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Festival de Berlim | Com Cauã Reymond, Não Devore Meu Coração é recebido com protesto político

Felipe Bragança fala sobre sua "América do Sul sob um olhar adolescente"

12.02.2017, às 18H06.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Embora não tenha comparecido à capital alemã por compromissos com os sets do longa-metragem pernambucano Piedade, Cauã Reymond aqueceu a libido germânica na projeção de Não Devore Meu Coração, fora da competição do 67º Festival de Berlim, sob os olhares atentos de um júri de adolescentes da mostra paralela Generation 14 Plus.

Mais fabular das 13 produções nacionais de passagem pela Berlinale 2017, com um roteiro lotado de falas poéticas, o filme do carioca Felipe Bragança (de A Alegria) é uma mistura de Meu Primeiro Amor com O Selvagem da Motocicleta, temperado a litros de catuaba. Numa reinvenção de seu arquétipo de galã, o atual astro rei da TV brasileira vive o motociclista Fernando a.k.a. Dezembro, integrante mais explosivo de uma gangue na fronteira entre Brasil e Paraguai.

"Este filme está na mostra Geração por abordar a América do Sul sob um olhar adolescente", explicou ao Omelete o diretor, que, em janeiro, exibiu Não Devore Meu Coração no Festival de Sundance, nos EUA, onde a nada convencional e pouco realista fotografia de Glauco Firpo foi um ímã de elogios.

Na trama baseada em contos de Joca Reiners Terron, o jovem de 13 anos João Joca Carlos (Eduardo Macedo), irmão de Fernando, é apaixonado por uma menina índia, por quem é capaz de tudo, sobretudo depois que encontra uma espada da Guerra do Paraguai. "Joca é um pouco como o Brasil de hoje: faz parecer como se tudo fosse ficar bem, mas a vida mostra a ele que é mais dificil do que ele pensa", diz Bragança, que fez um inflamado discurso sobre a realidade brasileira no palco, denunciando o sucateamento das instâncias políticas de cultura no atual Governo Temer, que classificou de golpista, sob aplausos da plateia.

Foi calorosa a acolhida a Não Devore Meu Coração, com interesse especial do público alemão para a sofisticada estrutura em atos (espelhados pelas memórias da Guerra do Paraguai) do roteiro. Também chamou atenção o surpreendente desempenho de Eduardo Macedo como Joca. Outro filme brasileiro presente na seção Geração foi exibido no domingo: o curta de tintas líricas e veredas etnográficas Em Busca da Terra Sem Males, de Anna Azevedo, sobre uma tribo nas imediações do Rio de Janeiro.

Além de uma esquadra de longas e curtas, da qual No Intenso Agora, de João Moreira Salles, é o filme mais aclamado, a presença brasileira no festival alemão se estende também pelo território da teledramaturgia, com a exibição de dois produtos da TV Globo na seção Berlinale Series. Nesta segunda, Berlim projeta episódios de Os Experientes, feita sob a supervisão de Fernando Meirelles, e a versão hispânica de SuperMax, dirigida pelo argentino Daniel Burman (de O Abraço Partido).

"Berlim abrir as portas para as séries televisivas é o sinal de que a tal aclamada era de ouro da TV está só no seu começo. E duas séries da Globo fazerem parte desse princípio é um orgulho tremendo e prova que nossos projetos têm qualidade para brigar em qualquer lugar do mundo", afirma Gustavo Gontijo, Gerente de Desenvolvimento de Séries da Rede Globo.

O Festival de Berlim segue até o dia 19.

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