Antes de Mulher-Maravilha, que chega hoje aos cinemas (leia a crítica), Patty Jenkins quase comandou outra história de super-herói: Thor: O Mundo Sombrio. A diretora, porém, deixou a produção por diferenças criativas e Alan Taylor (Game of Thrones) assumiu o longa da Marvel.
Segundo Jenkins, a saída aconteceu porque sua visão para o filme não se encaixava nas necessidades do Universo Cinematográfico da Marvel. "Minha visão não era a mais correta para o que eles decidiram que precisavam fazer. Queria fazer algo para parecido com o arco de Mulher-Maravilha naquele filme e eles inicialmente gostaram e ficaram muito empolgados. Mas quando já estava lá, perceberam que o universo em volta do filme mudara e mudara o que eles precisavam fazer. Senti que não era a pessoa certa para aquela história, que era completamente diferente de mim", explicou a diretora em entrevista ao Omelete.
O Thor 2 da cineasta seria uma "ópera espacial à la Romeu e Julieta que se desdobrava na separação de Thor e Jane Foster" (via Indiewire). A Marvel, porém, precisava focar sua atenção em uma das Joias do Infinito, o Éter. Jenkins, contudo, diz que ainda se sente grata pelo estúdio ter inicialmente topado a sua ideia: "Não pensaram se eu era um homem ou uma mulher, gostaram da minha visão e queriam realizá-la. Depois eu apenas não era a pessoa certa para aquele trabalho e no caso de Mulher-Maravilha eu era".
A decisão de deixar Thor também esteve ligada ao peso de ser a primeira diretora no mundo dos quadrinhos: "Se eu fizesse, não posso negar que representaria outras diretoras e isso seria ruim para todo mundo. Por mais devastador que fosse, também fiquei 'Meu Deus, não posso fazer algo em que não acredito em uma escala tão grande'. Sabia que estaria definindo não só a mim, como outras diretoras", disse ao Indiewire.
Ironicamente, Jenkins foi contratada para comandar Mulher-Maravilha depois que a diretora Michelle MacLaren deixou o projeto também por diferenças criativas. Na época, o estúdio e MacLaren não entraram em um acordo nem sobre a época em o filme se passaria e existia até a possibilidade da heroína ganhar como companheiro um tigre falante (saiba mais). Já a visão de Patty Jenkins era exatamente o que a Warner queria ouvir: "Thor era muito mais complicado, não por causa da Marvel ou por minha causa, mas por tudo envolvido. Enquanto em Mulher-Maravilha foi simples. Pensei em fazer esse filme por muito tempo e se o estúdio queria fazer uma história de origem da Mulher-Maravilha, eu também queria. Tínhamos uma linguagem em comum".
Além disso, a experiência "frustrante" com o deus do trovão preparou a diretora, vinda do indie Monster: Desejo Assassino (filme sobre uma serial killer que rendeu um Oscar para Charlize Theron), para lidar com as demandas de uma produção de grande orçamento: "O aprendizado de passar por Thor foi ótimo. Cada momento acabou ajudando no que estava fazendo em Mulher-Maravilha". Isso significou, por exemplo, saber como argumentar com o estúdio para garantir a realização de uma das cenas mais marcantes do filme, quando Diana encara sozinha a "terra de ninguém" - entenda.
Jenkins agora celebra a chegada de Mulher-Maravilha aos cinemas com uma leva de críticas positivas (leia a nossa) e se prepara para uma possível surpresa nas bilheterias, já que a expectativa é que o filme supere as projeções iniciais do estúdio (saiba mais).