Aqui estamos com a primeira produção do DC Studios de James Gunn (e Peter Safran, mas sabemos quem é o líder criativo da empreitada). Comando das Criaturas é imediatamente a cara de seu criador e roteirista, e humor, proposta e dinâmica do primeiro episódio serão familiares para quem assistiu o ótimo O Esquadrão Suicida.
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Na verdade, talvez tudo isso seja familiar demais. Da missão no exterior envolvendo monarcas e políticos ao uso do choque no lugar das bombas na cabeça, Creature Commandos não precisa repetir personagens como a Doninha (Sean Gunn) ou Amanda Waller (Viola Davis) para trazer à memória a aventura da Task Force X dirigida por Gunn nos cinemas. A animação até reconhece isso num diálogo entre Waller e Rick Flag Sr. (Frank Grillo) – que, de quebra, confirma Pacificador e O Esquadrão Suicida como cânones no DCU – e faz sentido que Waller busque manter um grupo do tipo em atividade.
Mas agora comandando a Task Force M (de monstros, claro), Gunn precisa encontrar o que faz essa animação ser algo único. Isso começa com a caracterização de Rick Flag, que não parece interessado em torturar os monstros, mas sim em ganhar sua lealdade, e passa pela escolha do meio através do qual essa história está sendo contada.
O estilo de animação não é particularmente incrível, mas os traços fortes e desenhos exagerados condizem com uma história populada por personagens como a Noiva Frankenstein (Indira Varma), Dr. Fósforo (Alan Tudyk) e Nina Mazrusky (Zöe Chao), que em live-action ou demandam uma boa dose de CG, ou teriam maquiagens que nem sempre funcionam. Visualmente, eles rapidamente se mostram em casa.
Ao citar o elenco, propositalmente deixei de fora o personagem que, à primeira vista, arrisca roubar o holofote. Como nos outros grupos que adaptou, Gunn sempre constrói um coadjuvante que parece destinado a roubar o holofote e carinho do público, em especial por ser um repositório de ótimas piadas. Nesse caso, o prêmio já tem nome: G.I. Robot. O personagem, também dublado por Sean Gunn, e sua insistência em ver tudo pelo viés de matar nazistas (francamente, não é uma perspectiva ruim) rende algumas boas risadas nesse episódio inicial. A atuação do Gunn mais novo, entregando as falas de forma apropriadamente robótica, dá um tempero a mais maravilhoso para esse ex-soldado.
Mas nem toda piada deste episódio funciona. A ideia de que um grupo de incels está seguindo a vilã Circe (Anya Charlota) porque a amazona prometeu que eles poderão pisar em na ilha de Temiscira se a ajudarem a roubar o trono é cômica, mas a execução das piadas que puxam os típicos gritos desses homens sobre a cultura “woke” precisa de um texto mais interessante.
De qualquer forma, a oportunidade para aprimorar isso, assim como a de colocar esse grupo de otários, que certamente inclui um neonazista, na frente do G.I. Robot deve vir agora que a Task Force M partiu para o Pokolistão, um país fictício no leste europeu onde devem caçar Circe e proteger a princesa Ilana Rostovic (Maria Bakalova), cheia de tesão e (se a intuição da Noiva estiver correta) segundas intenções.