Depois de uma terceira temporada em que precisou se apoiar em participações especiais de um elenco estrelado (Meryl Streep, Paul Rudd, Jesse Williams) para se manter, Only Murders in the Building retorna às raízes em seu quarto ano. Nos primeiros cinco episódios da nova leva, a série corrige erros cruciais que cometeu no último ano.
O primeiro deles era essencial: a produção agora volta a deixar o trio protagonista de Selena Gomez, Steve Martin e Martin Short brilhar juntos. No terceiro ano, vimos os três personagens em jornadas individuais que os deixou separados em grande parte das cenas. O problema é que o grande trunfo de Only Murders é justamente a interação entre eles.
Quando bem construída, a relação entre Mabel (Gomez), Oliver (Short) e Charles (Martin) quase faz a gente esquecer que há um mistério a ser resolvido. O divertido é assistir enquanto eles tiram sarro da cara um do outro, apontam seus principais defeitos, mas também se apoiam nos momentos necessários. E a nova leva de episódios volta a priorizar isso.
Principal estrela convidada da terceira temporada, Meryl Streep até volta para algumas cenas, mas principalmente pelo relacionamento de sua personagem com Oliver ser importante para o desenvolvimento dele. E, claro, também há a grande carta na manga do enredo: agora, o Paramount Studios quer transformar o podcast do trio em um filme. Para isso, eles vão para Los Angeles para algumas cenas e temos a escalação de Eugene Levy, Eva Longoria e Zach Galifianakis (em versões mais exageradas de si mesmos) para interpretá-los.
As dinâmicas entre cada um com seus respectivos personagens são divertidas, mas contidas, sem nunca ultrapassar o protagonismo do trio. Vale ressaltar que, apesar de grande parte da divulgação da série ter se baseado na ida deles para Los Angeles, Nova York continua sendo o principal cenário da história. Afinal, é lá que o assassinato da vez ocorre.
Desta vez, vamos acompanhar a investigação da morte de Sazz (Jane Lynch), dublê oficial de Charles que aparece desde a primeira temporada. De primeira, já é um mistério bem mais comovente que o assassinato de Ben Glenroy (Rudd) no ano anterior. Agora, estamos lidando com uma personagem que conhecemos e com a qual já temos uma certa ligação emocional.
A conexão, no entanto, fica ainda maior através do modo com que a direção de John Hoffman apresenta o sofrimento do personagem de Steve Martin. Ele está determinado a resolver o caso não para o podcast, mas para vingar uma de suas poucas amigas e também descobrir se a morte estava realmente destinada a ela, ou se o assassino queria matá-lo e cometeu um engano.
É comovente, claro, mas se tem uma coisa que Only Murders in the Building consegue fazer bem é focar na comédia, que continua afiada em seu quarto ano. Os episódios são lançados semanalmente às terças-feiras, no Disney+.
