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Entrevista

Gigantes de Aço | Omelete entrevista Hugh Jackman

Ator fala de boxe, robôs, 3D e o aguardado Wolverine 2

20.10.2011, às 00H22.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Nosso correspondente em Los Angeles e editor do site parceiro Collider, Steve Weintraub, conversou com o ator Hugh Jackman sobre Gigantes de Aço, filme que estreia nessa sexta (21) no Brasil. Na trama, Jackman interpreta um boxeador fracassado em um mundo onde o boxe entre humanos foi proibido e robôs humanoides pesos-pesados assumem os ringues. Na busca por redenção, Charlie e o filho Max (Dakota Goyo) encontram no robô sucata Atom a chance de treinar um campeão.  A história se passa em 2020 e é baseada em um conto escrito por Richard Matheson, também adaptado em um episódio de Além da Imaginação. A direção é de Shawn Levy (Uma Noite no Museu 2).

Os Gigantes de Aço

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Gigantes de Aço

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Gigantes de Aço

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Gigantes de Aço

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Gigantes de Aço

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Gigantes de Aço

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Você pode falar sobre a locação principal [uma fábrica da Ford, em Michigan]? Como foi a sensação ao entrar no set?

Meu primeiro pensamento foi que ninguém vai acreditar que não é CGI. Todos vão pensar que é feito por computador. Parece tão incrível. (...) E eu acho que vai ser a mesma coisa com os robôs, porque nós temos robôs que são parte de verdade e parte CGI. É realmente excitante. (...) Eles são inacreditáveis. As pessoas vão pensar que é CGI, mas faz muita diferença para nós, atores, e para a aparência do filme como um todo. E eu acho que o que Shawn Levy fez brilhantemente foi criar um mundo bem real, bem áspero, bem atemporal, no qual robôs são algo comum. O que vai acontecer é que toda criança ficará triste que não seja real porque é tão divertido e você poderia facilmente acreditar que esse é o maior esporte do mundo.

Qual o efeito disso para você como ator? Certamente te dá mais com o que trabalhar. Você pode falar sobre essa experiência?

É claro que faz com que seja muito mais fácil, especialmente para o Dakota (Goyo), que é mais novo e ainda não tem muita experiência com CGI... Eu tive um pouco mais de experiência com esse tipo de coisa, mas nada pode substituir aquele sentimento de verdadeira admiração. Uma espécie de choque... Quando nós vimos esses robôs pela primeira vez, meu queixo caiu. Eles eram incríveis. Eu acho que os figurantes ficaram impressionados. E eu acho que principalmente quando você está trabalhando com close-ups faz uma grande diferença essa base real.

Você conhecia o conto de Richard Matheson antes de começar a filmar?

Eu, na verdade, não li até estarmos na segunda semana de filmagem. Foi Don Murphy [produtor] que deu ele para mim. Ele disse, “Você leu, certo?”. Eu disse, “Na verdade, não, eu não li, mas eu vi o episódio de Além da Imaginação”. Então, foi ótimo ter lido. Eu deveria ter lido antes de começar. Tem coisas muito boas ali. É incrível. Ele era um grande escritor. Eu quero ler mais do trabalho dele.

Depois de ter lido, houve alguma coisa no conto ou no episódio de Além da Imaginação que você quis incorporar ao filme ou à sua atuação?

Não. Talvez por conta da coisa com o Wolverine, eu acho que as pessoas ficaram muito presas a isso. É divertido fazer, é bom fazer, mas eu instintivamente penso na pessoa que só veio se divertir no cinema e que não sabe nada sobre isso. Se nós ficarmos muito preocupados como as referências, as pessoas ficam com a impressão de que foram excluídas de algo. Se você está em uma sessão e todos começam a rir e você não sabe o porquê, de alguma forma se sente excluído da festa, ou como se não pertencesse a um circulo íntimo. Como ator, essa é a pior coisa que você pode faze com o público. É divertido, mas você precisa ter cuidado.

Como foi trabalhar com Sugar Ray Leonard [que coreografou as cenas de luta]?

De todas as coisas que ele falou, e foram muitas, a coisa que mais me afetou foi a insistência dele sobre a importância do corner, que é quem eu interpreto. Não tanto o lutador, mas o corner.  Ele falou bastante sobre Angelo Dundee [famoso corner, trabalhou, entre outros, com Sugar Ray e Muhammad Ali] , e como ele era a diferença entre vencer ou perder em algumas lutas. Ele ficava atrás do monitor em algumas cenas, fazendo direita/ esquerda sem parar. Ele olhava e dizia, “Eles só irão acreditar nessas lutas, se você e o corner estiverem conectados. Você precisa ser a força emocional. Você precisa ser a sabedoria. Você precisa ser a espinha dorsal daquele lutador”. Foi um ótimo conselho.

Qual foi o motivo que fez com que você quisesse trabalhar nesse filme?

Eu acho que o arco e a emoção da história. Me lembrou Rocky. Há alguns grandes momentos, é um mundo frio, mas a relação entre Charlie e Max – pai e filho – pareceu bastante real. Bastante... Algo em que eu realmente me agarrei... Eu acho que o público irá sentir isso também. Qualquer um que pense que este é apenas um filme de robôs lutando boxe ficará agradavelmente surpreso. Apesar da ação ser ótima e o visual incrível, a relação com Bailey, interpretada por Evangeline Lilly, é muito mais complexa do que nos filmes comuns. E para mim foi isso que me atraiu. Foi isso que elevou o projeto.

Segundo Shawn, o filme seria 70/30 – 70% personagem/ 30% ação. Você poderia falar um pouco sobre isso? Muita gente pode pensar que esse é um filme essencialmente de ação.

A forma como eu descrevo para as pessoas é Rocky I a VI ou o que quer que seja. Lembra do Rocky I, aquilo era 70/30. Não tinha tantas lutas assim. E nós estamos de alguma forma no mesmo mundo aqui. É realmente uma história guiada pelos personagens. As lutas são inacreditáveis e não apenas “Uau, isso é legal”, mas bastante cativantes e emocionais. Há algumas lutas incríveis no final e imagino que não vai ter um olho sem lágrimas no cinema. Há realmente coisas incríveis, eu diria que é absolutamente correto, 70/30.

O seu personagem tem uma relação complicada com o filho. Como pai, isso foi difícil para você?

Depois de alguns dias, Shawn chamou a mim e Dakota e disse, “Olha, Dakota, você é um garoto bem criado e educado. Hugh, você realmente gosta de crianças. Vocês precisam parar com isso, imediatamente. Vão além. Continuem indo. Eu direi a vocês se forem muito longe.” Houve diversas vezes em que ele gritava corta e eu via Dakota olhando para a sua mãe, como se ele fosse ficar de castigo,“Eles me mandaram dizer isso. Está tudo bem”. Porque obviamente é diferente de quem você normalmente é. Dito isso, eu tenho dois filhos e tem horas que você quer dizer algumas coisas que você não deveria dizer, certo? Foi bom me deixar levar por três meses. Foi uma boa terapia.

Os seus filhos viram o filme?

Eles amaram o filme, meu Deus! É o primeiro dos meus filmes que eles assistem. Se você pensar, não existe nenhum outro realmente indicado para eles, fora algumas animações que eu fiz. Eles não podem esperar para ver de novo. Meu filho disse “Então eu posso beber refrigerante no café da manhã?”. Mas no geral, eles simplesmente mergulharam na história desses robôs e estavam torcendo por eles. Eu vi os dois com lágrimas nos olhos. Minha sogra estava na mesma exibição e ela e minha esposa estavam chorando. Todos amaram. E eu pensava “Isso é ótimo”.

Eles querem um robô em casa agora?

Eles adorariam. Eu adoraria ter um robô em casa. Eu quero o Atom. Eu tentei contrabandear. Foi difícil. É muito pesado e difícil de colocar no porta-malas do carro.

Qual o apelo dos robôs com as crianças?

Eu acho que eles representam poder. Antes de tudo, no nosso filme, você está controlando os robôs e eles têm todo um poder que não existe na vida real. E então, para as crianças, particularmente nesse filme, o salto da imaginação, para os robôs serem vistos como reais, vivos e autônomos, não é distante. Para nós, é claro, há uma grande distância para esse salto. Eu acho que esse é parte do motivo.

Alguns traços de Charlie são similares ao Wolverine. Existe algo que você tenha feito para manter a diferença, fora o fato de ele não ter superpoderes?

Eu entendo o que você quer dizer. Algumas das vulnerabilidades. Eles são pessoas muito, muito diferentes. Certamente a tonalidade, a fala, o jeito que pensam. Wolverine é muito mais estoico. Muito mais quieto.  Guarda tudo dentro de si. E Charlie tem muitas frustrações. E ele falha muitas vezes. Ele tenta e se frustra muitas vezes. Ele é uma daquelas pessoas que acredita que a sorte irá mudar. Uma espécie de poder além dele. E quando as coisas não acontecem assim, ele enlouquece e extravasa. Wolverine é muito mais estoico. Ele tem centenas de anos de dor e é um pouco melhor em lidar com isso.

The Wolverine é o seu próximo filme?

Não, Os Miseráveis. Eu estou fazendo esse. Tom Hooper [O Discurso do Rei] está dirigindo. Isso será no início do ano que vem. Antes disso, eu farei um one-man show na Broadway, e então Wolverine. Então, é um ano eclético.

Existe algum aspecto do Wolverine que você vai explorar dessa vez, que não foi explorado nos filmes anteriores?

Absolutamente. Dessa vez, mais do que qualquer coisa, eu acho que nós realmente acertamos esse personagem. Eu acho que o público, eu e os roteiristas estávamos “Chega de memória perdida com ‘Quem eu sou?’, ‘O que aconteceu no passado’?”. Chega. Eu acho que nós exploramos bastante isso. Agora existe esse grandioso pano de fundo do Japão, que será fantástico para o personagem. O quadrinho foi uma grande fonte de inspiração. E há mais moças nesse filme, o que é uma boa mudança quanto ao último. Era carregado de testosterona.

Você tem uma agenda apertada pela frente, mas tem alguma ideia sobre o que gostaria de ver em uma sequência de Gigantes de Aço?

A primeira coisa que realmente me intriga é que Dakota está agora com 12 anos, e ele provavelmente terá 13 antes que façamos a sequência. É um ser humano completamente diferente de ser um garoto de 10, 11 anos. Não seria ótimo? Ao invés de esconder o fato que ele está ficando mais velho e passando pela adolescência, o que isso acrescentaria a trama? Você tem uma ligação frágil, se você pensar. Eles estão unidos, mas ainda é frágil. É a mesma coisa com Evangeline Lilly. Não é como se eles estivessem no altar casando no final. Tem muita coisa não resolvida. Vamos ver o que acontece com as pressões do sucesso. Quem sabe onde pode ir? Eu espero que nós façamos outro. Mas não vamos pensar sobre isso por enquanto. É como perguntar a um time que está para entrar no Super Bowl, “Você acha que nós vamos chegar ao Super Bowl no próximo ano?”. Não vamos pensar sobre isso.

Gigantes de Aço conta ainda com Evangeline Lilly, Anthony Mackie, Hope Davis, James Rebhorn e Olga Fondo no elenco. Com orçamento de 80 milhões de dólares, o filme tem produção-executiva de Steven Spielberg, Robert Zemeckis, Steve Starkey e Jack Rapke, da ImageMovers.

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