Quem ouve a potente voz de James Earl Jones nem imagina que, durante a infância, o ator teve de superar um problema sério de gagueira. Mas esse contratempo não impediu Jones de construir uma carreira rica e versátil, que durou mais de 60 anos, desde sua estreia na Broadway em 1958 até seu falecimento, em 9 de setembro de 2024. Considerado um dos atores negros pioneiros de sua geração, James acumulou mais de 80 filmes, 70 créditos em TV e inúmeras peças de teatro, incluindo sucessos da Broadway, que lhe renderam a honra de nomear o antigo Cort Theatre, onde estreou nos palcos, como James Earl Jones Theatre, em 2022.
Jones quase não chegou às artes para se tornar médico, quando começou a cursar a faculdade de Medicina da Universidade de Michigan. Mas a paixão pela interpretação bateu mais forte e ele estreou nos palcos em um pequeno papel na produção Off-Broadway de Wedding in Japan, de 1957. Depois disso, o ator foi ganhando notoriedade na cena teatral, até chamar a atenção de Stanley Kubrick, que proporcionou a estreia de Jones no cinema, em Dr. Fantástico, de 1964.
Impossível falar de James Earl Jones e não mencionar alguns papéis tão marcantes que ele chegou a reprisar diversas vezes. Além de Darth Vader, de Star Wars e Mufasa, de O Rei Leão, ele interpretou o diretor-adjunto da CIA e Vice-Almirante James Greer em três filmes de Jack Ryan: A Caçada ao Outubro Vermelho, de 1990; Jogos Patrióticos, de 1992, e Perigo Real e Imediato, de 1994. E, em um de seus papéis mais recentes, Jones voltou como o Rei Jaffe Joffer na comédia Um Principe em Nova York 2, sequência da comédia de Eddie Murphy de 1988.
Outros personagens notáveis no cinema são o primeiro presidente negro dos Estados Unidos em O Presidente Negro, de 1972; o temido vilão em Conan, o Bárbaro, de 1982; um autor recluso em Campo dos Sonhos, de 1989; um ex-jogador de beisebol cego em O Pequeno Grande Time, de 1993; e um ministro vivendo na África do Sul durante o apartheid em Os Deserdados, de 1995.
Seus créditos na televisão incluem muitos filmes e minisséries como Roots e The Atlanta Child Murders, papéis recorrentes em L.A. Law, Homicide: Life on the Street e Everwood, além de participações em programas como Os Simpsons, Picket Fences, Law & Order, Frasier e House.
Jones foi indicado para quatro prêmios Tony e ganhou dois: em 1969 por interpretar o boxeador Jack Johnson em The Great White Hope (papel que reprisou no filme A Grande Esperança Branca, de 1970, recebendo sua única indicação ao Oscar), e em 1987 pelo papel de Troy Maxson no drama de August Wilson, Fences, vencedor do Prêmio Pulitzer.
Ele foi indicado a oito prêmios Emmy, vencendo dois em 1991, como ator coadjuvante na minissérie Conflito em Los Angeles, sobre os tumultos de Watts de 1965, e como ator principal na série dramática Anjo Maldito, sobre um ex-policial injustamente preso que se torna detetive particular. Foi a primeira vez que um ator ganhou dois Emmys no mesmo ano.
Jones recebeu o Kennedy Center Honor em 2002, o prêmio de Conjunto da Obra do Screen Actors Guild em 2009, um Oscar honorário em 2011 e um Tony de Conjunto da Obra em 2017. Seu Grammy em 1977 por álbum de palavra falada faz de Jones um dos poucos atores a receber um EGOT.