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Berlinale | Filme com Hugo Weaving sobre conflito Irlanda x Inglaterra divide opiniões no festival alemão por sua brutalidade

Black 47 aposta em cenas de ação violentas e traz James Frecheville como herói

15.02.2018, às 18H05.
Atualizada em 17.02.2018, ÀS 01H09

Ainda sob o impacto de toda a diversão trazida por Wes Anderson e seu Ilha de Cachorros, que abriu sua 68ª edição na manhã desta quinta, na briga pelo Urso de Ouro, a Berlinale viajou no tempo até um dos momentos mais sangrentos e famintos da História da Irlanda e foi surpreendida com tomadas de batalha pra Game of Thrones algum botar defeito com Black 47. Recebido com aplausos por um e por desdém por parte da crítica avessa a adrelina, esta produção irlandesa dirigida por Lance Daily (de Uma Lanchonete Muito Louca) traz o eterno Sr. Smith da franquia Matrix de volta às telas: Hugo Weaving. De espingarda na mão, ele encarna um agente da lei decadente às voltas com um levante contra forças armadas inglesas invasoras em 1847. É luta de faca, é tiro e perseguição a cavalo que não acaba mais.

Divulgação/Black 47

Sem cair no maniqueísmo, explorando, por exemplo, o lado humano de um rico latifundiário inglês (Jim Broadbent) que explora os irlandeses, Black 47 faz uma recriação de época pautada nos desacertos entre nações vizinhas que lutaram juntas em guerras já vencidas, mas que hoje não se toleram. O roteiro toma claro partido da Irlanda e acusa os ingleses de traírem a lealdade de seus colegas de armas, recusando-se a ajudá-los numa era de fome e recessão generalizada. Para balançar este conflito, surge um herói, Feeney, papel vivido pelo australiano James Frecheville, cuja fúria nas tomadas de combate impressionou a plateia. Mas, embora integre a seleção oficial, o longa-metragem não concorre a prêmios. Faz parte da leva hors-concours, assim como o drama The Bookshop, da espanhola Isabel Coixet, projetado na sequência.

Amiga do festival há anos, tendo aberto a edição de 2015 com Ninguém Deseja a Noite, a cineasta catalã aposta na literatura – e no carisma de Emily Mortimer e Bill Nighy – neste ensaio sobre resistências. Emily é uma viúva que encara a ala mais conservadora da zona costeira da Inglaterra, no fim dos anos 1950, para manter aberta uma livraria capaz de vender romances polêmicos como Lolita, de Vladimir Nabokov. Nighy será o cliente mais fiel da loja nesta narrativa que erra a mão na sacarose.

Termômetros da indústria do audiovisual, revistas do mercado cinematográfico como a The Hollywood Reporter, a Variety e a Screen, que circulam pelo festival em edições especiais diárias, estão fazendo uma campanha de popularidade em torno de Yardie, o primeiro filme do ator inglês Idris Elba (de A Torre Negra) como realizador. Ambientada na Londres de 1983, a produção aborda o envolvimento de um jovem jamaicano com o submundo britânico, onde o tráfico se apresenta para ele como uma saída para a realização de uma vingança contra o assassino de seu irmão. Escalado para a mostra Panorama, paralela à competição pelo Urso de Ouro, o filme de Elba será exibido nesta sexta, à noite.

A mesma Hollywood Reporter que abriu página inteira para promover Yardie publicou aqui nesta quinta uma menção ao seriado brasileiro Vade Retro, com Mônica Iozzi e Tony Ramos, que será exibido aqui nesta terça, no Zoo Palast. A projeção integra a seção Market Series. O diretor deste terrir dos mesmos autores de Os Normais (Fernanda Young e Alexandre Machado), Mauro Mendonça Filho, vem a Berlim para a exibição e sai daqui direto para Portugal, onde o seriado integra o cardápio do Fantasporto, um dos principais festivais de cinema fantástico do mundo.

Para abrir os trabalhos desta sexta, a Berlinale agendou, em competição, o filme paraguaio Las Herederas, de Marcelo Martinessi, rodado na cidade de Asunción, em coprodução com o Uruguai e o Brasil, a partir da diretora Julia Murat (de Pendular). À tarde, o festival confere o documentário Aeroporto Central, do cearense Karim Aïnouz.

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