Música

Entrevista

Egyptian Lover | DJ mistura década de 80, funk e sonoridade quente em seus sets

DJ e produtor se apresenta nesta sexta no Red Bull Music Academy Festival SP

02.06.2017, às 17H02.
Atualizada em 02.06.2017, ÀS 19H33

Egyptian Lover é um DJ de 53 anos que carrega em seu DNA parte da história da música eletrônica. Pioneiro do electro rap de Los Angeles, o artista estreia no Brasil e traz para as terras tropicais mais de 30 anos de bagagem musical em um mix entre sonoridades da década de 80 e alguns marcos do funk e da soul music.

Egyptian Lover Red Bull Music Academy Festival

Egyptian Lover é o alter ego de  Greg Broussard, DJ, produtor, dançarino e MC que se apresenta na 1ª edição do Red Bull Music Academy Festival - que começa nesta sexta-feira (2) e vai até o próximo dia 11 em São Paulo - e deve transformar a pista de dança em algo além do imaginado para a cultura clubber atual. Greg, não só toca música em seus sets, mas também canta, dança e entretém, algo marcante em sua carreira.

O produtor que afirma ter criado seu nome artístico a partir da união entre seu amor pelo faraó egípcio, King Tut (“Me facina a ideia de ser enterrado com todo aquele ouro e ter seu próprio império ainda jovem”) mais o ator do cinema mudo Rudolph Valentino,  toca nesta sexta (2) na Audio Club e em conversa exclusiva com o Omelete falou sobre sua música, a vontade de se apresentar no Brasil e o porquê de usar os mesmos equipamentos para tocar desde a década de oitenta. Leia mais abaixo.

Broussard, antes de assumir as pick-ups, foi dançarino nas festas de Los Angeles, algo que ele considera primordial para compreender a dinâmica da pista até os dias de hoje. “A dança me fez entender o que eu queria ouvir como DJ e como DJ eu toco as músicas que eu gostaria de ouvir e dançar. Então, eu ouvia uma faixa várias vezes porque eu sempre queria encontrar o melhor dela e isso fez com que a minha experiência como DJ fosse melhor”.

A partir do momento em que Egyptian assumiu os decks, talvez ele não acreditasse que seu som se tornaria algo tão característico, capaz de influênciar e se transformar em parâmetro para novas gerações. Fatores que, sem dúvida, influenciam amantes das pistas e também profissionais da música em todo o mundo, detalhe que ele confessa ser maravilhoso: “Eu fui influenciado por Kraftwerk, e muitos outros artistas da época. Eu me sinto muito bem por poder dar isso de volta e ser uma ponte para que eles [as novas audiências] conheçam essas influências”, e segue, “Até porque, quem ouve a minha música pode estar ouvindo minhas influências sem nem ao menos conhecer quais são. E isso, às vezes, possibilita às pessoas mais novas ouvir o meu som trabalhando em conjunto com essas referências, ao mesmo tempo”, enfatiza.

Lover também comenta que suas influências e suas sonoridades conseguem conversar com músicas novas e antigas. Isso fica claro graças ao frescor que suas faixas apresentam mesmo utilizando elementos da década de oitenta, o que não permite que a música soe ultrapassada. Lover justifica isso comentando que a música e suas fases continuam caminhando, evoluindo. ”Quando eu ouço algo novo eu também sou influenciado por uma série de fatores desse som e depois eu passo para as minhas criações”.

Influências
E claro, com uma sonoridade tão específica e de características tão marcantes, Lover comenta que grande parte do que influencia seu som - “80%” - vem da música dos anos 80. “Quando eu vejo um DJ tocando, eu também sou influenciado pelo que ele está tocando. Quando eu faço um show hoje e as pessoas reagem a esses sons que me influenciaram da mesma forma que eu reajo é incrível". Ele destaca uma dessas experiências, "Uma vez eu estava tocando um disco de Jimmy Edgar e a galera foi à loucura, da mesma forma que eu ficava maluco com a mesma parte do disco”.

O produtor também confessa que nem só o som de um artista é importante para fazer com que ele preste atenção no que está sendo tocado: “O principal, pra mim, é o DJ agitar a galera. Existem diversos grupos que são interessantes e que me influenciam na forma em que eles mixam as coisas. Mas quando esses DJ’s agitam a galera, eles agitam a galera. E é isso que me influencia, sempre”.

Lover fala isso com propriedade, já que além de DJ e produtor, ele também é MC e dançarino, detalhes que transformam suas performances em algo muito além do básico. Sobre isso ele faz questão de enfatizar que todo mundo é diferente: “Uns DJ’s entretêm e outros só tocam a música. É como comparar Barbra Streisand e Beyoncé. Barbra canta muito, mas você não pode pedir pra ela dançar como a Beyoncé. Então você pode entreter a audiência ou só tocar a sua música. E eu volto a repetir, se você abala a galera, você abala a galera”, e segue, “[...] eu entretenho a galera e eu não sou só um DJ. Eu sou também um rapper, um beatmaker, um produtor e um dançarino. Esse é o meu estilo. Existem outros DJ´s, com outro estilo, que também podem enlouquecer a galera da sua forma. Então, o negócio é ser você mesmo, e enlouquecer a galera da sua forma. Desde que você faça todo mundo dançar com a sua música, está tudo certo”.

30 anos de estrada fazendo a galera dançar
Eu amo fazer isso!”. É assim que Lover responde quando perguntado sobre a rotina de ser DJ. Sua resposta foge do padrão, já que não é difícil encontrar profissionais que destacam a saudade da família e o cansaço por excesso de viagens. “Eu faço isso porque eu amo e eu vou continuar fazendo até eu não conseguir mais”.

Sobre as viagens e a saudade de casa, ele confessa que passa bastante tempo com sua família quando não está em estúdio ou viajando. “Eu amo viajar. Viajar muito não é um problema pra mim, eu adoro ver o mundo, tocar e estar de férias. Todos os DJs amam tocar, nós faríamos isso de graça, nós amamos estar lá [na cabine], nós amamos tocar para a galera, e estar no mundo fazendo isso é incrível. Eu sou muito feliz por ter um emprego como esse, ver o mundo e tocar ao mesmo tempo”.

Lover justifica ainda que o combustível para se manter na ativa por tanto tempo, assim como o seu amor pelo que faz, é o amor das pessoas por seu trabalho. “As pessoas continuam amando isso, então eu continuo fazendo música. Quando eles ouvem um disco novo, eles encontram algumas similaridades e dizem: ‘Sim, são 35 anos de referências’. E isso é muito bacana. Eu sou quem eu sou e isso é simples”.

Suas peculiaridades sonoras
Egyptian Lover entre as diversas peculiaridades de sua carreira, tem como marca registrada fazer seu set ao vivo com praticamente os mesmos equipamentos que utilizava no início da carreira, em 1983: Um TR-808, um Vocoder, um Roland SVC 350, e um Jupiter 8. Sobre a escolha de permanecer analógico, o produtor comenta que isso acontece porque essas peças têm sons mais “quentes” e apelam mais para os sentidos auditivos. “Elas fazem com que eu me sinta bem e também fazem com que as pessoas se sintam bem quando escutam esses sons na pista de dança. Quando você ouve um beat do 808, ele soa muito suave, não agride os ouvidos, é de fácil audição. É tipo uma batida do coração, uma faixa do coração. Na old school não tem nada que possa ser comparado a isso”.

Egyptian Lover encerra a entrevista confessando que está ansioso para ver os brasileiros dançando. “Eu mal posso esperar para ver essa galera em ação quando eu  tocar o 808. Brasileiros se preparem para dançar muito comigo”.

Egyptian Lover se apresenta nesta sexta-feira (2) na Audio Club em São Paulo e os ingressos estão disponíveis somente para venda na porta do clube, na Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca. Saiba mais no site oficial do evento.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.