2024 é um ano "fraco" para o cinema se você olhar para qualquer viés que não seja o da qualidade. Analistas de mercado vivem apontando os fracassos na bilheteria, experts em Oscar já notam a falta de um Oppenheimer na corrida deste ano, mas deixe o dinheiro e os prêmios de lado e você verá que há bastante para celebrar.
E afinal de contas, não é isso que importa? Qualidade. O que mais queremos é ter filmes bons. Talvez 2024 não tenha tantos títulos excelentes quanto 2023, mas basta olhar para a lista abaixo para ver que não faltam boas opções, e de todo tipo. Dramas nacionais. Meditações japonesas. Blockbusters explosivos. Indies de arrasar. Animações emocionantes.
Variedade, na verdade, é a segunda coisa que mais desejamos depois da qualidade, e a lista do Omelhor dos Top 10 filmes de 2024 reflete tudo isso. Abaixo, listamos os melhores filmes do ano.
Nota do editor: Nosso critério para determinar quais filmes estavam elegíveis para essa lista foi o seguinte: produções de 2024 que tenham distribuição no Brasil, e tenham sido lançados na maioria dos mercados em 2024. Há apenas um filme que entra em cartaz em 2025 aqui, mas ele segue presente por três razões: já teve múltiplas exibições para o público no Brasil, foi adiado para janeiro apenas porque deve ser indicado ao Oscar e, acima de tudo, nos parece impossível falar de 2024 sem aquele que provavelmente será seu filme mais elogiado.
Há também o caso de um filme que foi exibido em festivais no ano de 2023, mas o colocamos na lista porque sua estreia (tanto no Brasil quanto em seu país natal) em cinemas foi em 2024. Por fim, vale dizer que coisas como Zona de Interesse e Anatomia de uma Queda foram considerados como filmes de 2023 e, portanto, não estão aqui.
---
Essa lista faz parte do “OMELHOR”, a eleição do Omelete para os melhores do ano, e é um oferecimento Ourocard Banco do Brasil, que traz uma série de benefícios para tornar o seu ano ainda mais proveitoso.
Com o Ourocard você não precisa solicitar cashback, pois ele já cai direto na sua conta! Além disso, os gift cards que você compra no BB voltam como cashback também! Você não paga anuidade e ainda pode entrar na pré-venda de ingressos para a CCXP25 e conseguir descontos exclusivos.
Se você ainda não acha suficiente, saiba que o Oucard permite parcelamento de compras feitas à vista e te oferece pré-venda exclusiva e descontos em inúmeros shows e festivais.
Aproveita para virar cliente Ourocard Banco do Brasil agora - clique aqui.
10. Robô Selvagem
Quando assisti a Robô Selvagem, no Festival de Toronto, eu não estava esperando cair no choro na metade dessa animação da Dreamworks. Mais ainda, eu não estava pronto para ver uma sala cheia de jornalistas terminar a sessão com todo mundo com os olhos inchados de emoção. A incrível animação do estúdio traz uma evolução no estilo que fez sucesso em O Gato de Botas 2, colocando verdadeiras obras de arte na tela. Junta-se a isso um incrível elenco de voz com Lupita Nyong’o, Pedro Pascal e Kit Connor brilhando junto com vários outros nomes famosos. Uma história sobre pertencimento, amor e maternidade. A melhor animação do ano. - Alexandre Almeida. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para aluguel no Google Play, Apple TV e Prime Video.
9. Um Homem Diferente
Quantas vezes dá pra dobrar um papel? Quantas vezes você pode complicar uma premissa? Um Homem Diferente é uma exploração dos limites do gosto, constantemente se recusando a deixar o público em qualquer zona de conforto e tirando um delicioso humor macabro do efeito de nos deixar na incerteza. Ver a dinâmica que se revela entre os personagens de Sebastian Stan, Renate Reinsve e do elétrico Adam Pearson é questionar repetidas vezes nossa posição sobre temas como apropriação e representatividade, mas a beleza do filme de Aaron Schimberg reside em sua capacidade de deixar tudo isso perversamente divertido. - Guilherme Jacobs. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Em cartaz nos cinemas.
8. O Mal Não Existe
Chegar no Oscar como um penetra com seu Drive my Car (2021) e reviver nos americanos o calafrio de perder para o sul-coreano Parasita (2019) está longe de afetar Ryusuke Hamaguchi - pelo menos é o que sugere O Mal não Existe, o longa que o diretor e roteirista japonês lançou em 2023 depois da consagração em 2021, que incluiu ainda um prêmio em Berlim para o seu Roda do Destino. Na comparação com esses dois filmes, O Mal Não Existe pode parecer anticlimático, dada a proposta enxuta e direta sem tramas paralelas de coincidências ou motivos textuais mais evidentes. Isso não impede que o drama, que se converte em suspense de forma absolutamente insuspeita, crie suas próprias imagens de fôlego, carregadas de porosidade. Um pequeno ensaio anti-rousseauniano em favor de olhar ética e artisticamente o mundo não como uma natureza-morta mas como uma obra em movimento. - Marcelo Hessel. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming na MUBI.
7. Assassino por Acaso
Seja na trilogia Antes, na dobradinha de Jovens Loucos e Rebeldes ou em Boyhood, Richard Linklater sempre esteve interessado em explorar a ideia de identidade. Mais especificamente, ele gosta de entender como nossa identidade muda (ou não) com o efeito do tempo. Assassino por Acaso leva essa ideia ao seu estado mais divertido ao virar o jogo: podemos, nós mesmos, escolher mudar quem somos? Com um suspense hilário, a história perfeita e a química molecular de Glen Powell e Adria Arjona, o cineasta diverte tanto quanto instiga. - Guilherme Jacobs. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming no Prime Video.
6. Duna: Parte 2
Quando Denis Villeneuve subiu ao palco da CCXP23 no ano passado e mostrou a primeira cena de Paul Atreides (Timotheé Chalamet) subindo em um verme de areia, o que já parecia grandioso em Duna, apontava para o épico na Parte 2. E nada foi diferente quando o filme estreou. Maior, mais bem resolvido e com o protagonista preparado para, enfim, encarar a melhor parte de seu arco, Duna: Parte 2 parece o tipo de cinema blockbuster que pouco vemos ganhar popularidade hoje em dia. Uma obra com os mínimos detalhes pensados. Da fotografia de Greig Fraser ao tema romântico de Hans Zimmer, passando pelos figurinos e as cenas de ação, tudo se encaixa perfeitamente para encerrar essa primeira jornada do Lisan al-Gaib. Mesmo que Duna: Messias nunca existisse - e já sabemos que vem aí - tudo já teria valido a pena aqui. - Alexandre Almeida. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming na Max.
5. Ainda Estou Aqui
Poucos sabiam sobre a existência desse filme quando 2024 começou. O ano chega ao fim com Ainda Estou Aqui sendo um dos filmes mais procurados nos cinemas do Brasil, com Fernanda Torres estampando as páginas das revistas mais importantes sobre cinema, com o prêmio de melhor roteiro em Veneza e a certeza que veremos o Brasil novamente na premiação mais famosa do cinema: o Oscar. Mas acima disso, Ainda Estou Aqui é uma história tocante, sobre uma mãe que precisa cuidar da família depois que um dos pilares centrais é retirado à força e nunca mais volta. É na solidão, no olhar e nos momentos mais silenciosos, que a Eunice de Fernanda Torres nos comove. As cenas da sorveteria (após o sumiço de Rubens) e a do slide de fotos estão entre os grandes momentos do cinema no ano. Assisti ao filme duas vezes e ambas em exibições internacionais do filme. A universalidade da história e a atuação de Torres conquistaram os presentes e se mostram como grande trunfo para Ainda Estou Aqui brilhar pelo mundo. - Alexandre Almeida. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Em cartaz nos cinemas.
4. Furiosa: Uma Saga Mad Max
Parecia óbvio, desde que vi Furiosa: Uma Saga Mad Max, que o novo longa de George Miller na franquia seria recebido com muito mais frieza do que seu antecessor. Estrada da Fúria, afinal, é muito mais fácil de se vender (um épico de ação com efeitos práticos que é quase uma perseguição motorizada ininterrupta!) do que Furiosa, que se estrutura como uma ópera em cinco movimentos mas também se apoia muito em uma abordagem frontal de gênero - trama de vingança, vilão melodramático (Chris Hemsworth em seu melhor), fotografia digital hiper-saturada. Supercine com pedigree, enfim, e um toque de misticismo, uma relação oblíqua com o tempo, que persegue Miller desde Era Uma Vez um Gênio. Difícil de vender, talvez, mas fascinante como expressão artística, e uma linda noite no cinema. - Caio Coletti. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming no Max.
3. A Substância
Perceber a vitalidade de A Substância como cinema não é difícil - mas talvez tenha sido lá pelo começo do terceiro ato, quando o conflito entre Elizabeth (Demi Moore) e seu “eu” mais jovem, Sue (Margaret Qualley), se transforma em uma paródia grotesca e doída de relação mãe-e-filha, que tenha ficado claro para mim o alcance retórico absurdo da obra de Coralie Fargeat. Preencher 2h20 de cinema-provocação não é fácil, mas Fargeat tem munição para continuar cutucando, distorcendo, questionando e confrontando durante esse tempo todo. A Substância aposta tudo na consciência aguda que sua diretora e roteirista tem da linguagem do gênero em que está inserida, e do que nossa relação com essa linguagem tem de mais tóxico e mais recompensador. É uma aposta alta, mas que dá retornos fartos. - Caio Coletti. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming na MUBI.
2. Rivais
Fazia muito tempo que eu não saía saltitante do cinema, como saí da minha sessão de Rivais. Eu uso “saltitante” pela falta de uma palavra mais rebuscada para definir a euforia que Luca Guadagnino e seus colaboradores induzem nesse quase-thriller quase-erótico ambientado no mundo do tênis profissional, uma história inteiramente apoiada em relacionamentos e na dificuldade de entendê-los para além de uma lógica de competitividade e sucesso que contamina cada canto da vida desses atletas - mas será que não contamina também a nossa? Rivais é uma manipulação, é claro, do suor pingando em câmera lenta do rosto de Josh O'Connor aos sintetizadores opressivos da trilha de Trent Reznor e Atticus Ross… mas longe de mim implicar que essa manipulação seja algo além de fabulosamente bem sucedida. Eu não saltito por aí à toa. - Caio Coletti. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Disponível para streaming no Prime Video.
1. Anora
Vivemos na sociedade do corre. Todo mundo faz Uber, iFood, pega frilas, enfim. Complementamos a renda como podemos. Sempre interessado em refletir o contemporâneo através dos mais improváveis protagonistas, Sean Baker reconhece a ansiedade dessa existência frenética em Anora, e com a história da stripper de uma magnética Mikey Madison e seu casamento com um herdeiro de gângsteres russos (e as tentativas de seus pais de anular essa união), ele nos coloca na pele de alguém que vê uma chance de, enfim, parar de se preocupar com o próximo boleto. Anora é genuinamente hilário, frenético e empolgante, mas jamais esquece a dura verdade de sua história. Não há como vencer o sistema. - Guilherme Jacobs. Leia nossa crítica.
Onde assistir: Exibido na Mostra SP. Em cartaz a partir de 23 de janeiro.