Chris Evans, o Capitão América, esteve no Brasil para divulgar a reunião dos super-heróis Marvel, Os Vingadores - The Avengers. Na conversa - nossa segunda com o ator (assista à primeira aqui, da época de Capitão América - O Primeiro Vingador), Evans explicou sua relação com o super-herói, falou sobre o clima no set, as homenagens as fãs, o uniforme e como foi dar ordens a personalidades como Robert Downey Jr. (a quem credita a existência do filme - "sem ele não haveria Os Vingadores", diz) e Scarlett Johansson.
Os Vingadores
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Você já conhecia as histórias dos super-heróis Marvel antes de Capitão América e Os Vingadores?
Eu não as conhecia antes de ter visto os filmes. Não sabia muita coisa sobre o Homem de Ferro antes de ter assistido Homem de Ferro e Homem de Ferro 2, assim como também não sabia muita coisa sobre Thor antes de ter assistido Thor. Já os outros personagens - como por exemplo a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro -, eu tive que pesquisar para conhecê-los. Mas já venho interpretando super-heróis há tanto tempo, já li tantos quadrinhos, que consegui adquirir uma base de informações bem decente.
Joss Whedon disse que todos do elenco tiveram a oportunidade de conversar com ele sobre o roteiro e fazer anotações sobre seus próprios personagens. O que você adicionou ao roteiro?
O filme tem tantos atores tão talentosos, que passaram por tantas experiências, que eu não queria roubar o momento de ninguém. Eu tinha minhas opiniões, mas preferi deixar que Joss comandasse tudo da maneira como achasse melhor. [O produtor] Kevin Feige também; ele mandou muito bem com a franquia do Homem de Ferro, com Thor... e amei o primeiro Capitão América. Como ele estava muito envolvido em Os Vingadores, preferi deixá-los responsáveis pelos detalhes. Eu até tinha alguns comentários sobre a personalidade do Capitão, mas o bom é que Joss revisou o primeiro rascunho do roteiro de Capitão América, então ele já era parte da criação do personagem desde o início. Tivemos muita sorte nisso - eu e ele já sabíamos mais ou menos qual era a direção que queríamos tomar com o Capitão.
Como foi a atmosfera do set de filmagens? Foi divertido ou todos tiveram que controlar seus egos?
Eu definitivamente tinha dúvidas de como seria trabalhar com tantos atores talentosos - e realmente esperava que tudo desse certo. Mas não poderia ter sido melhor. Se a pessoa que está no comando tem uma atitude negativa, todos que estão envolvidos no projeto também terão atitudes negativas. Para mim, Joss e Robert Downey Jr. são duas pessoas extremamente importantes na definição da atmosfera. Downey é o motivo desses filmes estarem acontecendo. Se Homem de Ferro não tivesse dado certo, nada disso existiria. Então ele é meio que o patriarca, o pai de toda essa franquia. Joss, obviamente, é o diretor - o filme tem a visão dele, o roteiro dele e devemos nossa fidelidade a ele. Não só os dois se deram extremamente bem, mas ambos sempre chegavam ao set com uma atitude incrível, eram super divertidos e engraçados. Como resultado disso, todos estavam sempre com um sorriso no rosto. Parecia que estávamos viajando com um grupo de amigos. Os egos ficaram do lado de fora.
Capitão América 2 já recebeu sinal verde, certo?
Sim.
Como você sente em ter vivido o "ideal americano" em dois filmes - e agora em um terceiro?
É bem divertido. Eu pensei muito nisso na hora de considerar o papel: "Será que eu quero interpretar esse cara cinco, seis - ou até mais vezes?" Depois do primeiro filme, achei o personagem incrível. Agora eu tenho vontade de interpretá-lo sempre, ele é uma ótima pessoa. Quando você vive um personagem o dia todo durante vários dias, é inevitável manter algumas qualidades dele. Se você só conta piadas, quando for para casa vai continuar contando piadas; se você está em um filme que exige um ambiente um pouco mais negativo, pode ser que fique deprimido. Steve Rogers é uma ótima pessoa, ele tem como guia morais e valores incríveis... Você acaba se influenciando, querendo se tornar uma pessoa como ele.
Você tem receio do que os fãs mais hardcore podem achar se o filme tiver algum errinho quando comparado às histórias em quadrinhos?
Com certeza. Primeiramente, estamos fazendo esses filmes para os fãs. São eles que compram os ingressos na pré-venda, que vão quatro, cinco vezes ao cinema... Sem essas pessoas, os filmes não funcionariam. Então nós devemos a eles nos manter fiéis às histórias que eles acompanham e conhecem desde pequenos. O bom é que Kevin Feige e Joss Whedon são esse tipo de fã, que cresceram lendo os quadrinhos. Não estamos sendo liderados por pessoas que não sabem do que estão falando - se eles estão felizes com o filme, eu também estou.
É engraçado você dizer isso porque, no filme, o Agente Coulson é mostrado como um nerd - e ele acaba sendo fundamental na reunião dos Vingadores. Eu meio que senti uma homenagem à comunidade de fãs, principalmente quando mostram que ele tem cards colecionáveis, essas coisas...
Sim! Eu não quero revelar muito sobre a trama mas, como um time, nós precisávamos de um empurrão. É ótimo que Coulson tenha uma participação tão importante nisso. Com certeza é uma espécie de homenagem aos fãs hardcore da Marvel.
Em Capitão América, você tinha um uniforme bem funcional, que parecia não te atrapalhar em cenas de ação. Agora, em Os Vingadores, seu uniforme ficou um pouco mais estilizado, parecendo mais rígido e de difícil mobilidade. Fale um pouco sobre isso.
Eles [os produtores] levaram em consideração que o uniforme evoluiria. A primeira roupa era bem utilitária e serviu seu propósito - parecia realmente um uniforme de guerra. O novo uniforme parece um pouco menos com algo que tenha um propósito específico, mas parece bem mais com aquele das HQs. Acho que a influência de Joss pelos quadrinhos o levou a querer um uniforme parecido com aquele que ele via quando criança.
Em Os Vingadores, o governo dos EUA sempre toma as piores decisões.
Verdade. [risos]
Acha que isso foi parte de um plano para fazer com que o filme saisse por cima internacionalmente?
Acho que esse não foi o objetivo, é só que o assunto cria um conflito interessante. O governo é um assunto difícil, porque se todos concordassem politicamente, tudo seria extremamente mais simples. É interessante quando um braço do governo faz alguma coisa que nem sempre é de consenso geral. Não acho que estamos "nos corrigindo" na tentativa de sair por cima internacionalmente, só acho que isso torna a trama mais interessante. Conflito interno e dificuldade dentro de um sistema governamental é, geralmente, bem divertido.
Além de funcionar internacionalmente.
[risos] Além de ganharmos créditos internacionalmente, claro!
Se você pudesse interpretar outro super-herói, quem escolheria?
Eu gosto muito do Homem de Ferro, mas ninguém mais pode interpretá-lo a não ser Downey. É impossível substitui-lo. Mas o Homem de Ferro sempre foi meu favorito.
Você teve que usar expressões dos anos 1940?
[risos] Joss realmente queria que eu... Ele realmente gosta das expressões e do modo de falar dos anos 1940. Eu concordei, mas insisti que, em algum momento, ele teria que se adaptar e perceber que aqueles não são mais os anos 1940 e "se modernizar". Então nós tivemos que entrar em um acordo.
Como você se sentiu podendo dar ordens a Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Scarlett Johansson...?
Foi assustador. Eram tantas personalidades - tanto no elenco como nos personagens... Downey é, assim como o Homem de Ferro, um cara poderoso que faz as coisas em seu próprio ritmo. Ele é extremamente carismático e é difícil olhar para ele e mandá-lo fazer alguma coisa. [risos] Mas esse era meu personagem, esse é o tipo de coisa que o Capitão faz - e acho que Downey sabia que eu estava nervoso de ficar mandando nele. Ele me ajudou muito e sempre deixou claro que eu podia fazer aquelas coisas: "Tudo bem, você pode gritar. Não tem problema. Eu não vou morder." [risos]
Em um filme sem alienígenas ou monstros do mal, qual seria o alvo do Capitão América?
Ele faria o que fosse necessário. Se ele tivesse que lutar contra nazistas na Segunda Guerra Mundial, ele o faria. Se tivesse que se voluntariar no "Bom Prato" e alimentar os sem teto em uma sexta-feira a noite, ele o faria. Ele não precisa sempre estar envolvido com explosões ou questões de vida ou morte, mas ele sempre está atrás de fazer o bem, a coisa certa. Mesmo que não houvesse guerras ou batalhas, ele ajudaria como pudesse.
Os Vingadores - The Avengers estréia em 27 de abril no Brasil.
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