Desde que foi lançada no começo de outubro, Batwoman deixou claro que não demoraria para revelar o mistério sobre a identidade de Alice. Isso foi um alívio, afinal, a série não perdeu muito tempo criando mistérios sem sentido e abriu muitas possibilidades narrativas para o relacionamento de Kate e Alice. Tal conceito é levado ao extremo em “Mine Is a Long and Sad Tale”, que diminui a ação para mostrar o passado da vilã. No entanto, as decisões confusas da heroína-título incomodam.
[Spoilers do episódio “Mine Is a Long and Sad Tale” abaixo]
O episódio começa com Kate atormentada pelas ações da irmã. Embora saiba que Alice é perigosa, ela se recusa a acreditar que ela é capaz de ultrapassar certas linhas. Ao ter esse conceito confrontado, a Batwoman vai atrás da irmã, na única cena de ação do episódio - regada a muito Rock N’ Roll. Até aqui, dá para entender todas as ações de Kane. Ruby Rose vai bem ao demonstrar em sua expressão como tem pena do que aconteceu com Alice/Beth. É o que acontece depois que incomoda.
Kate aprisiona Alice com o objetivo de descobrir a verdade e sai em uma espécie de “road trip” com a irmã algemada ao lado. Tal atitude é, no mínimo, questionável. Por mais que Kate tenha saudades de irmã e um grande trauma pelo acidente que separou as duas, ela sabe que Alice é uma mulher extremamente perigosa. É como se a heroína tivesse esquecido que até sua amada já foi vítima do ódio da vilã e correu risco de vida - dentro dos termos da CW.
Kate parece se cegar quando fica frente à frente com a irmã. O problema é que isso gera uma certa discordância sobre quem a heroína Batwoman é agora. Em certos momentos ela parece extremamente certa do que está fazendo e pronta para fazer o que for necessário, enquanto em outros soa mais ingênua e imatura, caindo em armadilhas clássicas preparadas pela irmã. Talvez se o capítulo tivesse focado mais nos sentimentos de Kate diante da irmã, suas decisões ficassem mais claras, mas o foco em Alice deixa os fãs no escuro sobre o que se passou na cabeça da Batwoman.
Já a história de Alice/Beth é suficientemente interessante, ainda que um pouco caricata. Após o grande acidente de carro, a jovem foi encontrada por um homem que a manteve em cárcere privado. A partir daí, ela foi mantida escondida e foi criada junto com o filho dele, hoje seu cúmplice. Os flashbacks ajudam bastante a entender a personagem. Por exemplo, ela recebeu ainda muito nova o livro de Alice no País das Maravilhas e por isso retirou do livro a inspiração para a personagem que assumiu agora. O episódio acerta ao mostrar que Alice/Beth queria ser encontrada por sua família e culpa Kate por ter não percebido que ela estava viva e tão perto. É um sentimento injusto e exagerado, mas que combina com o trauma que ela viveu.
O episódio termina sem uma grande cena de ação, tão característica das séries da CW. A protagonista continua com sua narração em off para o primo Bruce e deixa claro que ainda é uma heroína em formação, embora a série tenha se apressado demais em querer apresentá-la como uma vigilante completa. Tomara que agora a CW acerte o tom acelerado e faça da Batwoman uma heroína mais coerente com suas próprias decisões.