No mês de abril, os cinemas brasileiros receberam Ataque dos Titãs, a primeira parte do live-action baseado no mangá/anime de sucesso. Lançado no Japão em 2015, o filme chega a trazer um visual caprichado, mas peca pela falta de ritmo e escolhas duvidosas (leia mais). Agora estreia a segunda metade, também lançada originalmente em 2015, que repete os mesmos erros e acaba se saindo ainda pior.
A trama parte exatamente do ponto em que o primeiro terminou. Após uma segunda invasão, a humanidade luta para que os Titãs, criaturas humanoides gigantescas, não devore o que restou de sua civilização. Eis que Eren se transforma em um dos monstros para proteger seus colegas humanos. Após o fim da batalha, o garoto está prestes a ser executado por ser considerado uma ameaça - o governo não quer correr o risco de ter um monstro dentro de seus domínios -, mas é salvo por outro misterioso Titã.
Ao longo de seus 89 minutos, Fim do Mundo não só tem os mesmos problemas de seu antecessor, como também os amplifica. O elenco parece perdido, alívios cômicos são fracos, e até mesmo a trilha sonora está mal colocada. O ritmo é prejudicado pelos constantes flashbacks de eventos anteriores, que não têm razão de aparecer com tanta frequência, afinal é de se esperar que o espectador já tenha assistido à primeira parte antes de conferir a segunda.
Se os desvios da história original já soavam sem propósito, agora parecem uma espécie de desafio ao fã mais apaixonado. A diferença é tanta que a adaptação constrói uma outra história, carregada de clichês e sem metade da criatividade do mangá, conhecido por sua narrativa ágil e surpreendente.
Salvam-se apenas as sequências de ação nessa segunda parte. Os combates, especialmente contra Titãs, têm belas coreografia e se mantém dinâmicos. Os cenários são melhor aproveitados, e com o bom uso de efeitos visuais cria diversidade estética entre as cenas. Por serem em sua maior parte diurnas, fica mais claro de que se trata de um cenário pós-apocalíptico.
Não foi dessa vez que Ataque dos Titãs chegou às telonas em uma obra à altura da franquia. Sem justificar sua existência nessa segunda parte, a única contribuição do filme está em manter o pessimismo dos fãs em relação às adaptações para o cinema da cultura pop japonesa.
Ano: 2015
País: Japão
Direção: Shinji Higuchi
Elenco: Matsuo Satoru, Shu Watanabe, Pierre Taki, Ayame Misaki, Takahiro Miura, Rina Takeda, Jun Kunimura, Satomi Ishihara, Nanami Sakuraba, Hiroki Hasegawa, Kanata Hongo, Kiko Mizuhara, Haruma Miura
