No último domingo (5), Matt Reeves teve a oportunidade perfeita de acabar de vez com os rumores de que o Batman de Robert Pattinson iria para o DCU de James Gunn, quem sabe para formar um time com o Superman de David Corenswet. Questionado sobre a ideia, negada por Gunn no passado, o diretor não deu uma definição. "O que o futuro guarda, eu realmente não posso dizer," ele disse. A declaração completa você lê no link abaixo.
A ideia está ganhando tração. Quanto a isso, não há como negar. O próprio Gunn admitiu que, no mínimo, considerou a possibilidade. Olhando puramente para os fatos, não há muita razão para se crer nisso. Há um filme do Batman planejado para o DCU, The Brave and the Bold, com Andy Muschietti (Flash, It - A Coisa) na direção, e este traria um Bruce Wayne já pai, atuando ao lado do Robin de Damian Wayne, seu filho.
Tudo isso anularia a ideia. O Batman de Pattinson está no começo de sua carreira. Muschietti, até onde sabemos, segue à frente de The Brave and the Bold. A questão, porém, é que há muito pouco definido sobre o DCU, e se tratando do Batman, nada sabemos de concreto além de sua existência, já confirmada com a primeira aparição do herói em Comando das Criaturas. Em outras palavras, se Gunn e Peter Safran, o outro CEO do DC Studios, decidirem alterar o curso das coisas, há tempo o suficiente para executar mudanças — especialmente agora que Batman Parte II foi para 2027.
Mas, mesmo como alguém que adorou Batman e que, após acompanhar de perto a produção de Superman, passar a acreditar na direção criativa do projeto, eu não consigo me convencer de que isso é uma boa ideia.
Por que trazer o Batman de Robert Pattinson ao DC é uma má ideia
Não uso como argumento as questões citadas acima. O DCU é basicamente um quadro em branco, e há mais de dois anos até o próximo Batman. Gunn e Reeves claramente se dão bem (Reeves já está atrelado como produtor de dois filmes relacionados a Batman no DC Studios; Cara-de-Barro e Dynamic Duo), então creio que eles dariam um jeito, mas a abordagem estética e narrativa de seus projetos não podiam ser mais opostas.
O Superman de Gunn parece colorido, fantástico e totalmente firmado na mitologia e visuais dos quadrinhos. O trailer começa com Krypto, o Supercão! Ver tudo isso em relação a um personagem que nunca ganhou uma adaptação plenamente fiel de suas histórias tem sido refrescante e empolgante para um fã dos quadrinhos. Com isso, não quero dizer que Reeves tem vergonha dos quadrinhos ou coisa do tipo, mas sua empreitada é realista ao ponto de fazer a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan, com um Batman com acesso a tanques de guerras e naves voadoras, parecer exagerada.
Na mão de Reeves, vilões como o Charada e Pinguim são pautados em conceitos mais modernos — serial killers e traficantes — enquanto Gunn parece mirar em algo mais atemporal com Superman. É verdade, o jogo entre luz e sombras é o que faz Superman e Batman um par tão curioso e interessante nos quadrinhos. Cinema, porém, é um meio diferente, e mesmo que o DCU dê mais liberdade aos diretores e deixe cada as características de cada personagem informarem o tom de cada projeto, a existência de uma gama de revistas diferentes nos quadrinhos oferece mais espaço para variedade e invenção. Quer fazer algo mais realista? Cria-se uma nova linha, como os quadrinhos Terra Um. Batman de Matt Reeves, como quadrinhos de diferentes selos da DC Comics, faz todo o sentido como uma história Elseworlds.
Há um choque de estilo se o Battinson for para o DCU, e este também anularia a oportunidade de ver, um dia, um Batman mais ousado. Parte do que deixa The Brave and the Bold empolgante é a ideia de ver um Batman igualmente envolto nos conceitos mais absurdos e divertidos dos quadrinhos. Robin! Cueca por cima da calça! Aparatos que fazem praticamente tudo! A Batfamília! Por aí vai. Do uniforme à cidade, Batman de Matt Reeves foi pensado para existir como reflexo da realidade. Metrópolis, por outro lado, fará parte de um universo que definitivamente não é o nosso.
Por que trazer o Batman de Robert Pattinson ao DC é uma boa ideia
E agora, caro leitor, permita-me oferecer um argumento contra mim mesmo. Há uma exceção para minha opinião, e ela tem tudo a ver com a realidade da DC nos cinemas. Com a exceção justamente do Batman de 2022, nada deu certo nas tentativas da Warner Bros. de adaptar heróis da DC. Filmes de qualidade aceitável, como Besouro Azul, foram fracassos de bilheteria, grandes esperanças como Flash não vingaram, Adão Negro foi um desastre e Coringa: Delírio a Dois decepcionou pratiamente todos.
Em outras palavras: a DC tem, no momento, uma garantia. Batman. Do faturamento à recepção, o filme foi um sucesso. Se Superman der errado, trazer esta versão do personagem, que para além de tudo tem uma grande estrela atrelada, significaria fortalecer o posicionamento do DCU com algo já garantido. Se Superman der certo, a ideia segue valendo. Com um bom Superman e um bom Batman, a DC teria os dois principais fundamentos de seu universo (e seu apelo comercial) resolvidos pela primeira vez na história (desculpem, Snydetes).
Quão importante foi para a Saga do Infinito ter pilares confiáveis no Homem de Ferro de Robert Downey Jr. e no Capitão América de Chris Evans? Quão devastadora tem sido sua ausência para a Saga do Multiverso? A Marvel não está trazendo os dois de volta por nada.
Gunn já admitiu que há uma quantidade enorme de pressão em cima de Superman e do seu DCU. Todas as outras propostas do CEO da Warner, David Zaslav, deram errado. Não é um exagero dizer que a empresa, como conhecemos, depende de sua principal marca. Trazer este Batman para dentro de seu teto daria a James Gunn mais espaço para respirar, e daria aos fãs uma versão do personagem amplamente popular e bem-recebida. Isto pode ser uma tentação forte demais para resistir.