Superman/Grandes Astros Superman

Créditos da imagem: James Gunn/Instagram/Reprodução/DC Comics/Divulgação

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Símbolo do novo Superman é último prego no caixão do Azulão sombrio e realista

Escudo referencia Reino do Amanhã, crítica de Mark Waid à popularização de anti-heróis violentos nos anos 1990

Omelete
5 min de leitura
Nico
01.03.2024, às 16H13.
Atualizada em 13.03.2024, ÀS 01H33

O símbolo do novo Superman (ex-Superman: Legacy) está entre nós! Para celebrar o aniversário do Homem de Aço, comemorado em 29 de fevereiro, James Gunn, diretor e roteirista do novo longa, revelou o escudo que estampará o peitoral de David Corenswet em 2025. Conforme já adiantado há alguns dias por Isabella Merced, que viverá a Mulher-Gavião, o novo emblema tem clara inspiração na versão usada pelo Azulão em Reino do Amanhã, de Mark Waid e Alex Ross. Caso o filme mantenha a aura do clássico da DC Comics, o novo “S” marca mais do que apenas o início de uma nova franquia do personagem: ele simboliza a tão aguardada “morte” da encarnação sombria e realista que tanto incomodou fãs do kryptoniano no DCEU.

Antes de entrar no novo emblema e seu significado, uma brevíssima contextualização de sua origem. Com a fundação da Image Comics em 1992, quadrinistas de renome começaram a lançar anti-heróis originais, bem mais violentos e inescrupulosos que os elencos de DC e Marvel e inspirados na atmosfera mais cínica da Era de Bronze dos Quadrinhos. Para competir com a nova rival, as Duas Grandes passaram a investir em histórias cada vez mais sombrias e em personagens de visuais e atitudes “radicais”. Não por acaso, o selo do Homem de Aço decidiu, no mesmo ano, matá-lo no icônico, porém menos que medíocre, A Morte do Superman, evento que teve histórias assinadas por Dan Jurgens, Louise Simonson, Jerry Ordway e Roger Stern. A ideia da editora, além de aumentar as vendas, era atualizar o Superman, que retornou do mundo dos mortos com algumas das histórias mais questionáveis que ele já estrelou.

Em 1996, esse movimento de atualização e brutalização de heróis clássicos estava a todo vapor, com personagens como Cable, Carnificina e Devota ganhando destaque, e até o Batman acabou substituído por uma versão “extrema” após os eventos de A Queda do Morcego. Olhando para este cenário, Waid escreveu Reino do Amanhã, um manifesto pelo retorno dos heróis esperançosos e iluminados, que valorizavam a vida acima de qualquer outra coisa. Na HQ, Clark Kent e a maior parte da Liga da Justiça se aposentam após acreditarem ter se tornado obsoletos frente a uma nova geração mais violenta de heróis, que conquistaram apoio público por dar fim definitivo às carreiras de grandes vilões. O kryptoniano precisa voltar a vestir o collant, no entanto, quando um grupo de heróis tenta atacar o vilão Parasita, em uma ação mal planejada que resulta na morte de milhões.

A partir daí, Waid retorna o Superman à sua posição de exemplo para os outros heróis, com o Azulão mostrando que o verdadeiro heroísmo está em inspirar e dar esperança às pessoas, procurando sempre uma resolução pacífica para diferentes conflitos. Usando o mesmo símbolo desenhado por Alex Ross na saga, o filme de James Gunn promete uma posição semelhante à do clássico das páginas, comprometendo-se a esquecer do retrato melancólico e destrutivo criado por Zack Snyder.

Em entrevista concedida ao Omelete em 2020, Waid explicou por que não acredita que retratar o Superman como uma das figuras anti-heroicas dos anos 1990 faz algum sentido. “Se você for o homem mais poderoso do mundo, não há motivo para ser violento, a não ser que você seja só mais um valentão. Pessoas ficam raivosas e violentas quando se sentem indefesas, ameaçadas, ou quando estão em perigo, e Superman geralmente não se sente assim.” Para o autor, usar o Homem de Aço como uma figura violenta, como visto em Liga da Justiça de Zack Snyder e na série de games e gibis Injustice, é um atalho pouco inspirado e nada desafiador para autores e público. “Qualquer um pode fazer isso, e eu escolho não fazê-lo. Prefiro me concentrar em personagens que não são violentos por natureza, porque isso não te deixa enxergá-los direito”, disse ele à época.

Gunn já vinha dando muitas dicas sobre a abordagem que traria a Superman. Logo que anunciou o longa, o cineasta indicou DC Grandes Astros: Superman como uma das histórias que influenciaram seu roteiro. Na HQ de Grant Morrison e Frank Quitely, o Homem de Aço descobre que morrerá em breve. Ainda assim, o quadrinho tem uma aura otimista e colorida, que mistura a insanidade da Era de Prata aos questionamentos éticos da Era Moderna.

Sozinha, esta indicação de Gunn de já sugeria uma grande possibilidade de o novo DCU abandonar o semi-deus destrutivo e choroso de Snyder para resgatar a figura calorosa que há mais de oito décadas encanta os leitores da DC. Somando-se isso ao novo símbolo e à já revelada participação dos anti-heróis do The Authority, é de se esperar que o diretor de Pacificador reproduza à sua maneira a crítica de Waid e tente, com seu Superman, resgatar o maravilhamento do público para com produções de herói, que hoje saturam o mercado da cultura pop.

Oficialmente, o Superman cinzento e depressivo está “morto” desde que Gunn e Peter Safran assumiram o posto de co-presidentes do DC Studios. Trazer esse novo símbolo, que remete a uma das maiores homenagens aos heróis “puros” e valorosos da Era de Ouro, nada mais é do que o prego final num caixão metafórico que já deveria ter sido enterrado permanentemente lá em 1996. Por mais que não tenhamos nenhum detalhe real sobre o novo Superman, sua primeira imagem pelo menos já dá aos fãs do verdadeiro Homem de Aço a esperança que Reino do Amanhã devolveu ao mundo dos heróis há quase três décadas.

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