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Festival de Cannes | Comédia sueca The Square incomoda, mas ganha elogios do público

E mais: filme produzido por brasileiro começa a ganhar reações positivas

19.05.2017, às 22H40.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37
Embora seja encarado no Festival de Cannes como "o Toni Erdmann de 2017", a comédia de humor negro (nigérrimo, aliás) sueca The Square provocou na Croisette uma onda de gargalhadas que nem a aclamada produção de DNA alemã alcançou, e com a vantagem de abrir feridas no mais íntimo lugar da alma europeia.

Já há quem aposte na Palma de Ouro para este incômodo (mas hilário)  ensaio sobre o constrangimento, dirigido por Ruben Östlund (Força Maior) com foco no universo das artes plásticas. Sequências antológicas como uma performance na qual um artista imita um gorila em um jantar de luxo ou uma entrevista mesclada a uma cantada bastariam para fazer deste longa-metragem o mais provocativo do festival até agora. Mas há mais provocação do que isso no esforço de o diretor discutir o limite entre liberdade de expressão e terrorismo cultural.

Isso porque, na trama, vemos uma garotinha loura ser explodida a bombas num dos vídeos que o protagonista - o curador de Belas Artes Christian, vivido pelo ótimo Claes Bang - aprova para a sua nova instalação, a tal The Square. Trata-se de um ambiente interativo que se volta para o altruísmo e a tolerância do povo da Europa. Mas Christian exagera na dose. Um dos artistas, vivido pelo ator Dominic West (de 300), é xingado a cada palavra que dá durante uma entrevista como reação de um espectador com Síndrome de Tourette (cuja sequela é falar palavrões de modo incontinente).

Mesmo com tanto riso, The Square gera um nó na garganta ao pôr em xeque o abstracionismo da Arte. Debatido de boca em boca em Cannes, o filme de Östlund parece ter desbancado o favoritismo do russo Loveless, sobre o sumiço de uma criança.

Na sexta, um filme da mostra Quinzena dos Realizadores, paralela à briga em torno da Palma dourada, também calou fundo na Croisette: A Ciambra, projeto feito entre Martin Scorsese e o brasileiro Rodrigo Teixeira (de Alemão). Na imprensa europeia, saem resenhas elogiosas com analogias entre este drama social de Jonas Carpigiano e o cult francês de 1959 Os Incompreendidos, de François Truffaut. Ambos falam de meninos entregues à própria sorte. Só que aqui, o jovem Pio, adolescente conteaventor da Calábria, vai fazer de tudo para provar à avó e ao irmã que pode ter sorte em ações ilícitas.

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