Três anos após a estreia de X-Men: o Filme, lançado em 2000 como um pioneiro das produções de super-heróis, X-Men 2 chegou aos cinemas com a responsabilidade de manter o nível do longa anterior e introduzir uma história tão interessante quanto. O resultado foi tão positivo que o filme continua relevante - talvez até mais - 15 anos após sua estreia.
Bryan Singer, diretor, roteirista e produtor, começou a trabalhar na sequência ainda em 2000, após o sucesso do primeiro longa. A ideia agora era apresentar um vilão humano, diferente da Irmandade Mutante (grupo comandado por Magneto), que foi a grande ameaça anterior. Assim surgiu William Stryker (Brian Cox), que fez um plano para incriminar os mutantes e conseguir a destruição de todos eles. “Ele é um vilão. Está enganando o presidente, operando em uma base no Canadá… ele é desonesto e está impulsionando suas atitudes por algo profundo e pessoal”, afirmou Singer, na época, em entrevista para a BBC.
Porém, antes mesmo antes desse vilão ser apresentado, a relação entre humanos e mutantes não era das melhores. Durante um passeio com as crianças, por exemplo, Jean Grey (Famke Janssen) ouve claramente como as pessoas ao redor estão incomodadas com a presença daqueles que são diferentes. Na época, muitos compararam esse conceito ao medo que se espalhou após o 11 de setembro, mas Singer afirmou ao CBR que tudo foi uma coincidência: “Essa história foi concebida antes do 11 de setembro e o universo X-Men foi criado no começo da década de 60, durante o movimento dos direitos civis americanos. Então essas ideias de fanatismo, tolerância, medo, guerra, medo dentro da sociedade, penso eu, são perpétuas”.
As figuras de Charles Xavier (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen) continuaram fortes e muito presentes em toda a história de X-Men 2. Em várias cenas de crise é possível ver como todos os personagens ao redor olham para eles para saber como agir. Como acontece nos quadrinhos, ambos representam os lados da causa mutante: enquanto o primeiro deseja lutar, porém de forma diplomática, o segundo acredita que os mutantes são superiores e devem vencer o “perigo” da raça humana da forma mais mortal possível. “Eu sempre quis me envolver com fantasia e ficção científica, e com essa noção de que o Professor Xavier era como Martin Luther King e Magneto era como Malcolm X: dois homens com crenças muito fortes, mas que tomaram caminhos diferentes. A ironia e a ambiguidade moral disso sempre me intrigaram. É um passo além de simplesmente ‘um filme de super-herói para resolver um crime’. É muito mais sociopolítico e isso expõe mais verdades”, explica o diretor.
Xavier e Magneto em cena
Outro ponto importante são as sequências de ação do longa. X-Men 2, por exemplo, tem uma das melhores cenas de abertura do cinema, com o mutante Noturno (Alan Cumming) invadindo a Casa Branca e usando seu poder de teletransporte para vencer todos os guardas. Para os fãs mais novos da franquia, que adoram cenas com o mutante Mercúrio, vale assistir para saber de onde veio a inspiração para isso.
O filme também estabeleceu detalhes importantes para as tramas que a franquia exploraria no futuro: a busca de Wolverine (Hugh Jackman) por suas origens, o mutante Fera, que aparece rapidamente na TV como o Dr. Hank McCoy e a Fênix, que começou a se manifestar em Jean Grey em certos momentos da história e “apareceu” rapidamente na cena de fechamento do longa. Esse último foi a premissa para X-Men 3, que chegou aos cinemas em 2006 com o título de O Confronto Final e Brett Ratner na direção no lugar de Bryan Singer.
Atualmente, é difícil olhar para os primeiros longas de X-Men e não relacioná-los aos recentes casos de assédio denunciados em Hollywood. Singer foi acusado recentemente de estuprar um garoto de 17 anos e Ellen Page revelou como Ratner criou um ambiente de abuso nos bastidores do terceiro filme - saiba mais. Mas, apesar dessas “manchas” em sua história, X-Men 2 continua relevante por falar de temas importantes para a sociedade, sem deixar de lado a ação e o entretenimento. Uma bela combinação.
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