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Crítica

Quarto ano de The Boys se concentra no grande final, mas esquece de si próprio

Sem identidade, penúltima temporada da série perde sua razão de existir ao se dedicar unicamente ao seu fim

Pedrinho
18.07.2024, às 08H16.

Consistência é uma palavra fundamental para qualquer produção audiovisual, seja ela um curta-metragem ou uma série de 20 temporadas. Quando mais tempo de tela, mais difícil é manter nível de qualidade e isso fica claro no quarto ano de The Boys. Após três temporadas, a série de Eric Kripke retornou ao Prime Video sem o mesmo brilho de suas antecessoras e focada apenas em ser um início para o vindouro fim da história de seus personagens - afinal, a quinta temporada será a última da produção.

Nos novos episódios, vemos a humanidade à beira da ruína, mas sem que as pessoas comuns sabiam disso. A política Victoria Neuman (Claudia Doumit) está cada vez mais perto da presidência dos EUA, enquanto mantém em segredo seus poderes mutantes - mas, para chegar lá, ela precisa encarar uma enorme pressão de Capitão Pátria (Antony Starr), que age nos bastidores para consolidar seu poder e controlar o país. Já no núcleo de “mocinhos”, Billy Bruto (Karl Urban) ressurge com pouco tempo de vida devido a um câncer em estado avançado, mas nem isso justifica seu retorno ao time The Boys, que cansou das inúmeras mentiras de seu ex-líder. Com todos os personagens vivendo no limite, a série retorna com uma ideia promissora, mas que se inicia de forma extramente arrastada.

Apesar de uma estreia tripla, o quarto ano da série não fez jus às próprias promessa e entregou apenas três horas de conteúdo morno para seus fãs na primeira semana. Insistindo em mortes truculentas e piadas manjadas, a produção retorna sem brilho e aquém da qualidade entregue nas temporadas anteriores. Isso se repete nos episódios seguintes e o enredo da temporada só pega no tranco no sexto capítulo. Essa demora para engatar afasta o penúltimo ano da série da qualidade de seus melhores dias, mas não é seu maior problema.

Pesa mais contra a produção o fato de seu quarto ano se dedicar apenas a traçar os caminhos para o grande final, sem adquirir um propósito próprio e claro. Seja no núcleo dos mocinhos ou dos vilões, cada passo dado na trama gira em torno de eventos que só serão efetivamente realizados na temporada seguinte. Com isso, o quarto ano pena em uma crise de identidade sem fim, apenas remoendo as qualidades que já apresentou sem devolver nada de útil para si mesma.

Ainda assim, vale destaque para o trabalho de Eric Kripke, que se manteve fiel ao seu projeto inicial. Enquanto a temporada não se destaca por feitos próprios, ela mostra que a essência de The Boys se mantém viva mesmo após os cinco anos da produção. As escolhas inesperadas, os temas plenamente alinhados com a contemporaneidade e a constante sátira ao gênero de super-heróis é, de fato, o combustível da produção, e nesses pontos Kripke trabalha muito bem. Essas qualidades que equilibram o jogo e fazem com que os episódios mantenham o espectador minimamente interessado no que passa na tela.

Mesmo com um desenvolvimento arrastado, o quarto ano de The Boys encontra seu fim com um dos melhores episódios da série até aqui. Elevando sua qualidade ao máximo e trazendo doses equilibradas de ação, tensão e apego emocional, a temporada, mesmo que no fim, mitiga a má impressão causada pelos seus episódios iniciais, trilhando um bom caminho rumo ao seu quinto e último ano.

Nota do Crítico
Bom