Sub-Zero e Liu Kang em Mortal Kombat (1995), de Paul W.S. Anderson

Créditos da imagem: Mortal Kombat (1995)/Divulgação

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Novo Mortal Kombat tem desafio de superar primeiro filme de games que deu certo

Apesar da má reputação das adaptações de jogos, o longa de Paul W.S. Anderson se tornou influente

23.02.2021, às 11H48.
Atualizada em 23.02.2021, ÀS 11H58

Nos próximos anos será bem comum ver adaptações de games nos cinemas e na televisão. Com o ciclo das produções inspiradas em HQs começando a se esgotar, os estúdios estão apostando que os jogos serão a próxima galinha dos ovos de ouro de Hollywood, com um número nunca visto antes de projetos em desenvolvimento, nas mãos de criadores que respeitam o material-base. Um dos melhores exemplos disso é a reação absurda que o novo filme de Mortal Kombat despertou na internet ao lançar seu primeiro trailer, batendo até as expectativas dos próprios produtores. O longa, porém, tem um desafio único: superar a adaptação anterior. Algo não tão comum no mundo das transposições de videogames para o cinema, Mortal Kombat é um dos poucos exemplos que funcionou longe dos gamepads.

Em 1995, meros três anos após o jogo da Midway se tornar um fenômeno dos fliperamas, o diretor Paul W.S. Anderson (O Enigma do Horizonte) levou o sangrento confronto para as telonas. Na época, teve recepção crítica morna e uma bilheteria modesta de US$ 70 milhões (US$ 120 milhões em valores atuais, cerca de R$ 661 milhões). Ao longo dos anos, porém, tornou-se uma das poucas adaptações de games com uma grande base de fãs.

Na tentativa de traduzir a trama e a estética dos jogos para o público geral, o Mortal Kombat de 1995 é altamente irônico, sem medo de rir dos próprios defeitos. Seja no humor pastelão ou nas coreografias exageradas (e bastante questionáveis), é impossível não se divertir. Foi essa percepção, de que o filme não quer ser levado tão a sério, que o tornou um verdadeiro clássico cult, no melhor estilo queridinho da Sessão da Tarde. Aliás, não é exagero chamar a obra de Paul W.S. Anderson de influente. O longa não só rendeu uma carreira para o cineasta no ramo de adaptações de games, comandando uma controversa mas altamente lucrativa franquia de Resident Evil nas telonas, como também ajudou a moldar as versões do jogo que vieram depois.

Considerando que as tramas nos games até então eram bastante rudimentares, contadas apenas em textos, Mortal Kombat definiu o grupo de Liu Kang, Johnny Cage e Sonya Blade como os verdadeiros protagonistas do elenco. Além disso, a representação de Kano como um mercenário australiano, vivido por Trevor Goddard, conseguiu redefinir a imagem do personagem nos jogos. O mesmo vale para Shang Tsung. A encarnação do vilão por Cary-Hiroyuki Tagawa é um dos grandes destaques do longa, a ponto de o ator retornar para o papel em Mortal Kombat 11. O game mais recente da NetherRealm, aliás, foi fundo na nostalgia dos fãs, e lançou um pacote de skins com a volta de Bridgette Wilson como Sonya Blade, Linden Ashby como Johnny Cage, e Christopher Lambert como o lorde Raiden.

Mortal Kombat de 2021 será melhor que sua versão de 1995? Há grandes chances. A produção, com envolvimento de James Wan, parece querer se manter altamente fiel ao material-base, além de entregar violência gráfica e boas cenas de ação com um elenco treinado em artes marciais. Mas com Hollywood cada vez mais abraçando os videogames, a obra de Paul W.S. Anderson, com toda sua breguice e uma das músicas-tema mais marcantes e dançantes do cinema, não pode cair no esquecimento como a primeira adaptação de jogos que realmente deu certo.

O novo filme de Mortal Kombat chega aos cinemas brasileiros em 15 de abril.

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