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Wimbledon - O Jogo do Amor | Crítica

<i>Wimbledon - o jogo do amor</i>

21.10.2004, às 00H00.

Wimbledon
- O jogo do amor

Wimbledon
, 2004
Inglat./França - 98 min.

Comédia Romântica

Direção: Richard Loncraine
Roteiro: Adam Brooks e Jennifer Flackett

Elenco: Kirsten Dunst, Paul Bettany, Kyle Hyde, Robert Lindsay, Celia Imrie, Penny Ryder, Annabel Leventon, Amanda Walker

Na Copa do Mundo de futebol de 2002, o Brasil bateu a Inglaterra às vésperas do início do torneio de tênis de Wimbledon. No dia seguinte, os ingleses, com seu senso de humor apurado e seu já conhecido conformismo com as derrotas, acordavam com a seguinte manchete no tablóide The Sun: Anyone for tennis? (Alguém interessado num joguinho de tênis?). Acredite, o futebol continua sendo a grande paixão dos bretões, muito embora o rugbi e o críquete também levem bastante gente aos estádios, mas durante as duas semanas em que um dos maiores torneios de tênis do mundo é disputado nas gramas do lendário The All England Lawn Tennis and Croquet Club, é para lá que os holofotes estão sempre apontados, mesmo sabendo que um súdito da Rainha dificilmente conseguirá levantar o troféu de campeão.

A Working Title, produtora de filmes como Quatro casamentos e um funeral, Diário de Bridget Jones e, recentemente, Simplesmente amor, se aproveitou desta febre anual para criar e lançar Wimbledon - o jogo do amor (de Richard Loncraine, 2004). Repetindo a fórmula de Um lugar chamado Notting Hill, foi criado um roteiro que mostra uma americana linda e famosa se apaixonando por um inglês sem muitas aspirações, mas com um certo charme. No lugar da atriz interpretada por Julia Roberts foi criada uma tenista em ascenção, papel de Kirsten Dunst (a Mary Jane de Homem-Aranha). E em vez do dono de uma livraria de bairro encarnado por Hugh Grant está o quase aposentado tenista feito por Paul Bettany, mais conhecido pela sua parceria com Russel Crowe em Uma mente brilhante e Mestre dos Mares.

O casal se conhece no hotel, quando Peter Colt (Bettany) tem a visão que vai mudar sua vida: Lizzie Bradbury (Dunst) tomando banho. Ela é uma das novas sensações do esporte, tem um gênio forte e não gosta de perder. Esta é a primeira participação da garota no torneio inglês e seu técnico (e pai) mantém sob um rígido controle cada um de seus passos. Numa situação completamente oposta está o inglês, que um dia já foi o 11º melhor do mundo, mas que hoje está apenas na 119ª colocação no ranking e só vai disputar o torneio porque foi convidado. Acostumado a perder, principalmente nos últimos anos, Colt pretende fazer desta a sua última participação no disputado circuito profissional. A certeza de seu fracasso é tão grande que até mesmo seu irmão aposta nos adversários. Mas o amor (sempre ele!) faz com que o bretão redescubra a alegria em jogar e, principalmente, vencer.

Para transformar atores que nunca haviam tocado numa raquete em jogadores profissionais de alto nível foi chamado o ex-tenista Pat Cash, que ganhou Wimbledon em 1987. Cash trabalhou como consultor de tênis. Ele ajudou a criar as jogadas, coreografá-las e ensinar os atores a imitar os movimentos do esporte. E, conseguiu! As partidas, que nos Grand Slams (Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos Estados Unidos) são disputadas em melhor de cinco sets, são resumidas em poucos lances, geralmente jogadas de efeito, como ralis, mergulhos, aces e voleios junto à rede. Isso poderia ser apontado como um defeito, pois nenhum esporte é feito apenas de melhores momentos, mas é na verdade uma virtude, afinal são poucos os espectadores normais de cinema que gostariam de ver mais do que isso na telona.

Outro bom diferencial criado foi a busca por ângulos diferentes do que normalmente se vê nas transmissões de tênis. Como seria impossível e inviável esperar que os atores acertassem todas as bolas nos lugares certos, a maioria das jogadas foi filmada sem bolas, que foram inseridas artificialmente por computadores mais tarde. É interessante acompanhar uma jogada pelo ponto de vista da bola.

Descontando toda a liberdade artística que está ali para aumentar a tensão e mostrar a superação, as partidas não agridem os que acompanham os jogos de Kuerten, Sá, Saretta e cia. E mais, quem é fã mesmo de tênis, vai poder conhecer um pouco mais sobre os bastidores de Wimbledon, pois as filmagens aconteceram in loco, no torneio do ano passado, e o roteiro tem pitacos de tenistas como John McEnroe e Chris Evert, que também participam do filme, como comentaristas. Tudo para tentar torná-lo o mais próximo do real possível.

Mas e a parte romântica, como fica? Paul Bettany não tem o mesmo charme de Hugh Grant, mas faz um belo par com Kirsten Dunst, cujo carisma deveria ser engarrafado e vendido por aí a peso de ouro. Porém, algo fica faltando. Talvez seja a mão de Richard Curtis (Simplesmente amor). O roteiro, criado por Jennifer Flackett e Mark Levin, e finalizado por Adam Brooks, parece que seguiu a receita deixada por Curtis, mas errou nas quantidades dos ingredientes e na forma de misturá-los. Ficou apenas gostoso, não delicioso como de costume.

Na gíria do tênis, seria o equivalente a um bom primeiro serviço, que não chega a ser um ace, mas é o suficiente para deslocar o adversário da quadra e deixá-la livre para um voleio fácil e matador.

Nota do Crítico
Bom
Wimbledon - O Jogo do Amor
Wimbledon
Wimbledon - O Jogo do Amor
Wimbledon

Ano: 2004

País: EUA / França / Reino Unido

Classificação: LIVRE

Duração: 98 min

Direção: Richard Loncraine

Elenco: Paul Bettany, Kirsten Dunst, Jon Favreau, Sam Neill

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