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Crítica

Verónica | Crítica

Horror do cocriador de REC parte da ingenuidade da protagonista para questionar história baseada em fatos

08.09.2017, às 12H45.
Atualizada em 08.09.2017, ÀS 15H00

Ingenuidade é uma peça importante do cinema de horror. É o que explica a mocinha que sobe para o segundo andar para fugir do serial killer mascarado ou a adolescente que resolve brincar com uma tábua de ouija durante um eclipse.

No caso de Verónica, o interessante é a relação estabelecida pelo filme de Paco Plaza (conhecido pela franquia espanhola REC) entre ingenuidade da sua protagonista e a credulidade do público. Baseado no relatório de polícia de Madri sobre um caso ocorrido em 1991, o diretor usa e desconstrói todos os clichês do gênero para que a história de Verónica seja sempre questionável. Teria a tábua de Ouija trazido uma assombração maligna para a sua vida ou estaria tudo na cabeça de uma adolescente impressionável, desesperada por ajuda, sobrecarregada por responsabilidades e pelo peso da puberdade?

Para que essa lógica contra e a favor de Verónica funcione, o roteiro escrito por Plaza e Fernando Navarro faz o mais importante: constrói bem seus personagens. O peso do desespero de Verónica é somado aos poucos, conforme o filme revela a rotina da menina de 15 anos. Depois da morte do pai, a mãe precisa assumir o trabalho no bar da família e passa a ser responsabilidade de Verónica cuidar da rotina dos irmãos - acordá-los, alimentá-los, levá-los para escola, cuidar das suas tarefas, da sua higiene, de tudo. Quando chega a hora do misterioso evento anunciado no início do filme, o público torce por ela, pelas crianças e é aí que está o segredo de um bom horror: temer pela vida dos personagens.

Além do roteiro bem construído, Plaza filma em busca de imagens marcantes. As crianças e as freiras encarando o eclipse com filmes fotográficos sobre os olhos, o prédio cujo vão lembra uma cruz ou a freira cega que usa o porão da escola para fumar, são momentos arquitetados que contribuem para relação entre fato e fantasia do filme. Essa é uma história supostamente real, mas a sua construção imagética nunca busca o realismo.

Ainda que por vezes seja tão ingênuo quanto a sua personagem-título, Verónica cumpre com todas as suas promessas. Plaza prova que o verdadeiro terror nasce quando o susto não é um objetivo, mas uma consequência.

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Nota do Crítico
Ótimo
Verónica
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Verónica

Ano: 2017

País: Espanha

Direção: Paco Plaza

Roteiro: Fernando Navarro

Elenco: Sandra Escacena, Bruna González, Claudia Placer, Iván Chavero, Ana Torrent, Consuelo Trujillo, Sonia Almarcha, Maru Valdivielso, Leticia Dolera, Ángela Fabián

Onde assistir:
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