Game of Thrones sempre foi uma obra cercada de temas polêmicos. Tanto os livros quanto a série falam de incesto, violência contra as crianças e também violência contra as mulheres. Mas apesar de muitos considerarem a série machista, parte do elenco acredita que a obra mostra exatamente o contrário. Com arcos importantes como os de Brienne, Daenerys, Arya, Yara Greyjoy, entre muitas outras, Game of Thrones deixa claro que a violência faz parte daquela realidade, mas que as mulheres também podem conquistar seu espaço.
“[George R.R. Martin] sempre é questionado sobre como escreve personagens femininas tão boas: ‘você é um escritor feminista?’. E a resposta dele é que sempre pensou nas mulheres como pessoas, e acho que essa é a grande diferença”, diz Gwendoline Christie para uma sala repleta de jornalista em Londres.
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A jornada de sua personagem Brienne, aliás, é um bom exemplo de como Martin retrata histórias diferentes para mulheres diferentes. Assim como Arya, a cavaleira de Tarth não deseja se casar e se tornar uma lady e encontra seu espaço na história: “A primeira coisa que pensei sobre Brienne é que ela desafia as normas de gênero e as percepções que nós temos, as representações de mulheres que tivemos na televisão até agora. É por isso que quis interpretá-la. E também por essa ideia de deixar de lado a minha própria vaidade pessoal, e vaidade de atriz, para habitar essa personagem. Foi algo muito significante para mim. Lembro de pensar na época que, não importava se a série teria sucesso ou não. Como atriz, ter a oportunidade de explorar esse tipo de mulher, e fazer isso ir lá fora, para a grande mídia, já é muito significante. Me ensinaram isso na escola de atuação: se o seu trabalho ressoa com pelo menos uma pessoa, então você fez o seu trabalho. Se muda a cabeça de uma pessoa ou causa questionamento, então você fez o seu trabalho. Então sempre considerei isso como um forte instrumento político em termos de expandir como as mulheres são vistas”, completa Christie, claramente emocionada e feliz em conversar sobre a personagem.
Desde sua primeira cena, Arya conquistou os fãs de Game of Thrones. Da menina brincalhona que provocava os irmãos, até a jovem forte que vingou aqueles que prejudicaram sua família, ela percorreu um longo caminho entre Westeros e Essos. E essa curva de amadurecimento faz um paralelo com o próprio desenvolvimento de Maisie Williams fora das telas. Questionada sobre as mudanças que o papel na série causaram em sua vida, a atriz destaca a possibilidade de ajudar a família: “Eu sonhava em ter um laptop antes de começar a série. E agora tenho vários [risos]. Minha família não é rica, então poder ajudá-los financeiramente é muito bom. Minha mãe fez tanto por nós quando éramos crianças, mais do que eu poderia imaginar, então fiquei mais velha e comecei a entender o quanto ela se sacrificou. Sei que meus irmãos adorariam poder dar isso de volta. Ser capaz de prover coisas para a minha mãe, em nome de todos os meus irmãos, é realmente muito bom”.
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Outra personagem forte da série é Melisandre, interpretada por Carice van Houten. Sacerdotisa do Deus Vermelho, ela muda de caminho algumas vezes em busca de quem é o “príncipe que foi prometido” e comete erros durante essa jornada. Para a atriz, Melisandre não tem nenhuma atitude em benefício próprio e tudo o que faz é para um bem maior: “Ela acredita que será guiada. Quando o Senhor da Luz a desaponta, ela fica perdida. Ela é parecida com um soldado e apostou tudo naquilo. Quando você interpreta um personagem ruim, você não o faz apenas mau, você tenta entendê-lo. E eu a entendo. Talvez não seja algo bom e você não precisa concordar, mas é preciso justificar isso de alguma forma como ator. Eu não a interpreto como alguém mau”.
Quem vê a Mulher Vermelha imponente na tela não imagina que a própria atriz também tem grandes momentos de insegurança. Um deles aconteceu logo em sua primeira cena na série, quando está queimando estátuas dos Sete Deuses. “Eu estava fazendo um discurso sobre como a noite é escura e cheia de terrores e estava muito assustada. Eu precisava ser confiante, mais confiante do que nunca e pensei de onde iria tirar isso. E é aí que está a parte divertida da atuação, quando você precisa fazer algo e é só assustador”.
Entre todos os astros entrevistados, Gwendoline Christie era, de longe, a mais emocionada. A atriz falou muito sobre Brienne, olhou nos olhos de cada jornalista e muitas vezes estava com lágrimas ao desabafar que o papel em Game of Thrones foi mais do que outro trabalho na indústria. “Eu vou chorar agora, mas significou muito para mim ter essa oportunidade, porque queria ter visto alguém como Brienne quando estava crescendo. Eu tive trabalho para encontrar diferentes tipos de pessoas, homens ou mulheres, ou como eles escolhem se identificar, encontrar pessoas que falavam comigo. Então [no último dia de filmagens] abracei o efeito que isso teve em mim, porque sabia que tinha chegado a hora de me despedir. Mas disse para mim mesma que o que essa oportunidade me deu transcende o tempo e sempre terei isso. Realmente me inspirou em como eu escolho viver a minha vida e as decisões que tomo”.
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A temporada final de Game of Thrones estreia em 14 de abril.