[Atenção: artigo contém spoilers de Viúva Negra e Falcão e o Soldado Invernal]
Viúva Negra pode até ser uma viagem ao passado, mas não há dúvidas de que o lançamento do Marvel Studios tem um impacto importante no futuro do MCU. Sem a participação de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), é verdade, já que seu destino foi selado em Vingadores: Ultimato, mas com sua irmã Yelena Belova (Florence Pugh) desempenhando um papel e tanto. Isso porque, na cena pós-créditos, descobre-se que a espiã foi aliciada pela condessa Valentina Allegra (Julia Louis-Dreyfus), assim como aconteceu com John Walker (Wyatt Russell), o Agente Americano, ao final de Falcão e o Soldado Invernal. Com que objetivo, ainda não se sabe, mas dificilmente estes serão seus únicos recrutas.
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Com tantos recursos à sua disposição e agindo de maneira tão sorrateira, tudo leva a crer que Val está montando a sua própria equipe de notáveis, selecionando pessoas tão habilidosas quanto os Vingadores, mas que talvez tenham uma moral mais maleável -- ou, no mínimo, tenham um ponto sensível que possa ser manipulado, como é a morte de Natasha para Yelena.
Enquanto tudo está ainda muito no ar nos filmes e séries da Casa das Ideias, os quadrinhos podem ser uma boa fonte para esclarecer os próximos passos da fase 4. Se Val está de fato montando uma espécie de Vingadores às avessas, que equipe seria essa?
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Vem aí os Thunderbolts?
Quando veio a confirmação de que Julia Louis-Dreyfus apareceria também em Viúva Negra, uma das primeiras hipóteses levantadas foi que ela estaria montando a versão do MCU dos Thunderbolts.
Introduzida em O Incrível Hulk #449, em 1997, a equipe de heróis inéditos parecia ser a esperança de um mundo em que os Vingadores e o Quarteto Fantástico estavam ausentes. Eles prometiam "Justiça... Como um raio!" e não tinham conexões com o governo, nem se consideravam heróis. Como bem disse o Cidadão V, o líder dos Thunderbolts, na ocasião da sua apresentação, eles eram meros "voluntários".
Contudo, no primeiro número de Thunderbolts, se descobriu que eles definitivamente não eram substitutos dos heróis mais poderosos da Terra. O Cidadão V era, na verdade, um disfarce; o codinome que o Barão Zemo roubou de uma das vítimas do seu pai na Segunda Guerra Mundial. Já seus colegas eram os super vilões Besouro, Meteorita, Golias, Soprano e Tecno, antigos membros do Mestres do Terror, um time rival dos Vingadores nos anos 1960. Os Thunderbolts foram criados, portanto, não como uma esperança para a população, mas como um meio de Zemo dominar o mundo.
O que Zemo não contava era que seus colegas poderiam se virar contra ele. Quando eles entenderam que seu líder não foi transparente sobre toda a extensão dos seus planos, o time se rachou. Ficaram ao lado dele apenas Tecno e Meteorita, mas nem assim o barão conseguiu realizar suas ambições. Ao final, não apenas Zemo foi derrotado, como os membros restantes dos Thunderbolts decidiram agir de fato como heróis. Agora, porém, com o nome associado ao governo dos Estados Unidos e sob nova direção: a do Gavião Arqueiro, que voltara com os demais Vingadores.
O vácuo de poder aproveitado pelo Barão Zemo nas HQs parece e muito com o cenário observado no MCU nesse início de fase 4. Não há mais Vingadores -- ao menos, não como antes --, o Quarteto Fantástico ainda não foi apresentado aos espectadores e o mundo está um verdadeiro caos após os eventos de Ultimato. Logo, é uma boa oportunidade para que vilões, como parece ser o caso da Val, tentem tirar proveito desse estado de vulnerabilidade geral. Tratando-se de uma personagem tão poderosa, a condessa poderia fazer as vezes do Barão Zemo e explorar a boa vontade de personagens como a Yelena para realizar as suas ambições, sem que eles estivessem completamente a par dos seus planos. Por que não?
Ou seriam eles os Vingadores Sombrios?
Há, porém, outra possibilidade. Considerando que uma das próximas produções da Casa das Ideias é a adaptação de Invasão Secreta, não se pode descartar a hipótese de que Val esteja agindo como Norman Osborn nos quadrinhos e formando os Vingadores Sombrios.
Em um momento de ruptura, no qual os heróis estavam divididos por causa da Guerra Civil e a desconfiança era constante devido à infiltração de Skrulls, o antigo arqui-inimigo do Homem-Aranha se inspirou no programa Thunderbolts -- que, por sua vez, foi inspirado na equipe citada há pouco -- e decidiu colocar alguns vilões confiáveis para lutar contra os alienígenas. Porém, eles não usariam seus codinomes originais, e sim os de heróis consagrados. Por exemplo, Venom era o Teioso. Rocha Lunar era a Ms. Marvel, e assim por diante.
Osborn, assim como o Barão Zemo, tinha objetivos nada generosos com isso. Na realidade, ele também buscava poder. Por isso, quando pessoalmente conseguiu colocar um ponto final na invasão Skrull, ele usou sua recém-conquistada influência para questionar o papel da SHIELD e do seu líder -- na época, Tony Stark. A estratégia se provou bem-sucedida: a agência foi desmantelada e Osborn assumiu uma nova organização, a chamada HAMMER. A sigla em si não significava nada, mas carregava muita autoridade. Não à toa, não apenas Osborn conseguiu um verdadeiro exército de agentes, como montou sua própria equipe de heróis: os Vingadores Sombrios.
Novamente, ele optou por disfarçar vilões como supers. Além dos já mencionados Venom e Rocha Lunar, estavam também o Mercenário como Gavião Arqueiro, e o Daken, o filho do Wolverine, como seu substituto.
Embora tenham encarado algumas ameaças reais, Osborn usou a equipe para eliminar quaisquer pessoas que considerasse um obstáculo em potencial dos seus planos, fossem heróis ou vilões. Ele chegou até a se aliar com Loki e o grupo Cabala para tomar Asgard. A execução, porém, foi catastrófica e culminou na quase destruição do reino, na morte de Loki -- que, mais tarde, reencarnou como Kid Loki -- e também na derrota de Osborn e da sua equipe. Assim como os Thunderbolts, vale notar, eventualmente vieram novas formações, que cruzaram o caminho do John Walker e da equipe originalmente criada por Zemo.
Ainda que os detalhes da formação dos Thunderbolts e dos Vingadores Sombrios sejam bem diferentes, a dinâmica dos dois times é bastante parecida. O ponto central que as distingue é realmente o fato de que o disfarce dos Thunderbolts eram heróis novos, enquanto os Vingadores Sombrios usavam os codinomes dos Vingadores originais.
Talvez esse seja o principal argumento a favor das teorias que afirmam que a fase 4 introduzirá a equipe originalmente criada por Osborn, e não a do Barão Zemo. Afinal, procurar uma contraparte de heróis bem estabelecidos é o que Val está fazendo no MCU. Ainda que nenhum dos recrutas seja abertamente vilanesco, Yelena equivale à Viúva Negra e o Agente Americano ao Capitão. Além disso, a chegada de novos personagens, como Kate Bishop, dá pistas de quem podem ser os potenciais candidatos da condessa para completar seu time.
Não se pode esquecer também que Vingadores Sombrios é um nome muito mais atraente -- e identificável -- para os espectadores ocasionais, que não estão por dentro do que rolou nos quadrinhos e precisam entender quase de imediato as intenções de cada personagem. Logo, isso pode ser decisivo para o nome que a equipe de Val receberá nas próximas produções da Casa das Ideias.
Quer a equipe de Val seja os Thunderbolts ou os Vingadores Sombrios, uma coisa é fato: ela já tem o seu primeiro alvo. Na cena pós-créditos de Viúva Negra, a condessa entrega um tablet com a foto e os dados do Gavião Arqueiro, apontando o Vingador como a próxima missão de Yelena. A jovem espiã, assim como Clint Barton darão as caras em Hawkeye, série do Disney+ com previsão de estreia para o final deste ano. Em outras palavras, talvez não precisemos esperar tanto para obter nossa tão esperada resposta.