Celebrizado na carcaça musculosa de Jason Statham entre 2002 e 2008, Frank Martin, o ás do volante da série Carga Explosiva (The Transporter), voltou a queimar os pneus do sucesso em sua volta às telas, agora na pele do ator Ed Skrein, o Daario Naharis de Game of Thrones.
Leia a nossa crítica de Carga Explosiva - O Legado
Lançado em território brasileiro na última quinta-feira, o novo filme da franquia, chamado Carga Explosiva - O Legado e pilotado por Camille Delamarre, contabilizou cerca de 90 mil pagantes em quatro dias de Brasil, o que surpreende na comparação com o comportamento habitual de filmes de ação linha B (e sem Vin Diesel) em solo nacional. Nos EUA, sua bilheteria arranhou pouco mais de US$ 13 milhões, mas o boca a boca da nova aventura motorizada do personagem criado e produzido por Luc Besson foi dos mais positivos entre público e crítica, aquecendo suas turbinas para sua carreira na Europa. É lá, sobretudo na França, que Martin mais tem êxito popular. Mas toda o seu desempenho aqui já assegura uma sequência com Skrein, como cogitaDelamarre em entrevista exclusiva (por e-mail) ao Omelete, na qual explica a fonte de toda a adrenalina utilizada em cenas de perseguição, tiros e pontapés.
"Eu sou apaixonado por filmes de ação e eu acho que os fãs do gênero vão encontrar em Carga Explosiva: O Legado referências que misturam códigos cinematográficos americanos, europeus e asiáticos, com um toque francês que dá originalidade à mistura”, diz Delamarre, um parisiense de 35 anos que começou sua carreira em 2003 como montador, com o telefilme Une Minute de Soleil en Moins, e estreou na direção com o documentário Les Hors-champ, em 2004. “Minha formação inicial na montagem de filmes de ação me ajudou a encontrar um ritmo adequado a uma narrativa assim tão enérgica. Agora, estamos todos na torcida por uma continuação".
Em sua volta às telas, agora encarnado em Skrein, Frank Martin é ludibriado pela femme fatale Anna (Loan Chabanol), para participar de um assalto arriscado a fim de salvar a pele de seu pai (Ray Stevenson) em um estratagema envolvendo a máfia russa e outros perigos. Delamarre afirma ter dirigido seu protagonista de modo a prestar um tributo aos três primeiros longas-metragens da grife Carga Explosiva, mas buscando um frescor para o perfil do anti-herói. “Este novo Frank Martin contém os códigos que foram apresentados e refinados nos filmes anteriores, estrelados por Jason Statham. Mas estas marcas carregam agora uma dimensão mais humana, sombria e misteriosa que garante mais profundidade e modernidade ao personagem. Queria fazer o Martin vivido por Skrein mais taciturno que o de seu predecessor”, diz Delamarre, que dirigiu o finado Paul Walker em 13º Distrito, de 2014.
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Tetralogias como Carga Explosiva ou trilogias como Busca Implacável, com Liam Neeson, ambas projetadas em solo francês sob os auspícios de Luc Besson têm reeducado Hollywood ao reescreverem a cartilha da violência num diálogo com os clássicos de espionagem e numa procura por heróis de poucas palavras, tormentos mil e muita disposição para lutar e matar. Essa receita vem rendendo milhões a Besson, nesta sua faceta de produtor. Só os quatro episódios das peripécias de Frank Martin, juntos, renderam cerca de US$ 260 milhões. Aos olhos de Delamarre, essas cifras são astronômicas por conta da alquimia empreendida por seu patrão. “Eu considero Luc Besson o mestre dos filmes de ação da França por seu poder de adaptar aquilo que aprecia nos thrillers americanos e misturar esta referência com temperos próprios, de boa apreciação internacional”, diz o diretor. “Besson teve a inteligência de falar uma língua cinematográfica de compreensão mundial capaz de preservar os sotaques de Paris e da Riviera Francesa, que são as principais locações de franquias como Carga, Busca e Táxi”.
Enquanto Carga Explosiva: O Legado soma milhões pelo mundo, Besson prepara sua adaptação para a HQ Valerian, de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, prevista para estrear em 2016 com Clive Owen.