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Bully | Crítica

<i>Bully</i>

03.04.2003, às 00H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 03H15

Bully
Bully, EUA/França, 2001

Direção: Larry Clark
Roteiro: Jim Schutze (livro),

Zachary Long, Roger Pullis

Elenco: Brad Renfro, Bijou Phillips, Rachel Miner, Nick Stahl, Michael Pitt, Leo Fitzpatrick, Kelli Garner, Daniel Franzese, Nathalie Paulding, Jessica Sutta, Ed Amatrudo

Neste 2003, Larry Clark completa sessenta anos de idade. Mas, a julgar pelos seus filmes, o diretor norte-americano, pai de três filhos, aparenta ter metade disso. Dedicado a retratar o lado vergonhoso da juventude de seu país, Clark cultiva um discurso virulento, até cruel. Apresenta mais vigor do que muito jovem diretor iniciante.

Mas medindo-se a sua produção no cinema, Clark está, de fato, ainda a caminho da maioridade. Fez a sua estréia com um barulho sem igual, o marcante Kids, em 1995 - filme que chegou a ser usado em escolas, como uma forma pedagógica de alerta dos riscos da AIDS. Foram três anos até o seu segundo longa, Kids e os profissionais (Another Day in Paradise, disponível em vídeo por aqui), mais três até Ken Park e este Bully, que estréia agora no Brasil, no qual Clark interpreta o pai de Hitman.

A regra maldosa do viu um, viu todos bem que poderia ser aplicada a Clark. Os seus filmes, invariavelmente, exibem sexo irresponsável, gravidez indesejadas, drogas, espancamentos, jovens alienados e adultos ora omissos, ora controladores. Muitos críticos acreditam, baseados em sólida argumentação, que Clark se sustenta na agressão visual, mas não consegue esconder o seu conservadorismo, a sua visão tortuosa e moralista da realidade.

Considerando-se o revoltante retrato exibido em Bully, Clark ofereceria mais um instrumento aos seus detratores. Não há, entre os personagens do filme, um único vestígio de consciência - o único jovem com certo senso de moral é um loser gordo, manipulado pelos amigos, que corta a grama de casa e é viciado em arcades. Acontece que, ineditamente, o diretor possui um trunfo generoso: a trama se baseia numa história verídica, ocorrida em 1993, e transformada em livro, Bully: A True Story of High School Revenge, pelo escritor Jim Schutze.

Melhores amigos desde a infância, Marty (Brad Renfro) e Bobby (Nick Stahl) têm uma relação atípica, quase fetichista. De personalidade obtusa, Bobby trata o inerte Marty como um brinquedo. Saem juntos, ganham as meninas, mas, na verdade, sofrem uma sexualidade reprimida. Tudo muda quando Bobby violenta Lisa (Rachel Miner), a nova namorada de Marty, e ainda humilha Ali (Bijou Phillips), amiga do casal. Começa uma insurreição inconseqüente contra o rapaz, apoiada por mais e mais amigos do grupo, que terminará, evidentemente, de maneira trágica.

E abre-se um paradoxo. Clark exibe - com uma fotografia obscena, quase pornográfica - jovens bonitos, sexys, em seus carrões, sem maiores preocupações, e sem a menor profundidade psicológica também. De fato, a molecada só faz transar, fumar, fumar, dirigir, transar, fumar e transar. A questão é a seguinte: se a realidade se mostrou assim no ocorrido em 1993, se Clark apenas reproduz a imagem da juventude dos EUA, onde está o erro do filme?

A verdade é que, diante da chance de iluminar um caso rico do ponto de vista da investigação psicológica, Clark desperdiça o seu tiro, abusa do festim e não consegue imprimir significado nas ações dos personagens. Os jovens são atraentes apenas fisicamente, não oferecem um desafio interpretativo de fato (o único com algum potencial, o Bobby feito com esmero por Stahl, acaba mal aproveitado). No fim, o diretor só consegue criar rebuliço e impacto, rascunhar um retrato redundante, tornar ainda mais grotesca uma circunstância já grotesca por natureza.

Imagens © Lions Gate Films

Nota do Crítico
Regular
Bullying (2011)
Bully
Bullying (2011)
Bully

Ano: 2011

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 98 min

Direção: Lee Hirsch

Roteiro: Lee Hirsch, Cynthia Lowen

Onde assistir:
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