Uma coprodução entre o Brasil e os EUA, Night Moves surgiu do desejo de ambientar um filme em uma fazenda de orgânicos no estado do Oregon, nos EUA. Mas a intenção inicialmente plástica, bucólica, logo deu lugar no roteiro de Kelly Reichardt e Jon Raymond a um cadenciado suspense.
O filme acompanha três ativistas extremistas em sua preparação de um atentado ecoterrorista. A primeira metade do longa é quase um "procedural", em que se observam as engrenagens de um plano bem elaborado em funcionamento. Mas nem tudo parece totalmente à prova de falhas, já que aos poucos surgem indícios de que a pretendida explosão de uma barragem pode gerar complicadores imprevistos.
Night Moves
A construção da tensão é precisa e apoia-se nas performances de Jesse Eisenberg (A Rede Social), Dakota Fanning (Runaways) e Peter Sarsgaard (Educação). Os dois primeiros interpretam jovens inquietos com a destruição do planeta, que decidem arregaçar as mangas e agir. Já Sasgaard vive o cérebro por trás do plano, um ex-militar que parece mais interessado na oportunidade de usar explosivos novamente do que na ecologia em si.
Reichardt dirige e edita o filme com absoluta precisão. Ela sabe que personagem seguir e em que momento - e a hora de abandoná-lo -, construindo relações com parcimônia, preferindo focar-se muitas vezes em momentos de silêncio, especialmente no caso de Eisenberg, que pouco fala no filme. O resultado é instigante e há sequências enervantes, como a que começa com o barco no escuro, com a represa surgindo como um leviatã sobre as águas.
A segunda metade do suspense lida com as consequências do ato realizado, em uma interessante discussão sobre extremismo e responsabilidade. E a deixa no ar, em um brilhante anti-clímax. Para Kelly Reichard, se a pegada é ecológica ou social, não importa. Há que se olhar para trás de qualquer maneira.
Acompanhe as críticas do Festival do Rio 2013
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: 12 anos
Duração: 112 min