Todo mundo lembrou de respirar? O penúltimo episódio de Comando das Criaturas é o mais frenético da série criada por James Gunn até então, e não no bom sentido da palavra. Entre apresentar a origem do Dr. Fósforo (Alan Tudyk), desenvolver a amizade entre a Noiva (Indira Varma) e Nina (Zoë Chao), e nos atualizar das aventuras dos outros personagens, o capítulo parece cortar de um núcleo para o outro a cada dois minutos.
A montagem deixa o episódio picotado demais. O uso de flashbacks, em especial, tem sido irregular durante toda a série. Há algumas semanas, elogiamos como as cenas do passado da Doninha (Sean Gunn) ganharam espaço para respirar dentro do capítulo, mas aqui, o passado profundamente traumático (e um tanto quanto clichê) de Fósforo sofre por conta do ritmo. Claro, é legal ver Rupert Thorne (Ben Davis) e passear pela primeira vez na Gotham do DCU, culminando com a primeira aparição (sem contar visões de um possível futuro) do Batman, que vem numa grande referência a Batman: A Série Animada.
Mas a dinâmica do cientista que aceita dinheiro de criminosos para financiar seu projeto e sofre as consequências disso sofre com o pouco tempo de tela, e dado o material chocante deste flashback – a morte da esposa de Fósforo é genuinamente perturbadora – seria ideal ter mais chances de sentir o peso dos acontecimentos. Novamente, o personagem se destaca pelo visual, e suas interações com uma garotinha que é a cara de sua filha no presente oferecem uma boa dose de emoção.
Falando em garotinhas com rosto parecido, Doninha segue se destacando como um personagem surpreendentemente comovente, e abandona o que poderia ser um ótimo lar – ele acaba sendo aceito por uma alcateia local – ao perceber a semelhança entre a menina que ele tentou salvar no incêndio e a Princesa Ilana (Maria Bakalova). Ele não quer ver outra morte.
A monarca, esse episódio, novamente, não sugere maldade da parte dela. Como descobrimos o envolvimento do Cara-de-Barro (Tudyk) no que parece ser um plano de Circe (Anya Charlota) para enganar as Criaturas, realmente parece que ela é inocente. Eu, porém, sigo achando tudo isso simples demais. Gunn deve ter uma carta na manga.
Descobriremos semana que vem, já que todos (exceto o Rick Flag Sr. de Frank Grillo, que está em coma – aliás, bom ver a série tratando com seriedade o resultado de uma luta entre um humano e um metahumano) estão a caminho do palácio. A Noiva e Nina chegam lá depois de passar a noite numa casa de entretenimento adulto, onde temos um vai-e-vem divertido entre elas e as trabalhadoras locais, em especial por destacar o quão intensa a Srta. Frankenstein pode ser. Já Eric Frankenstein (David Harbour) segue hilário e maluco da cabeça, assassinando a tripulação de um voo privado ao Pokolistão mas pagando o piloto (com dinheiro do morto) uma baita quantia pela viagem.
O confronto final se aproxima, e pelo visto será bem bagunçado. Ainda precisamos ver a origem de Nina no próximo capítulo, e com sorte haverá um trabalho melhor de montagem e fluxo no finale. O penúltimo episódio de Comando das Criaturas tem seus momentos – Doninha, Fósforo e a Noiva protagonizam alguns deles – mas eles são asfixiados pela correria.