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Crítica

Atrás das Linhas Inimigas | Crítica

Nem além, nem aquém, apenas outro filme de guerra

18.01.2002, às 01H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Um dos gêneros mais rentáveis do cinema, os filmes de guerra parecem se esgotar com o tempo. Análises e revisitações históricas se sucedem. Abordagens enviesadas e novos pontos-de-vista também surgem aos montes. O assunto já foi tocado com a crueza crítica de um "Apocalipse Now" (de Francis Ford Coppola, 1979) ou de um "Nascido para Matar" ("Full Metal Jacket", de Stanley Kubrick, 1987). Já passou pelo humor de "Bom Dia, Vietnã" ("Good Morning, Vietnam", de Barry Levinson, 1987), pelo besteirol de "Top Secret" (de Jim Abrahms e David Zucker, 1984) e pelo patriotismo de "Pearl Harbor" (de Michael Bay, 2001). O que mais falta ao mote tantas vezes lembrado&qt&

"Pensamos em criar um novo tipo de filme de guerra, inovador, dando-lhe um formato de século XXI", diz o produtor John Davis, dono da Davis Entertainment Company. O executivo certamente transpira prepotência ao falar de seu filme, "Atrás das Linhas Inimigas" ("Behind Enemy Lines", 2001). Mas, apesar do discurso, o filme realmente tem muito a oferecer. Menos sob o aspecto narrativo, analítico, mais pelo lado do visual. "Atrás das Linhas Inimigas" surpreende, fascina, com uma mistura irrepreensível da virtuose dos recursos de "Matrix" (de Andy e Larry Wachowski, 1999) e os recursos ultra-realistas de "O Resgate do Soldado Ryan" ("Saving Private Ryan", de Steven Spielberg, 1998).

Almoço de Natal

Coube ao iniciante diretor John Moore gerenciar tal pirotecnia. Antes de sua estréia, Moore havia criado apenas um comercial de videogames. Bastou, entretanto, para gabaritá-lo ao cargo. Na trama, o tenente Chris Burnett (Owen Wilson, dedicado, em seu primeiro papel como protagonista), piloto da Marinha norte-americana, envolvido numa guerra fictícia na Bósnia, já não aguenta o marasmo da sua rotina. Burnett acredita numa ação rápida, não na observação e nos diálogos diplomáticos. Quando pede ao Almirante Reigart (Gene Hackman) que o dispense do conflito, recebe um sermão incrível - e de castigo, tripulará um mero vôo de reconhecimento em pleno almoço de Natal.

Acontece que o avião de Burnett é derrubado em território dominado por rebeldes sérvios. Agora, enquanto o tenente luta pela sua vida, Reigart precisa superar as burocracias e resgatar o seu subalterno. Como entrar em território inimigo sem ferir as negociações de paz&qt& A partir de uma idéia promissora, Moore trabalha de maneira fabulosa os recursos tecnológicos de que dispõe. Mas apesar do realismo, ainda prevalecem alguns vícios do gênero. Em meio a explosões espantosas e tiroteios bem verossímeis, o tenente Burnett se livra sem arranhões.

"Atrás das Linhas Inimigas" cumpre metade da meta que propõe. Não revoluciona os filmes de guerra, mas soma pontos no setor estético. Competente como diversão, nem tanto como documento. Aliás, para conhecer um pouco mais sobre as disputas reais que envolvem o povo da ex-Iugoslávia, assista a "Underground - Mentiras da Guerra" ("Underground", de Emir Kusturica, 1995). Mais um filme que mostra a que veio, dentro de um gênero que se esgota e, insistentemente, se renova.

Nota do Crítico
Bom
Atrás das Linhas Inimigas
Behind Enemy Lines
Atrás das Linhas Inimigas
Behind Enemy Lines

Ano: 2001

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 95 min

Direção: James Dodson

Roteiro: James Dodson

Elenco: Matt Bushell, Denis Arndt, Ben Cross, Keith David, Bruce McGill, Nicholas Gonzalez, Peter Coyote, April Grace, Glenn Morshower, Shane Edelman, Michael Simpson, Kenneth Choi, Eyal Podell, Mykel Shannon Jenkins, Joseph Steven Yang, Dennis James Lee, Hyun Joo Shin, Marianne Stanicheva, Vlado Mihailov, Michael McCoy

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