É, caro omelenauta! Parece brincadeira, mas essa tosqueira aconteceu mesmo.
Em julho de 1982, nas páginas de DC Comics presents 47, o Homem de Aço e o Defensor de Etérnia trocaram sopapos em um típico crossover caça-níquel que, de vez em quando, a DC aprontava.
A bagaceira começou mostrando um típico dia em Etérnia, com um príncipe Adam bem diferente daquele do que conhecemos da TV, tendo aulas de combate com o chefe da guarda do rei, Mentor. Versão light do Conan, o filho do rei não estava nem aí com seu treinamento e só queria saber de farra. Pouco depois, o leitor era levado à cidade de Metrópolis, na Terra, onde Clark Kent, em sua versão anterior à reformulação de John Byrne, apresentava o telejornal da WGBS. Não tardou e ele já estava em pleno vôo como o Super-Homem.
Novo corte. Adam e seu felino, Pacato, estavam agora em uma taverna, quebrando a cara de algum valentão. Ao fim da briga, um falcão-mensageiro, a mando da Feiticeira, convocou o príncipe à Caverna do Poder. Sem a menor cerimônia, ao recebê-los, ela transformou o rapaz e seu mascote em He-Man e Gato Guerreiro. É isso mesmo! Nada de raios vindo do céu, nem de espada do poder e muito menos de Pelos poderes de Grayskull. Quer coisa mais anticlimática?
De acordo com a Feiticeira, o Esqueleto e o Homem-Fera tinham se apossado da Espada do Poder e pretendiam invadir o Castelo de Grayskull. Dito e feito. Porém, no exato momento em que usou arma mística, o vilão inadvertidamente liberou uma energia que criou um portal em Metrópolis.
Advinha quem se teleportou pra Etérnia sem escalas.
Biduzão!!
O kryptoniano, então, partiu pra cima dos dois coisas ruins, mas foi parar longe com uma rajada da Espada do Poder. Pra ninguém reclamar que faltava obviedades, com tanto lugar pra cair, o Azulão se estatelou bem na frente do He-Man. Um rápido bate-papo esclareceu quem era quem e ambos partiram, já amiguinhos, rumo ao castelo.
A propósito, como é que toda essa moçada se entendia? Mesmo originários de outro continuum espaço-tempo, não tinha um que não falesse inglês fluente. Alguém me descola o endereço desse curso por correspondência?
Juntos, o Homem de Aço e o Campeão de Etérnia investiram contra o Esqueleto, auxiliados pelo Mentor, que apareceu só Deus sabe de onde. Infelizmente, a espada do bandidão tinha mil e uma utilidades e fez o kryptoniano ficar sob seu poder. Essa é a deixa pra obrigatória cena de briga de heróis em todo crossover mequetrefe que (não) se preze. He-Man levou um cacete federal. No entanto, o Super, na hora em que ia invadir Grayskull comandado pelo vilão, livrou-se de seu domínio e derrotou o safado.
Como pouco clichê é bobagem, o canalha escapou, o Super-Homem visualizou outro portal espaço-temporal e despediu-se, jurando amizade eterna ao herói de cabelo tigelinha. Bléargh! Pior do que isso só de eles se dessem as mãos e caminhassem juntinhos rumo ao horizonte.
Eis aí uma história que, com certeza, o roteirista Paul Kupperberg, o desenhista Curt Swan, o arte-finalista Mike DeCarlo e o colorista Gene DAngelo querem apagar da memória. Os fãs, não tenha dúvida, já o fizeram.