É como uma piada sem graça, que deixa silêncio e arrependimento no ar. O público não ri e tenta entender, o humorista se questiona. Na sua cabeça era engraçado. Ponto Org, longa-metragem de Patrícia Moran, deixa esse gosto. Um filme que deveria ser alguma coisa, ter algum significado, mas parece vazio. Carece de contexto, assim como a piada que só faz sentindo da cabeça de quem conta.
ponto org
Ponto org
A trama envolve três meninos de rua (Agnaldinho, Sarney e Bigode) que são usados por dois roteiristas - Diamantino (o rapper Renegado) e Bárbara (Erika Altemyer) - para registrar a vida dos moradores de rua de São Paulo. Dona Zilda (Teuda Bara), é o foco do documentário dos garotos. Paulo César Pereio faz uma participação como uma espécie de diabo/espírito da cidade grande e José Mojica Marins aperece de relance, como um figurante de luxo.
Misturando projeções de imagens, efeitos de luz, música eletrônica e alguns diálogos soltos, o filme busca refletir sobre tecnologia, desigualdades sociais e os espaços urbanos. Não consegue. O resultado parece datado e o retrato dos moradores rua distante, incapaz de criar uma conexão com o espectador. A impressão que se tem é que, talvez pela formação acadêmica da diretora, Ponto Org foi feito para ser exibido em sala de aula, dando espaço para explicações e pirações semióticas antes e depois da sua exibição.
No cinema, para o espectador comum, Ponto Org não funciona. Nem Pereio, o ator que passou por todas as fases do cinema brasileiro (do Cinema Novo, passando pela Pornochanchada, até a Retomada), consegue salvar o filme nas suas pontuais aparições. Exibido no Festival de Gramado em 2010 e na 34° Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o longa já deveria ter encerrado sua campanha pública, restringindo-se de vez ao meio acadêmico, onde teria o embasamento teórico necessário para não ser desprezado.
Ponto Org | Trailer
Ponto org | Cinemas e Horários
Ano: 2010
País: Brasil
Classificação: 10 anos
Duração: 80 min