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Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal completa 10 anos como o filme mais problemático da franquia

Longa demorou 19 anos para ficar pronto e complicou futuro do arqueólogo nos cinemas

18.05.2018, às 16H07.
Atualizada em 18.05.2018, ÀS 18H06

A primeira trilogia de Indiana Jones foi lançada na década de 80 como um grande sucesso. Os filmes apresentaram o arqueólogo e professor Henry Jones Jr. (Harrison Ford) e suas buscas por artefatos poderosos que poderiam mudar o rumo da humanidade. Além da aventura, uma grande característica dos longas era o carisma de seus personagens, o que fez, inclusive, uma geração inteira crescer com o sonho de trabalhar com arqueologia.

LucasFilm/Divulgação

Por tudo isso, o lançamento do quarto filme em 2008 gerou grande expectativa nos fãs, que esperaram 19 anos pelo retorno de Harrison Ford ao icônico papel. Pena que o resultado não tenha sido tão satisfatório quanto todos imaginavam. Com uma história questionável e um desfecho incomum, o longa deixou grande parte dos fãs frustrada e complicou o futuro do arqueólogo nos cinemas. Porém, os problemas de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal começaram bem antes disso.

Saindo do papel

George Lucas e Steven Spielberg tinham contrato com a Paramount para cinco filmes de Indiana Jones desde a década de 70. Mas após a estreia de A Última Cruzada (1989), Lucas se afastou do projeto nos cinemas e preferiu investir na série de TV O Jovem Indiana Jones, que tinha Sean Patrick Flanery no papel principal. Sua vontade de voltar aos cinemas reapareceu apenas nos anos 90, quando Ford fez uma participação no seriado e Lucas percebeu que seria interessante contar uma história com Indy mais velho. Essa foi a ideia inicial do que se tornaria O Reino da Caveira de Cristal: uma produção com cara de filme B, situada na década de 50 e com alienígenas como parte da trama.

Mas ele não encontrou o apoio que precisava: Spielberg não mostrou interesse em um filme sobre extraterrestres e Harrison Ford não queria estrelar uma produção nessa linha. Mesmo com as recusas, Lucas investiu na premissa contratando vários roteiristas que trabalharam em versões da história até 1996. Nessa época, ele falou novamente com Steven Spielberg, mas o diretor se recusou fazer mais um filme sobre invasão de alienígenas - um tema que tinha sido abordado há pouco nos cinemas com Independence Day. George Lucas, então, deixou o projeto em segundo plano e começou a trabalhar nos Episódios I, II e III de Star Wars. Será que a trilogia clássica de Guerra nas Estrelas existiria se Indiana Jones 4 tivesse dado certo nessa época?

Sean Patrick Flanery como o Jovem Indiana Jones

Paramount TV/Divulgação

Difícil dizer, mas o fato é todas essas ideias ficaram adormecidas até meados de 2000, quando Harrison Ford, George Lucas, Steven Spielberg, Frank Marshall e Kathleen Kennedy se encontraram em um evento. Spielberg queria dirigir algo mais leve depois de projetos como A.I.: Inteligência Artificial, e Indiana Jones parecia a franquia perfeita para isso. O diretor estava tão disposto a fazer o filme que George Lucas conseguiu convencê-lo a usar extraterrestres, que seriam chamados aqui de seres “interdimensionais”. Mas mesmo com o envolvimento de todos, o projeto continuou com problemas.

Conforme divulgado pelo site Premiere, M. Night Shyamalan - fã declarado da franquia - foi contratado para fazer o roteiro, mas não conseguiu conciliar sua agenda com os demais profissionais. Como resultado, a história de O Reino da Caveira de Cristal passou por muitas mãos, o que pode explicar sua trama confusa. Entre os nomes que teriam contribuído estão Stephen Gaghan, Tom Stoppard e Frank Darabont, sendo que este último entregou um material que agradou Spielberg, mas não conseguiu o mesmo com Lucas. “Para mim, havia muita pressão para fazer tudo certo. Consequentemente, foi uma experiência interessante e desapontadora ter Steve dizendo que consegui e George dizendo que não. Mas, como dizem em O Poderoso Chefão, esse é o negócio que escolhemos. Às vezes as coisas dão certo, às vezes não”, disse Darabont na época.

Mas a quantidade de profissionais envolvidos na história não parou por aí: Jeff Nathanson entregou um ensaio, que George Lucas ajustou e então o roteiro finalmente chegou às mãos de David Koepp, que está creditado como o roteirista oficial. Por fim, o longa teve que lidar ainda com a ausência de peso de Sean Connery. O ator, que interpretou o pai de Indiana Jones anteriormente, revelou recentemente que conversou com Steven Spielberg na época, mas “não funcionou. Não era uma proposta generosa que valeria voltar. E eles tinham levado a história para um lado diferente, de qualquer forma, então o pai de Indy não era realmente tão importante. Eu sugeri que o matassem no filme, que resolveria tudo bem melhor”.

Recepção e futuro

Embora tenha conseguido um resultado satisfatório nas bilheterias - o filme arrecadou US$ 786 milhões para um orçamento de US$ 185 milhõesIndiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não foi considerado um grande sucesso, principalmente pela recepção negativa do público. O exagero de efeitos visuais, o filho de Indy (interpretado por Shia LaBeouf) e a vilã Irina Spalko (Cate Blanchett), que desejava “saber de tudo”, decepcionaram grande parte dos fãs e criaram um problema para o futuro do personagem.

Indiana Jones 5 tem lançamento marcado para junho de 2019 e vários elementos do quarto filme não serão aproveitados. Shia LaBeouf, por exemplo, não estará de volta como o filho do protagonista, então isso terá que ser explicado em algum momento. Já o roteiro está novamente nas mãos de David Koepp. Apesar das dúvidas que isso pode gerar, ele já fez questão de tranquilizar os fãs. Em uma entrevista recente ao Collider, o roteirista confirmou que George Lucas não está mais envolvido com a franquia e reconheceu a importância de escolher um bom MacGuffin [objeto que move a trama] para a história: “Acho que Steven Spielberg fez um bom trabalho [em O Reino da Caveira de Cristal]. Não sei se a ideia era a mais adequada para um filme de Indiana Jones, mas foi o que fizemos. Então tentamos ser bem cuidadosos com a escolha do MacGuffin e do período desta vez, para dar a nós mesmos terreno para fazer o melhor tipo de filme de Indiana Jones que queremos ver”. Tomara que dê tudo certo dessa vez.

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