Ao mesmo tempo em que refaz sua parceria com Justin Timberlake, iniciada em "Can't Stop the Feeling", o diretor Mark Romanek retorna no vídeo de "Filthy" ao mundo dos videoclipes, que ele frequente esporadicamente e de onde saiu para dirigir longas como Retratos de uma Obsessão e Não me Abandone Jamais. Ao longo dos anos 1990, Romanek ajudou a definir uma estética clean, industrial e futurista que marcou clipes do período (e volta agora de certa forma em "Filthy"). Na galeria abaixo, veja os principais:
"Rain"
O videoclipe de 1993 é famoso por apresentar a nova persona de Madonna no período, com o cabelo preto curto e postura fria, num projeto de androginia que negava o apelo sadomasoquista que marcou o início da divulgação do álbum Erotica (do qual "Rain" faz parte e que veio acompanhado do livro SEX e do filme Corpo em Evidência na cobertura da mídia na época). A elogiada direção de fotografia é de Harris Savides, que depois se consagraria em filmes de James Gray, Gus van Sant e David Fincher. Assista ao clipe.
"Closer"
A parceria reiterada de Mark Romanek com a banda Nine Inch Nails definiu e catapultou a carreira do diretor, a partir de "Closer", de 1994. Criticado na época por seu teor supostamente macabro, o vídeo ajudou a pautar boa parte da estética que se imporia no audiovisual americano na segunda metade da década, de Clube da Luta a Matrix, e influenciaria a música e o visual de artistas como Prodigy e Marilyn Manson. Assim como o vídeo de "Bedtime Story", o clipe de "Closer" de Romanek integra a coleção permanente do MoMA. Assista ao clipe.
"Scream"
Habituado a trabalhar com diretores notáveis em seus videoclipes, cheios de conceitos, Michael Jackson se associou a Romanek no premiado clipe espacial de "Scream", um dos muito clipes de túnel de vento do período, uma mania noventista. Por "Scream", que custou expressivos US$7 milhões para ser feito em 1996, Romanek ganhou seu primeiro Grammy (ele ganharia em 1998 outro com Janet Jackson, a irmã de Michael que colabora em "Scream"). Assista ao clipe.
"Devil's Haircut"
Embora não seja uma superprodução (como o clipe de "Cochise" que Romanek gravou para o Audioslave gastando o que podia em fogos de artifício), o vídeo de "Devil's Haircut" marcou o auge da carreira de Beck e tinha vários cacoetes de fotografia e edição que seriam marcas do cinema independente "cool" da época, de filmes como Trainspotting. Não por acaso, "Devil's Haircut" ganhou o VMA de melhor montagem em 1997. Assista ao clipe.
"Hurt"
Não é uma colaboração com o Nine Inch Nails - pelo menos não pela via tradicional. Quando Johnny Cash lançou o aclamado álbum de covers American IV: The Man Comes Around, a faixa mais celebrada era "Hurt", uma cover de NIN, e Romanek dirigiu um videoclipe (premiado com um Grammy) à altura do sentimento de elegia que a interpretação de Cash transmitia. Assista ao clipe.
"Criminal"
Embora a carreira de Fiona Apple seja bastante sólida entre crítica e fãs, sua imagem no mainstream ficou marcada pelo premiado vídeo de "Criminal": a da cantora ao mesmo tempo lânguida e sensual, que Romanek filma sempre em fuga, com movimentos laterais de câmera e emulando luz noturna. Assim como no caso de "Rain", a fotografia é de Harris Savides (premiada no VMA de 1998), e a estética de "Criminal" também afetou o cinema indie americano feito no fim do milênio e no começo dos anos 2000. Assista ao clipe.