Parte do sucesso imortal da Walt Disney Pictures é o fato de que sempre há crianças novas para assistir aos filmes da empresa. O público se renova constantemente (até que tenhamos um cataclisma a la Filhos da Esperança, pelo menos). Mas cada criança, obviamente, cresce - e passa a renovar o público de outro tipo de gênero: o da comédia sobre virgindade. No momento em que hormônios entram em ebulição há sempre um novo filme sobre o caso para falar com esse público, que passa pelas mesmas agruras adolescentes dos personagens das telas.
O caso de Sex Drive - Rumo ao Sexo (Sex Drive, 2008), porém, é mais complicado. A profusão de palavrões, nudez e consumo de substâncias narcóticas torna o filme impróprio aos olhos dos mesmos jovens que mais se identificariam com a produção.
Sex Drive
Sex Drive
Isso não é um problema quando o longa tem uma atmosfera nostálgica, feito um Superbad - É Hoje, o que cria conexão com os adultos que têm idade para assistir ao filme. Mas a natureza moderninha de Sex Drive causa uma certa estranheza, largando o longa em um limbo de público esquisito, algo que só o mercado de home video justifica.
Não ajuda o fato da premissa da história parecer absolutamente furada. Veja só: um rapaz tímido, amigo do cara mais bacana do pedaço, tem todas as chances possíveis de fazer sexo graças ao relacionamento com o sujeito. No entanto, não se interessa pelas meninas fáceis, ainda que fisicamente divinas, optando sempre por garotas que não se interessam por seu tipo perdedor. Seu objetivo é conquistar uma garota que ele conheceu na Internet quando fingiu ser outra pessoa. Ele não está apaixonado, quer apenas o mesmo sexo que recusou com as outras meninas, mas ainda assim decide atravessar o estado, no carro que roubou do irmão, para vê-la.
Ok, impossibilidades à parte (os hormônios já teriam feito seu trabalho séculos atrás), Sex Drive é divertido. É, afinal, uma comédia adolescente misturada com road movie - gêneros difíceis de errar.
O elenco ajuda. Clark Duke, amigo de longa data do bem-sucedido Michael Cera, vive o riquinho bacana e seu personagem foge de todos os estereótipos desse tipo de filme, agradando bastante (nada do gordinho loser aqui!) Já Josh Zuckerman vive Ian, o perdedor, esse sim um amálgama fácil de dois dos personagens de Superbad - ele é McLovin´ e Evan ao mesmo tempo. Completa o trio de viajantes Amanda Crew, como a "melhor amiga" (você já sabe o que vai acontecer, certo?) Destaque também para o Ciclope de X-Men, James Marsden, irreconhecível como o homofóbico e furioso irmão mais velho de Josh, e Seth Green, talvez o grande trunfo do filme, como um amish passivo-agressivo que merecia um filme só seu.
Pela relação crível entre seus personagens, algumas ótimas situações e por tentar dar alguma novidade ao gênero, Sex Drive vale ser conferido. Ainda que o diretor e roteirista estreante em longas Sean Anders esteja longe de ter a histérica sutileza de Apatow, há uma certa promessa aí.