Minhas Aventuras com o Superman

Créditos da imagem: HBO Max/Adult Swim/Diculgação

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Minhas Aventuras com o Superman é presente para nossa criança interior

Infantil sem ser boba, nova animação usa estética de anime para apresentar o kryptoniano a um novo público

Omelete
4 min de leitura
Nico
13.07.2023, às 16H53.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H45

Depois de anos vendo desconstruções desnecessárias e repetições da clássica — mas péssima — A Morte do Superman por mais de uma década em todas as mídias possíveis, o Superman passa já há um tempo por um retorno às suas origens mais inocentes e otimistas. Se Superman & Lois e Superman: O Homem do Amanhã já reapresentaram esse conceito original para adultos e adolescentes, agora é a vez do público infanto-juvenil participar da colorida redescoberta do Homem de Aço com Minhas Aventuras com o Superman, nova animação da HBO Max. Usando estética e dinâmicas de anime, o desenho busca levar o herói mais importante da DC Comics a uma geração que, cada vez mais, se vê atraída por shonens e histórias de slice of life.

Em seus primeiros dois episódios, já disponíveis no streaming, a produção navega entre esses dois gêneros do anime de forma bem natural. Destacando as relações de um jovem e ainda inexperiente Clark Kent (Jack Quaid), Minhas Aventuras com o Superman entende que grande parte do brilho do personagem está em seu carinho pela humanidade e na vontade de fazer parte dela. Do nervosismo para começar um novo trabalho ao importante papel de seus pais na formação de seu caráter, o ainda-não-tão-Superman tem na série uma de suas versões mais relacionáveis desde a icônica animação de 1996.

O mesmo pode ser dito da jovem, mas já bem obstinada, Lois Lane (Alice Lee). Apresentada ainda como estagiária do Planeta Diário, a repórter mantém sua típica personalidade expansiva e decidida, tornando-a o oposto e — por que não — complemento perfeito para essa versão nervosa e trapalhona de Clark. Apoiados num roteiro dinâmico, o futuro casal apresenta uma dinâmica de comédia romântica inocente logo de cara e, ainda que o tropo dos opostos se atraindo seja mais velho que andar para frente, existe um certo charme em ver os dois focas se apaixonando e não sabendo como reagir a esses sentimentos.

Minhas Aventuras com o Superman também traz o casamento perfeito entre a estética de anime e a vida dupla de seu protagonista. Da mesma forma que deixa as cenas entre Clark, Lois e Jimmy Olsen (Ishmael Sahid) mais charmosas e fofas, destacando a amizade imediata do trio, o traço proporciona, pelo menos nos dois primeiros capítulos, cenas de ação ágeis e bem planejadas. Ainda que nada grandiosas neste primeiro momento, essas sequências não fazem feio nem quando comparadas a batalhas em menor escala de clássicos como One Piece, Hunter x Hunter ou mesmo Naruto.

O traço não é única coisa que Minhas Aventuras com o Superman usa de inspiração das animações asiáticas. A série ainda conta com algumas elementos bem típicos dos animes, incluindo mechas, escaladas de poder repentinas e transformações performáticas e escandalosas. O uso de alguns desses tropos é mais inspirado do que outros — a primeira vez que o Superman veste seu traje, por exemplo, tem uma graça própria, enquanto os robôs gigantes enfrentados por ele são genéricos, para dizer o mínimo.

Esse problema de designs pouco inspirados, inclusive, afeta os dois primeiros antagonistas apresentados pela série. Slade (Chris Parnell) e Curto-Circuito (Zehra Fazal), por exemplo, pouco se assemelham às suas versões mais icônicas e se confundiriam com extrema facilidade aos elencos de My Hero Academia e Cyberpunk: Edgerunners. Por mais criativos que sejam as novas versões do trio protagonista, Clark, Lois e Jimmy seguem reconhecíveis, tanto em aparência quanto em personalidade, algo que não se pode dizer da maioria do elenco coadjuvante até agora.

A série também, às vezes, se aproveita de algumas resoluções simplistas até quando levamos em consideração seu foco no público infantil. Embora nunca subestime a inteligência de seu público, Minhas Aventuras com o Superman se beneficiaria se dedicasse um ou dois minutos a mais na conclusão de suas subtramas. Claro, a transformação de Clark em Superman já foi muito bem explorada em diferentes produções ao longo do anos, mas a familiaridade com a história não deveria servir como muleta para justificar a aparente pressa em encerrar alguns núcleos.

Neste primeiro momento, Minhas Aventuras com o Superman surge como mais uma boa atualização do Azulão para o século XXI. A honestidade, otimismo e brilho do desenho refletem as características básicas que o personagem mantém há mais de 80 anos e, apesar de um ou outro percalço, já mostra potencial para mudar a visão que a Geração Z criou do personagem após alguns anos de descaracterização.

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