O anime Tokyo Revengers adapta o mangá homônimo de Ken Wakui, que já conta com 23 volumes lançados desde 2017. Nesses quatro anos, a trama ganhou uma adaptação em live-action e esta animação, cuja primeira temporada conta com três arcos, cada um sobre uma gangue: Toman, Moebius e Valhalla. O protagonista Takemichi Hanagaki precisa lidar com cada uma delas, numa trama simples, mas cativante.
Na história, Takemichi é um jovem que descobre que Hinata Tachibana, a única namorada que ele teve na vida, foi morta pela impiedosa Gangue Manji de Tóquio — a Toman. No dia seguinte, ele é empurrado no trilho do trem, mas, quando abre os olhos, viaja 12 anos no passado. Ao descobrir esse poder, decide que fará de tudo para salvar a vida de Hinata no presente.
Recentemente, o anime de Tokyo Revengers tem dado o que falar, para além da premissa, pelo uso do símbolo budista manji, que foi deturpado na criação da suástica nazista. Isso acabou também afetando a própria produção: entre polêmicas e reclamações, a versão transmitida no Brasil censurou o símbolo, e a edição apressada prejudica a qualidade da animação em vários momentos.
O início da temporada é primoroso e acaba sugerindo uma qualidade narrativa que não permanece após a primeira metade. Os episódios no geral são medianos, sem grandes picos de emoção e intercalados entre os momentos mais importantes da trama, que às vezes duram apenas alguns instantes. Os plot twists que ocorrem em cada arco são interessantes, mas um pouco previsíveis.
A personalidade do protagonista também não ajuda nesse processo. Takemichi sempre demora muito para compreender as situações nas quais se encontra, o que coloca o espectador que acompanha a história pela perspectiva dele preso entre caras de espanto e flashbacks excessivos. Entretanto, de certo modo, a ingenuidade dele serve para dar equilíbrio ao elenco, que em sua maioria é composto por personagens determinados e assertivos. Se fosse diferente, talvez a história de Wakui não rendesse tantos capítulos.
Entre outros pontos positivos da primeira temporada está a qualidade dos clipes de abertura e encerramento dos episódios. Parte essencial da narrativa de anime, a música tema da temporada, “Cry Baby”, conversa perfeitamente com a trama, mas também se destaca individualmente como uma excelente produção musical, que faz referência ao apelido do protagonista — além de dar nome ao último episódio. Os clipes de encerramento seguem o mesmo caminho, enquanto ainda parecem ter recebido mais atenção artística da equipe de animação do que o de abertura.
No final das contas, é reconfortante que a season finale seja digna da qualidade que o anime alcança no começo da temporada. Quando o protagonista pensa haver esperança de consertar o futuro ao impedir que Mikey matasse Kazutora na batalha do Halloween de Sangue, ele se vê em uma situação mais complicada do que tudo o que já enfrentou. Esse cenário chama a atenção e faz necessária uma explicação futura de como a personalidade de Takemichi diverge durante suas viagens no tempo.
Com altos e baixos, a animação de Tokyo Revengers consegue encerrar sua primeira temporada entre os animes mais populares de 2021 — um feito e tanto quando consideramos que a primeira parte da última temporada de Shingeki no Kyojin e a primeira de Jujutsu Kaisen também foram exibidas este ano. Com os resultados da primeira experiência e tempo para animar a próxima temporada, a expectativa é que o estúdio Liden Films acerte as pontas soltas para levar o anime ao patamar que ele pode alcançar.
Criado por: Ken Wakui
Duração: 1 temporada