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Crítica

Crítica: Embarque Imediato

Comédia sem graça justifica preconceito contra o cinema nacional

10.12.2009, às 17H00.
Atualizada em 12.11.2016, ÀS 23H04

Dizem que é difícil fazer cinema no Brasil. Eu diria que é difícil fazer bom cinema no Brasil. A julgar pelo nível médio dos filmes nacionais que são lançados e o enorme número de patrocínios e apoios culturais que eles recebem, só não faz cinema no Brasil quem não tem amigos. Por que o desabafo? Porque em tempos de listas dos melhores da década brotando como capim, Embarque Imediato (2009) estaria fácil na lista das maiores bombas vistas nos últimos anos.

No filme, Marília Pêra desce de um altar construído com boas atuações nos palcos e TV para interpretar uma cinquentona solteira e melancólica, que prefere fantasiar uma conversa com a Gilda de Rita Hayworth a lutar por um futuro mais honroso. É ela que na sequência inicial trata de empatar o sonho de Wagner (Jonathan Haagensen) de viajar para Nova York. Porém, com peso na consciência, ela passa a fazer favores ao garoto, tentando se redimir. Arranja para ele um novo lugar para morar, um segundo emprego e começa a dar aulas de canto em preparação para um concurso de talentos de (acredite!) uma churrascaria.

Embarque Imediato

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Seria um filme de superação, da volta por cima. Mas como levar a sério uma história que começa com o maior de todos os clichês, anunciando o voo "171" do Rio de Janeiro para Nova York? Ah, não é mesmo para levar a sério, né? É uma comédia! Mas precisava batizar o mulherengo personagem do mais-caricato-e-careteiro-do-que-nunca José Wilker de Fulano da Silva? Pior! Uma das falas é "sempre quis conhecer alguém chamado Fulano", seguida de uma pegação gratuita que só em filmes pornô faria sentido.

O mau gosto que aparece no pôster é escancarado no nojento barulho de mulheres gordas se esfregando na Agência Botero, na vergonha-alheia da Marília Pêra fazendo exercícios como se fosse o Mr. Bean e no desnecessário beijo entre a tarimbada atriz e o jovem Jonathan, quando nada da trama apontava para um envolvimento entre os dois. Aliás, o roteiro é mais furado do que panetone sem frutas secas, não explicando quem é a amiga de Wagner que mora em Nova York (seria namorada, irmã?), ou se Wagner é mesmo o pai do menino que mora na sua antiga casa ou apenas um irmão mais novo.

Muita gente tem preconceito contra o cinema nacional. Depois de ver Embarque Imediato, não os culpo.

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Nota do Crítico
Ruim
Embarque Imediato
Embarque Imediato
Embarque Imediato
Embarque Imediato

Ano: 2008

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 90 min

Direção: Allan Fiterman

Elenco: Marília Pêra, Jonathan Haagensen, José Wilker, Sandra Pêra, Clara Choveaux

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