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Crítica

Corações de Ferro | Crítica

A guerra dentro de um tanque

04.02.2015, às 19H19.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H38

Corações de Ferro é o filme que retrata a realidade brutal da guerra por meio de um pequeno grupo de soldados. A percepção e personalidade de cada um, envolvidos pelos limites do ser humano, traçam um cenário de questionamento constante tão presente em filmes como Platoon e O Resgate do Soldado Ryan. O maior trunfo do longa, porém, está na sensação de claustrofobia transmitida mesmo fora do tanque liderado por Brad Pitt. Não importa a cidade ou a encruzilhada em que o batalhão esteja, o mundo se resume a procurar o próximo alvo.

O diretor David Ayer replica o clima realista e visceral de Marcados para Morrer e Os Reis da Rua em terras alemãs, em abril de 1945. Período final da Segunda Guerra, esse recorte de tempo permite um visual de desolação em terra e alma. Soldados e cidadãos aparentam magreza e sujeira fora do comum, assim como as cidades e fazendas mostradas. Esse obrigatório valor de produção surge como a ambientação perfeita para a história da equipe do blindado Fury, que dá nome ao título original do filme.

Dentro do tanque vivem cinco oficiais do exército americano, interpretados por Michael Pena, Shia LeBeouf, Jon Bernthal, Logan Lerman e Brad Pitt, o comandante. Olhos e ouvidos do espectador, Lerman fica encarregado do drama choroso do roteiro. Pitt é o destaque, cada vez mais sóbrio e sem exageros de atuação. É inegável também o nivelamento entre as performances, que são ajudadas por um texto bem dividido, nem sempre preocupado em dar espaço somente aos grandes nomes do elenco.

Todo o drama se condensa bem com as cenas de ação, que são o símbolo da claustrofobia psicológica causada pela guerra. Dentro do tanque se repetem a violência e o desespero vistos nos campos de batalha - corpos despedaçados, pedidos religiosos e marcas de um passado recente. Mesmo com o peso e a pouca mobilidade desse tipo de veículo, Ayer consegue explorar o suspense e o poder de fogo que eles carregam; e o efeito disso é reproduzido de forma grotesca, sem economizar sangue ou decaptações.

Corações de Ferro traz uma perspectiva diferente ao transportar os problemas da guerra para dentro de um tanque. Não há pretensão de marcar a história ou mudar o jeito como são feitos os filmes de guerra. Ainda assim, esse é um trabalho que, guiado por um elenco talentoso e um diretor de poucos modismos, cativa um lugar especial no gênero.

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