Aquaman nunca foi o herói mais popular da DC. A primeira capa do personagem só veio 19 anos depois da sua criação e a sua primeira revista própria estreou apenas em 1962, 21 anos depois da sua chegada aos quadrinhos (saiba mais). Foi a passagem pelos Superamigos, porém, que transformou o Rei dos Mares em fonte de piadas (veja alguns exemplos na galeria no final do texto). A animação da década de 70 limitou as suas contribuições heroicas ao mar e suas próximas décadas nas HQs foram dedicadas a reinvenção, incluindo a famosa fase "herói louco e sem mão" de Peter David (conheça), para salvá-lo dos “problemas com peixes”.
Porém, foi só na passagem de 2012 para 2013, quando Ivan Reis assumiu o personagem nos Novos 52, é que Aquaman renasceu para uma nova era. O quadrinista brasileiro, recém saído do sucesso em "A Noite mais Densa” e “O Dia Mais Claro”, propôs à DC Comics trabalhar em uma série ao lado de Joe Prado. A editora achou que era brincadeira, mas Geoff Johns topou o desafio de “fazer Aquaman cavalgar um cavalo marinho sem parecer ridículo". O resultado foi surpreendente, com uma das fases de maior sucesso do herói. "Não adianta você mudar o visual de um personagem com quem ninguém se importa. As pessoas têm que amar o clássico", explicou Reis durante sua passagem pela CCXP 2016 (leia mais). A nova versão de Aquaman deu origem a “Trono de Atlântida” (conheça), arco que deve ser uma das principais inspirações para o filme que estreia em dezembro.
James Wan, o diretor que levará a história de Aquaman para as telas, também precisou provar para o estúdio o potencial que via no herói: “Como todos sabemos, Aquaman é alvo de piadas no mundo dos super-heróis. Há algo legal sobre isso. Amo a ideia de ser o azarão, chegando com uma visão para esse personagem azarão e surpreender completamente as expectativas das pessoas. Tipo, 'Ah, você pensava que ele seria um personagem incompetente? Não, não, não. Ele vai ser tão legal" - leia mais. A escalação de Jason Momoa para o papel, apresentado brevemente em Batman Vs Superman, foi o primeiro passo nessa transformação aos olhos do público. Conhecido como o Khal Drogo de Game of Thrones, o ator havaiano é uma força da natureza e se encaixa perfeitamente no perfil pavio curto do atlante desenvolvido por Reis.
A passagem do filme pela San Diego Comic-Con 2017 já começou a mostrar como será esse novo Aquaman. Momoa fez uma entrada triunfal no Hall H, passando pelo público com tridente em mãos para apresentar o primeiro clipe do filme (leia a descrição). Além disso, o personagem foi um dos pontos positivos do controverso Liga da Justiça. Na San Diego Comic-Con 2018, Aquaman foi a grande atração de um Universo Cinematográfico em fase de reestruturação, com um Momoa mais sereno subindo ao palco, mas confiante do produto que tem em mãos.
Wan, que rodou o filme na Austrália, já provou ter senso de espaço no cinema de horror, em filmes com Jogos Mortais e Invocação do Mal, e disposição para criar cenas grandiosas e divertidas, como em Velozes e Furiosos 7. Uma combinação perfeita para explorar ao máximo os limites marinhos do personagem. A ideia do cineasta é dar vida de fato ao universo submerso de Atlântida: “Quero que você se envolva emocionalmente com os personagens, para quando eles lutarem, conquistarem ou triunfarem em algo, quero que você sinta esse triunfo também. Quando houver uma conquista, seja uma cena emocional ou uma sequência de ação, quero que você esteja lá com eles. Acho que é isso que fiz em todos os meus filmes. Quero colocar o público nesse mundo que estou criando para os meus personagens", explica.
Há mais de 75 anos Aquaman figura entre os grandes heróis da DC, mas sem nunca se livrar das piadas nascidas na época de Superamigos. Agora o “monstro” está solto. A parceria de Momoa e Wan deve fazer o mesmo pelo personagem do que a HQ de Ivan Reis e Geoff Johns: Aquaman vai deixar de ser piada para se tornar um dos super-heróis mais badass do cinema.
Aquaman chega aos cinemas em 13 de dezembro.