Existem cineastas cuja filmografia quase integral se fez conhecer mundialmente através do Festival de Cannes, o que os torna xodós da casa, como é o caso do turco Nuri Bilge Ceylan. Aos 59 anos, o ator e diretor teve seis filmes exibidos aqui em anos anteriores e chegou a ganhar a Palma de Ouro, em 2014, com Sono de Inverno.
Dada sua fidelidade ao evento, ele foi escalado para fechar a seleção competitiva deste ano com um doloroso conto moral que faz dele o favorito à láurea de melhor roteiro: The Wild Pear Tree. Sua sessão para a crítica terminou com uma das mais calorosas salvas de aplauao deste festival.
Na trama, o jovem recém-formado Sinan (Dogu Demirkol) volta para a casa dos pais, numa zona rural, a fim de escrever um romance e realizar seu sonho de ser escritor. Porém, ao regressar, ele se dá conta do quanto a figura de seu pai, Idris (Murat Cemcir), um professor em vias de se aposentar, é um fardo na sua vida e na de sua mãe (Bennu Yildirimlar, numa das muitas boas atuações femininas desta edição de Cannes).
Apesar de longuíssimo, o filme se mantém firme na tela pelo rigor dos enquadramentos de Ceylan e pela dimensão trágica dos diálogos.
A premiação será realizada neste sábado, pelo júri presidido pela atriz australiana Cate Blanchett. Capharnaüm, de Nadine Labaki, e BlackKklansman, de Spike Lee, são os favoritos.