Assassin’s Creed Shadows tem em uma de suas características de gameplay a possibilidade de alternar entre dois protagonistas: o samurai Yasuke e a shinobi Naoe. Mas inicialmente, a ideia era que um jogo tivesse apenas um protagonista, de acordo com o diretor-associado Simon Lemay-Comtois e a diretora de narrativa Brooke Davies.
A dupla esteve no Brasil para divulgar o lançamento do game e conversou com o Omelete a convite da própria Ubisoft. O título está disponível desde 20 de março para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
“Conceitualmente, quando começamos, não tínhamos dois personagens. Tudo que tínhamos era um conceito de comprometimento. Então, caso você quisesse ir furtivamente, você colocava um equipamento de furtividade, e aí, não voltava atrás quando estivesse em ação. Se quisesse recomeçar, você precisaria sair, mudar seu equipamento, e então voltar”, revela Lemay-Comtois.
No entanto, em testes com jogadores, a ideia não funcionou muito bem e levou á proposta de dividir o gameplay entre dois protagonistas. “(A ideia inicial) era frustrante, mas não chegou exatamente no que queríamos”, relembra. “Se eu pudesse fazer tudo, seria melhor. Assim que dividimos (o gameplay) entre dois personagens, e fizemos o maior contraste possível entre eles em termos de tamanho, agilidade e dano, isso deixou de ser um problema.”
A equipe decidiu criar Naoe e Yasuke depois de chegar no conceito de gameplay, e levou a ideia à equipe de narrativa. “Foi uma oportunidade incrível de trabalho, em termos de narrativa”, completou Davies. “Pessoalmente, amei trabalhar na relação entre Naoe e Yasuke, a amizade que eles construíram, a liga e a comunidade que eles formam. Havia uma linda interseção entre os dois que era, para mim, quase como um terceiro personagem na nossa história e deixou tudo ainda mais divertido.”
Em termos de gameplay, a criação de Naoe e Yasuke também fez o conceito inicial funcionar por completo, de acordo com Lemay-Comtois. “Esses dois personagens contrastam da melhor maneira: em tamanho, em história de vida e origem, em perspectiva. Sendo assim, quando você pega uma armadura de samurai que cabe no Yasuke, não há dúvidas de que ela não é para Naoe, e isso nem entra na sua cabeça. Esse (conceito) fez tudo ficar super fluido (no desenvolvimento).”
A dupla também falou sobre o trabalho de equilibrar a participação de ambos na história. No jogo, Naoe protagoniza as primeiras horas, até que Yasuke entra na aventura e o jogador pode alternar entre personagens da forma que quer. “Nós conseguimos explorar o passado de cada um com flashbacks durante o jogo. Eu diria que isso é bem equilibrado, mas ter um pouco de foco com cada personagem nos dá a oportunidade de explorar suas perspectivas, o que eles trazem consigo e, do ponto inicial de seus arcos narrativos, seu crescimento no decorrer do jogo”, conta Davies.
Lemay-Comtois também complementa com o fato de que a história real de Yasuke abre muito espaço para a introdução de elementos fictícios que se adequam à narrativa. “Não sabemos muito sobre o seu envolvimento na história. Sabe-se muito pouco sobre ele. Então, nos certificamos de que o que se sabe é representado de forma precisa no jogo, mas a partir daí, nosso universo toma conta e mostramos por que ele é uma figura misteriosa na história. É onde colocamos a ficção dentro da história.”