Red Hot Chilli Peppers atravessa décadas em show pulsante e com a alma da banda

Créditos da imagem: Jorge Corrêa/Omelete

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Red Hot Chilli Peppers atravessa décadas em show pulsante e com a alma da banda

Volta de Frusciante à banda traz memórias musicais que reverberaram no Morumbi lotado

Omelete
2 min de leitura
11.11.2023, às 00H31.
Atualizada em 11.11.2023, ÀS 09H40

Sem muito medo de entregar minha idade, meu primeiro show do Red Hot Chilli Peppers foi em outubro de 2002 e tive uma epifania. Era começo da turnê de By The Way e ainda tínhamos o Californication fresco na memória. Consigo sentir meus pés saindo involuntariamente do chão do antigo Pacaembu na primeira música. Desde então, fui em mais dois ou três apresentações deles, mas sem se aproximar da mesma experiência - claro que a memória afetiva do primeiro tem um grande peso.

Mas o estádio do Morumbi lotado viu, na noite da última sexta (10), algo que se aproximou daquele sentimento de 21 anos antes. Na terceira apresentação brasileira da turnê Global Stadium, a banda atravessou suas mais de quatro décadas de história em duas horas que passaram como se eles fossem os jovens que trouxeram o frescor californiano ao rock nos anos 1980 e 1990 - nem mesmo um pé imobilizado tirou a animação de Anthony Kiedis, por exemplo.

Tudo parecia encaixado como nas fases de ouro dos álbuns Mother’s Milk e Blood Sugar Sex Magic ou da trinca Californication-By The Way-Stadium Arcadium. E o segredo para isso tem nome e sobrenome: John Frusciante. Depois de 10 anos longe da banda, ele voltou em 2019 e desde então eles lançaram dois álbuns (Unlimited Love e Return of the Dream Canteen), reencontrando o caminho que os levou ao sucesso com o grande público.

Jorge Corrêa/Omelete

Quando se juntam Anthony Kiedis, John Frusciante, Flea e Chad Smith (a formação mais clássica do Red Hot) é como se fossem quatro amigos se divertindo juntos com seus instrumentos. A diferença é que 50 mil sortudos puderam ver essa jam em São Paulo. A química, o entrosamento e a vibe dos quatro juntos faz parecer que tem uma big band no palco, algo raro de se ver até mesmo nas mais longevas bandas do rock.

O set list passou por clássicos dos anos 1980/90 como Soul to Squeeze, Under the Bridge e Give it Away, trouxe um caminhão de hits do começo dos anos 2000 (Can’t Stop, Californication, Parallel Universe, By The Way…) e ainda brindou o público com as recentes Here Ever After, Eddie e Black Summer - mas em momento algum você consegue falar que qualquer uma das músicas podem soar datadas.

Ficou claro que, com essa formação, os fãs do Red Hot Chilli Peppers ainda vão ver a banda brilhar pelos palcos do mundo sem os quatro parecerem fazer covers de si mesmos ou que estão ali apenas pelo dinheiro. A música e o rock californiano pulsa e une eles.

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