Do Corcovado a Marília Mendonça, o 2Z está pronto para primeira tour no Brasil

Créditos da imagem: Os integrantes do 2Z (Divulgação)

Música

Entrevista

Do Corcovado a Marília Mendonça, o 2Z está pronto para primeira tour no Brasil

Banda sul-coreana fala de trilhas sonoras, gêneros musicais e mais ao Omelete

Omelete
5 min de leitura
23.03.2022, às 17H15.

Acho que vou chorar quando conhecer os fãs do Brasil pessoalmente”, admite o vocalista principal do 2Z, Hojin, em entrevista ao Omelete. A expectativa pela primeira turnê brasileira da banda de pop rock sul-coreana é grande não só pelo tempo afastado dos palcos devido à pandemia, mas também pelas interações que os integrantes já tiveram com os fãs brasileiros, pela internet.

Alguns fãs brasileiros participaram dos encontros on-line, mas sempre foi frustrante para nós”, comenta Hojin. Sempre pensava: ‘Por que precisamos estar separados quando sentimos tanto a falta uns dos outros?’. Era uma pena que precisávamos nos comunicar somente através de telas. [...] Quero muito tocar nossas músicas e me comunicar com eles.

O 2Z passará por 4 cidades brasileiras, realizando eventos de fansign (encontros com os fãs) no Rio de Janeiro em 11 de junho, em Recife em 13 de junho e em Fortaleza em 15 de junho, e um show em São Paulo em 17 de junho. As diversas modalidades de ingressos variam entre R$ 180 e R$ 90 - confira mais informações no site da Highway Star, que promove a turnê.

Apesar da agenda cheia, os integrantes da banda sabem muito bem quais pontos turísticos não podem deixar de conhecer por aqui. “Sempre penso em dois lugares quando se trata do Brasil: o Corcovado e as Cataratas do Iguaçu”, diz o baixista Junghyun. “O Corcovado sempre aparecia durante as transmissões das Olimpíadas e da Copa do Mundo, e eu pensava: ‘Uau, é tão grande!’”.

O músico ainda define as cataratas do Iguaçu como um lugar mágico que quer visitar antes de morrer”: “Acho que vou me sentir como se estivesse em um mundo diferente lá”.

Também não falta música brasileira no repertório do 2Z, que foi apresentado a alguns artistas nacionais durante a preparação para a turnê. Fiquei muito animado, porque as canções são muito rítmicas. Minha favorita foi ‘Bebi Liguei’, de Marília Mendonça”, aponta Junghyun. “Além da música ser ótima, a atmosfera no show dela era incrível. Fiquei pensando: ‘Espero que nossa turnê no Brasil seja assim!'

Aventureiros musicais

Desde que estreou na indústria musical coreana, em janeiro de 2020, o 2Z mostrou que está disposto a explorar vários nichos diferentes do rock. Se “Doctor” tem algo de pop punk, por exemplo, “East End” empresta ideias melódicas do new wave oitentista, e “Turn My Camera On” lembra o rock dançante de um Black Kids ou um Franz Ferdinand.

O futuro da banda, conta o guitarrista Jiseob, pode guardar experimentações ainda mais ousadas. “Nossa inspiração vem de muitos pontos diferentes, mesmo fora do pop ou do rock”, comenta, citando que os integrantes do 2Z são fãs do reality show de hip hop sul-coreano Show me the Money. “As barreiras entre os gêneros musicais estão desaparecendo cada vez mais, então acho que seria divertido se fizéssemos algo com o hip hop.

Outro passatempo dos músicos é pegar hits do k-pop e transformá-los completamente em covers postados no YouTube. As reimaginações de “Butter” (BTS), “Psycho” (Red Velvet) e “Next Level” (aespa) fizeram sucesso entre os fãs e mostraram um lado do 2Z bem diferente daquele visto nas canções autorais da discografia - e eles já estão de olho nas próximas aventuras.

Eu amo ‘At My Worst’, de Pink Sweat$, e queria tentar compor uma canção de amor suave como ela. É um sentimento que tenho vontade de expressar em música”, comenta Jiseob. Músicas icônicas da indústria coreana, como “The World of Happiness” (Han Dae-soo) também estão na mira: “Nós normalmente tocamos essas músicas somente com voz e violão, mas tenho vontade de fazer um arranjo para uma banda completa.

Desafiando preconceitos

Bumjun em cena de Behind Cut (Reprodução/Viki)

Outra decisão ousada que alavancou a trajetória da banda nos últimos meses foi o envolvimento com a série Atrás do Corte (ou Behind Cut, disponível no Brasil pelo streaming Viki). Na frente das câmeras, o baterista Bumjun assumiu o papel de Ki Jin, um jovem aspirante a estilista que se apaixona pelo simpático entregador Yeongwoo (Eom Seung).

A produção faz parte do gênero BL (Boys’ Love), designado para produções asiáticas que abordam romances gays. Apesar do sucesso massivo de títulos como 2Gether, Guardian e The Untamed (este último disponível na Netflix), ainda há um estigma social significativo em relação à homossexualidade e sua representação na mídia nos países que produzem esse conteúdo - como há no Ocidente, inclusive.

Eu descobri que existia um gênero chamado BL quando fui escalado para essa série”, nos conta Bumjun. “É claro que não existia nenhum preconceito da minha parte, mas fiquei pensando: será que consigo expressar isso bem, sendo que não faz parte da minha experiência pessoal?

Para ganhar confiança nesse sentido, ele tentou se despir da imagem que construiu como membro do 2Z e encarnar os sonhos e desejos do personagem. “Durante as filmagens, descobri que muitos atores dos quais sou fã estrearam em séries que se encaixam no gênero BL. Como eles, eu quero ser alguém que desafia os preconceitos e é reconhecido por expressar seus sonhos, sem medo”, declara.

Para completar, a banda lançou também a canção “Behind Cut” como trilha sonora para a série - e curtiu tanto a experiência que já está preparando a próxima investida semelhante. O multi instrumentista Zunon nos conta que o 2Z está tentando emplacar a canção “Cool” na trilha de Oh Boarding House, série que marca a estreia de Hojin como ator.

Desta vez, é uma série de ficção científica, com um orçamento gigante. Ainda não foi decidido se nossa música será usada, porque muitos artistas talentosos enviaram canções para a trilha. Mas, mesmo se ela não for usada, não vamos nos desapontar, porque é uma música ótima e significativa para todos nós. Espero poder tocá-la para todos vocês em breve!”, diz ele.

Em junho, nos palcos brasileiros, quem sabe?

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