ao falar do quanto quer que suas filhas o admirem.

O episódio final volta o foco para Jake e Amy, em uma sequência de absurdos que separa os personagens em um momento crucial de suas vidas. E é aqui que o seriado mostra o quanto os dois mudaram e que isso é algo bom. Amy conduz uma situação extrema, que poderia deixá-la insegura no passado, com grande maestria. Ela chama o comando para si quando é necessário e mostra que seus colegas sempre (sempre mesmo) podem contar com ela. Já Jake se vê em um momento difícil e toma a decisão mais madura e difícil, que custará mais para ele, mas é a coisa certa a se fazer. Na verdade, embora goste de brincadeiras entre os colegas, Jake sempre foi um dos nomes mais responsáveis da 99 e a sequência da season finale é apenas mais uma prova.

E tudo isso sem diminuir seu humor característico. Brooklyn Nine-Nine continua boba na medida certa, irônica em momentos oportunos e com tiradas tão rápidas e certeiras que às vezes o público ri de incredulidade em como os atores conseguem entregar tudo isso na mesma cena. Com sua oitava temporada já confirmada, a série prova com seu sétimo ano que está bem longe de acabar. Ainda bem.

Nota do Crítico
Ótimo