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Crítica

Falling Skies - 4ª Temporada | Crítica

Série abraça sua natureza de ficção científica em seu penúltimo ano

03.09.2014, às 20H14.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Após uma fraca terceira temporada, Falling Skies precisava mudar para sobreviver e essa foi a missão do novo showrunner David Eick. Desde o primeiro minuto a quarta temporada apresentou tantas mudanças que cheguei a me perguntar se ainda era a mesma série. O programa passou a abraçar sua natureza de ficção científica de forma muito mais notável e no fim, a temporada acertou mais do que errou.

Logo no começo do primeiro episódio, os personagens são divididos em quatro grupos e cada um se torna uma linha narrativa a ser seguida. Tom (Noah Wyle), Hal (Drew Roy), Capitão Weaver (Will Patton) e Pope (Colin Cunningham) estão num "ghetto", uma cidade-prisão em péssimas condições onde os alienígenas Espheni preparam humanos para uma transformação. Anne (Moon Bloodgood) lidera um grupo tentando sobreviver, enquanto Matt (Maxim Knight) está numa escola Espheni que faz lavagem cerebral nas crianças e. por fim, Ben (Connor Jessup), Maggie (Sarah Carter) e Lourdes (Seychelle Gabriel) se encontram numa pacífica comunidade liderada por Lexi (Scarlett Byrne), agora uma jovem com poderes impressionantes.

Outro elemento que empurra a série mais adentro da ficção científica pura é a presença dos Volm, que aparecem muito mais nessa temporada. Esta outra raça alienígena também está em guerra com os Espheni e sua tecnologia e personalidade são mais aparente agora.

Lexi é a figura central da temporada, ela prega uma sociedade em paz entre humanos e Espheni e boa parte do enredo gira em torno de sua natureza, biologia e ideais. Nem tudo funciona e numa série que até agora procurava ter uma visão "realista" de uma Terra invadida, ver alguém que tem basicamente a mesma galeria da Jean Grey requer uma adaptação, mas funciona. A mudança de identidade foi grande, mas Falling Skies melhorou ao se aventurar em territórios mais estranhos.

O grupo de Tom também oferece alguns dos momentos mais interessantes na temporada. Após todas as suas conquistas, ele está virando uma espécie de lenda e cria até um personagem mascarado para não atrair muito a atenção dos inimigos. O ghetto foi um ambiente que retratou bem a situação crítica da humanidade, nos apresentando um dos personagens mais interessantes da temporada: o africano Dingaan Botha (Treva Etienne). Dingaan é a melhor adição à série desde a chegada dos Volm, tendo apresentado o arco mais satisfatório dos personagens.

Ele ajuda a globalizar a invasão alienígena e mostrar que pessoas de todo o mundo foram afetadas. Do outro lado, os roteiristas continuam sofrendo com Pope. Uma hora ele é um idiota total, na outra ele passa a mostrar mais compaixão, mas logo volta ao estado inicial. A teimosia do personagem, que está presente desde o começo da série, já ficou velha, assim como sua falta de crescimento e desenvolvimento, que o tornam bastante enjoativo.

Boa parte da temporada foca na relação de Tom e Weaver, que a essa altura já viraram melhores amigos. Suas aventuras no meio de um Estados Unidos devastado são divertidas de acompanhar. Os dois cresceram muito ao longo dos episódios e há um elemento de amizade entre eles que cria uma atmosfera relativamente leve - Tom já é o líder estabelecido e Weaver entende e respeita isso.

Anne e seu grupo rapidamente se juntam à outros personagens mas, ao longo da temporada, é possível ver que ela não está mais aceitando calada os problemas que aparecem. Esta é uma Anne muito mais proativa, que não tem medo de esfaquear um Espheni no olho e dar ordens que contradizem Tom e Weaver. Inclusive, é perceptível ver a diversão de Moon Bloodgood no papel.

O arco de Matt não é tão bem trabalhado, a escola que quer fazer lavagem cerebral nas crianças já é um cliché em narrativas que envolvem guerras e a forma com a qual Falling Skies representa a ideia puxa demais de Hitler e do nazismo. Uma coisa é usar de inspiração, mas outra é colocar faixas vermelhas no braço e usar uniformes que parecem demais algo da Segunda Guerra Mundial. Há alguns momentos interessantes com Matt, que já não é mais criança, mas vê-lo se tornar um adolescente irritante não ajudou.

O outro grande problema é o triângulo amoroso entre Hal, Maggie e Ben. Em nenhum momento a relação entre Maggie e Ben é natural ou convincente, tanto que na reta final dos episódios, os roteiristas implementam um elemento que literalmente os fazem ter uma atração um pelo outro. Num momento de transição importante como este, Falling Skies não precisa de problemas de relacionamento.

A série continua com problemas, mas a quarta temporada ajudou a corrigir o rumo que ela havia tomado. Não é tão boa quanto a primeira ou segunda temporadas, mas essa nova identidade apresenta conceitos que não só ajudam a perceber para onde a história pode ir, como também auxiliam os roteiristas a entender do que a série se trata.

Se a pegada de uma visão realista sobre um planeta invadido não estava funcionando, é melhor aceitar a loucura da situação. Após uma fraca terceira temporada, Falling Skies precisava mudar para sobreviver e essa foi a missão de Eick. A série passou a abraçar sua natureza de ficção científica de forma muito mais notável e, finalmente, a temporada acertou mais do que errou.

Nota do Crítico
Bom