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Crítica

Novo Branca de Neve sobrevive, entre erros e acertos, fazendo o básico da Disney

Filme tenta recontar clássico para uma geração completamente nova

Omelete
3 min de leitura
Pedrinho
20.03.2025, às 10H00.
Atualizada em 20.03.2025, ÀS 12H34

Primeira princesa da Disney e primeiro longa-metragem animado com cores do mundo, A Branca de Neve e os Sete Anões é um dos grandes marcos da história do cinema. Quase 90 anos depois do seu lançamento, a produção recebeu uma nova roupagem, e dessa vez em live-action. Estrelado por Gal Gadot e Rachel Zegler, o filme de Marc Webb reconta a história da princesa adaptando o texto às críticas sociais da atualidade, mas sem nenhum passo mais ousado.

No novo filme, conhecemos uma Branca de Neve (Zegler) feliz. Ela recebeu esse nome após nascer em meio a uma grande nevasca. Após perder a mãe, o pai se envolveu com uma mulher misteriosa e com poderes místicos (Gadot), que em pouco tempo se revelou uma péssima pessoa. O rei desaparece em uma campanha de guerra, e ela reina sozinha como a Rainha Má. Quando seu espelho mágico revela que Branca de Neve se tornou a mais “bela” do reino, a rainha se enfurece e envia um caçador para matar a garota, que foge para a floresta encantada e ganha abrigo de seres pequeninos. Tudo isso você já sabe.

Essa nova trama — escrita por Greta Gerwig (Barbie) e Erin Cressida Wilson (A Garota do Trem), mas reescrita sabe se lá quantas vezes — traz algumas mudanças importantes em relação ao original. A primeira e mais notável é a postura de Branca de Neve, que assume, de fato, o protagonismo de sua história. Em vez de ser salva pelo príncipe — que agora é um ladrão corajoso — é ela quem salva todo o reino ao lado de seus amigos. Os sete anões, que agora não recebem esse nome, perderam seu lugar no título da obra e são apresentados como criaturas mágicas, ainda mantendo um semblante que remete ao clássico. Uma última mudança importante é sobre o ideal de beleza da história, que na animação segue padrões sociais normativos, mas no live-action é substituído pelo conceito de beleza interior.

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Outra coisa chama mais atenção que as mudanças na trama: a atuação da dupla principal. Rachel Zegler já mostrou do que é capaz em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, da franquia Jogos Vorazes, Amor, Sublime Amor. No novo filme, ela repete seu bom desempenho musical, mostrando que pode ir ainda mais longe. Além disso, a jovem atriz sabe se conectar muito bem com a fantasia e entrega um papel convincente do início ao fim.

Por outro lado, tudo isso é novo para Gal Gadot. Seu único momento musical famoso, e por todas as razões erradas, até então era a performance de “Imagine”, dos Beatles, com vários artistas, que viralizou no início da pandemia de Covid-19. Toda a atuação dela como Rainha Má é caricata e fora de tom, especialmente quando as suas canções, claramente inferiores às outras composições, começam. Ainda assim, há algum crédito na sua tentativa de sair da zona de conforto.

Webb faz um bom trabalho direção, em especial nas cenas musicais, e o trabalho visual é, no mínimo, interessante. A exceção é design dos não-anões. Esses personagens surgem com uma aparência desconfortável, se assemelhando muito a bonecos de látex. Já a trilha sonora peca fora dos momentos musicais. Muitas cenas de impacto perdem a força e o brilho graças a isso, um erro crasso para um filme musical.

No mais, Branca de Neve atende as expectativas. Depois de tantas polêmicas e adiamentos, isso é mais do que Bob Iger poderia desejar. Longe de ser uma produção ruim — mas sem se esforçar para ser ótimo — ele cumpre seu papel de entreter com uma história simples e músicas que certamente voltaram a ser chicletes para os ouvidos infantis, o verdadeiro público alvo do filme. No entanto, esse posicionamento em direção às crianças escancara uma demanda artificial criada por uma falsa nostalgia ao redor da personagem, definindo o projeto como mais uma peça comercial. Alguns gostam disso, outros, nem tanto.

Nota do Crítico
Bom
Branca de Neve (2025)
Snow White
Branca de Neve (2025)
Snow White

Ano: 2025

País: EUA

Duração: 109 min

Direção: Marc Webb

Roteiro: Greta Gerwig, Erin Cressida Wilson

Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot

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