“Sem Halle Berry, este filme não existiria”. As palavras são de Alexandre Aja, diretor do suspense Não Solte!, protagonizado e produzido por Berry - e ele não está falando somente dos investimentos que o nome dela trouxe para o projeto. Em entrevista ao Omelete, o diretor e a estrela contaram por que foi necessário “proteger” a personagem de Berry, uma mãe solteira que busca salvaguardar os filhos em um cenário pós-apocalíptico, de interferências externas.
“Desde o começo da produção, ela assumiu uma posição de quem precisava proteger essa história, e especialmente essa personagem, em todas as suas camadas”, comentou Aja. “Quando você faz um filme no qual muitas vozes estão envolvidas no financiamento, algumas delas sempre pedem que a protagonista seja mais ‘simpática’, menos ‘assustadora’. Ouvindo isso, eu fiquei preocupado que acabaríamos mudando o tom deste lindo roteiro que eu li, e pelo qual me apaixonei - mas Halle chegou e me apoiou em tudo, nos colocamos juntos no caminho dessas exigências, para preservar a personagem que vemos no filme”.
Quando contamos a Berry sobre as palavras do cineasta, ela confirmou sua paixão pela caracterização mais “dura” da personagem no roteiro: “Eu lutei muito para manter a verdade desta mulher, vivendo neste ambiente difícil. Ela é uma mãe amorosa, mas está no meio de uma situação extrema. Ela vai se transformar, se adaptar a essa situação, para poder fazer o que é preciso para cuidar de seus filhos, certo? Para mim, era a chance de interpretar uma mãe diferente das outras que já interpretei, era um desafio para mim mesma: não quero ser ‘amável’. Acho que a busca por ser ‘amável’ é o beijo da morte para um ator, porque você coloca isso acima do serviço ao seu personagem e a quem ele é”.
Não Solte!, é claro, está longe de ser a primeira experiência de Berry na produção - depois de lutar por projetos como Dorothy Dandridge - O Brilho de uma Estrela (telefilme que a revelou, em 1999) e Ferida (2020, que marcou sua estreia na direção), a experiência da estrela por trás das câmeras também foi valiosa para o suspense.
“Criar suas próprias oportunidades, como ator, é muito importante - estou fazendo isso desde o início da carreira, porque aprendi muito cedo que, especialmente sendo uma mulher não-branca, as oportunidades que você quer nem sempre estão lá”, disse ela ao Omelete. “Eu tenho o direito de contar as histórias que são importantes para mim, e Não Solte! é uma delas. Eu li este roteiro e pensei que nunca tinha visto algo parecido antes, principalmente com uma família preta no centro da história. Significava algo para mim, e sei que quando coisas assim chegam até a minha mesa preciso me envolver mais”.
Não Solte! já está em cartaz nos cinemas brasileiros.