Um dos títulos mais esperados entre as quase 400 atrações do 67º Festival de Berlim, No Intenso Agora, o novo longa-metragem do documentarista João Moreira Salles, foi saudado como obra-prima em sua primeira projeção pública, neste sábado, na capital alemão.
O épico documental relembra o ano de 1968, seus valores políticos e as memórias familiares do diretor. Aplaudido por uma multidão que permaneceu na sala de projeção ao final da sessão, para uma sessão de perguntas com Salles, o filme usa imagens de arquivo de uma viagem à China feita pela finada mãe do realizador de Entreatos (2004) como seu centro nervoso. Em volta dela, como um buquê de memórias, o diretor faz um arranjo com arquivos de Paris, de Praga e do Rio de Janeiro em lutas estudantis do fim dos anos 1960.
"O consumismo transformou rebeldia em mercadoria e 68 é o ambiente histórico em que isso acontece com mais profundidade, o que não significa que o período não tenha nos legado grandes benefícios transformadores em seu bojo", disse Salles ao Omelete, afirmando não ver com desesperança os turbilhões políticos atuais do Brasil. "Não temos ainda distanciamento para buscar novas perspectivas para os tempos em que vivemos. Vivemos desilusões em 68, mas grandes conquistas vieram. Mas só foram vistas com o tempo. Nenhuma resposta brota do dia pra noite."
No Intenso Agora é o primeiro longa de Salles desde Santiago, de 2007, e ainda não tem data de estreia no Brasil. O Festival de Berlim acontece até o dia 19 deste mês.
